Boa tarde,
Nos idos de 2015, escrevi uma matéria cujo título era “´Fintechs´ começam a contar sua história”. Isso mesmo, com fintechs entre aspas. Esse recursos geralmente é usado para se falar de uma coisa que ninguém ainda sabe o que é, que precisa ser explicada. Nos anos 1990, era comum escrever Internet, com caixa alta, por se tratar de um lugar, um ser novo.
Gosto de achar que fui o primeiro jornalista brasileiro a escrever o termo fintechs, falar sobre essa tendência acontecendo aqui no país. Certamente estou redondamente errado. Mas me deixa feliz pensar isso. Tá ok?
Nesta semana a história de um dos principais nomes desse movimento encerra sua 1ª fase. O Nubank fará sua listagem na Nasdaq na quinta, dia 9. Se criar uma empresa de serviços digitais num mundo de gigantes e alta regulação foi dureza nos últimos 8 anos, o que está por vir não será mais fácil. Agora Nubank e bancos tradicionais jogam na mesma liga. O neobank tem todo glamour das fintechs. Mas vai ter cobrança!
Nos próximos dias vamos ver se os pedacinhos vendidos pela empresa se mostrarão bons investimentos, ou vão ficar esquecidos na gaveta.
Boa leitura e boa semana.
Gustavo, Fabiana e Gabriela
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Semana de 29 de novembro a 5 de Dezembro
RODADAS DE INVESTIMENTO
- A JOKR/Daki levantou uma rodada de US$ 260 milhões e atingiu o status de unicórnio em menos de 1 ano de operação. Uma boa parte dos recursos será usada para expandir a operação da companhia de entregas no Brasil;
- A Glorify levantou uma rodada de US$ 40 milhões com pesos pesado do mercado para se firmar como o maior aplicativo para o público cristão do mundo. O aporte foi liderado pela a16z e acompanhado do SoftBank Latin America Fund e K5Global, além das celebridades Michael Bublé, Corey Gamble, Jason Derulo e Michael Ovitz;
- O BeerOrCoffee, marketplace de coworkings, recebeu um aporte de R$ 55 milhões em série A liderada pela Kaszek, com participação do Valor Capital. Esse é o 2º investimento obtido pela companhia. Em 2018, foi agraciada com um seed de R$ 8 milhões aportado por Kees Koolen, fundador da Booking.com. A rede, que conta com mais de 1.100 coworkings em 160 cidades brasileiras, viu o número de reservas crescer 243% no 3º trimestre deste ano em comparação com o trimestre anterior.
- A insurtech Azos recebeu um investimento de R$ 55 milhões para ampliar as suas soluções tecnológicas e desenvolver novas linhas de produtos. A rodada foi liderada pelo fundo Prosus e contou novamente com a participação do Kaszek Ventures, Maya Capital e Propel. Em 2020, a startup obteve R$ 13 milhões que ajudaram no início e desenvolvimento da operação em abril deste ano.
- A startup de inovação tributária incentiv.me levantou R$ 10 milhões em uma rodada com mais de 250 investidores-anjo dos grupos Harvard Angels, Anjos do Brasil, BR Angels Smart Network, Insper Angels e Malbec Angeles, além da organização social SITAWI Finanças do Bem e da holding Synthase Impact Ventures. Com o aporte, ela pretende desenvolver novos produtos e serviços, expandir o time e aprimorar a tecnologia para superar R$ 1 bilhão por ano em captação para projetos sociais, a partir de 2024.
- O Grupo 2TM, controlador da exchange Mercado Bitcoin, concluiu sua série B com um aporte adicional de US$ 50,3 milhões. A operação completa os US$ 200 milhões injetados pelo SoftBank Latin America Fund e marca a entrada dos norte-americanos 10T e Tribe Capital, fundos especialistas em blockchain;
- A fintech Finansystech, que opera como uma plataforma open finance as a service, captou R$ 2,5 milhões de 183 investidores por meio da plataforma CapTable. Com o aporte, ela vai aumentar o time de colaboradores e desenvolver novos produtos para ajudar os clientes além dos termos regulatórios do Open Finance;
- A Popai, foodtech de snacks veganos, recebeu R$ 1,6 milhão via plataforma de venture capital EqSeed. Cerca de 69% do total foi feito por investidores qualificados – com investimentos superiores a R$ 1 milhão. Com o aporte, a startup quer expandir a estrutura de seu e-commerce, aumentar a equipe comercial e o portfólio de produtos. No próximo ano, a meta é chegar a mais de R$ 3 milhões de receita bruta;
- A VELVT levantou R$ 17 milhões em uma rodada seed para criar uma plataforma de compra e venda de ações secundárias de startups no Brasil. O investimento foi liderado pelo Global Founders Capital (GFC) e contou com a participação do fundo Headline (antiga Redpoint eventures), Yolo Ventures e Armyn Capital. A companhia também trouxe como investidores 16 fundadores do porte de Edward Nible, do Nubank e Patrick Sigrist, do iFood e da Nomad;
- O aplicativo de consolidação de investimentos Gorila levantou uma rodada de R$ 100 milhões liderada pelo Iporanga, que já era sua investidora. O aporte foi acompanhado pela Ribbit Capital, pela Apis Partners, pela monashees e pela 2TM, dona do Mercado Bitcoin. A ideia é usar a maior parte dos recursos para comprar participações em escritórios de investimento, como a Vita Investimentos. A estratégia é semelhante à que XP, BTG e Modal estão executando no momento.
- A SMZTO, holding de franquias da família Semenzato, fez um investimento na Yungas, que ajuda empresas, especialmente franquias, a se digitalizaram. É o primeiro investimento de uma série que o grupo quer fazer com um bolo de R$ 50 milhões que foi separado para investimentos e aquisições de startups.
FUSÕES E AQUISIÇÕES
- O mercado de edtechs está bombando, e cada vez mais empresas investem no segmento por conta do skill gap: aquela máxima do “temos vagas, mas faltam profissionais qualificados”. De olho nessa realidade, a unico, IDtech de soluções de identidade digital, anuncia a compra da SkillHub, startup de benefícios em educação. É a 6ª aquisição da IDtech que virou unicórnio em agosto.
- O banco Modal anunciou a aquisição de 100% da W2 Digital, de Insurance as a Service (IaaS). Com a adição da possibilidade de ofertar seguros no formato white label, o Modal se insere no contexto do Open Finance, e fortalece o ecossistema de tecnologia que está construindo, o Modal as a Service, que oferece o Credit as a Service (CaaS) e Banking as a Service (BaaS) adquiridos da LiveOn e, agora, o Insurance as a Service (IaaS) da W2 Digital;
- A Wiser Educação comprou a Aprova Total, plataforma de cursos preparatórios para o ENEM;
- O Grupo Sabin assumiu o controle da Amparo Saúde, ampliando sua atuação em atenção primária e saúde digital;
- A mexicana Kavak concluiu a compra da startup turca Garaj Sepeti, marcando sua entrada nos mercados da Ásia e da Europa. O valor da operação não foi divulgado.
- A Republic, plataforma americana de compra e venda de ações de companhias no mercado secundário investiu US$ 100 milhões para comprar a europeia Seedrs, umas das primeiras companhias no mundo a atuar nesse mercado;
- A inglesa Blockchain.com comprou a argentina SeSocio, marcando sua entrada na América Latina.
IPO NUBANK: NOVO PREÇO
- O tão aguardado IPO do ano sofreu um corte de cabelo. Com o cenário econômico global cheio de nervosismo nas últimas semanas, o Nubank reduziu a faixa de preço de sua oferta em 20%. Segundo a atualização do prospecto preliminar, a faixa indicativa, originalmente entre US$ 10 e US$ 11, agora fica entre US$ 8 e US$ 9. Com o novo valor proposto, o neobank pode estrear na NYSE no dia 9 de dezembro avaliado em US$ 39 bilhões, considerando o ponto médio da faixa de US$ 2,7 bilhões. O valor se aproxima do que havíamos previsto em junho (próximo dos US$ 40 bi).
DIDI FORA DOS EUA
- Foram apenas 6 meses e a Didi, dona da 99, anunciou que vai deixar a bolsa dos EUA. A companhia cedeu à pressão do governo chinês e fará sua listagem na bolsa de Hong Kong. A decisão foi uma má notícia para a SoftBank, que ainda sofre com a possibilidade de a compra da ARM pela Nvidia não vingar. quem também está sofrendo são os funcionários da 99 que ganharam ações da companhia chinesa quando ela comprou a empresa brasileira. O que era pra ser um sonho evento de liquidez, acabou se transformando em um pesadelo!
KEEP TWITTING, @JACK!
- O fundador do Twitter, Jack Dorsey, deixou o comando da companhia depois de uma década. Na saída, passou o bastão para o indiano Parag Agrawal. Dorsey, que já tinha deixado a operação anteriormente, tinha retornado com a missão de reerguer o Twitter. Se isso aconteceu de fato, alguns podem dizer que sim e outros que não. Eu particularmente acho que o saldo é neutro, com algumas pequenas vitórias, mas pouco avanço concreto. O Twitter é uma ferramenta legal, mas que fica espremida entre todo o resto que acontece no mundo da tecnologia. E tão logo que deixou a empresa que um dia já teve mensagens de 140 caracteres, a outra empresa de Dorsey, a Square, anunciou uma mudança de nome para Block. Já fazia tempo que o executivo se mostrava um entusiasta das criptomoedas, por isso o negócio que ele agora assume em tempo integral passa a se dedicar à tecnologia por trás desse fenômeno, o blockchain.
CRÉDITO PARA PMEs
- A fintech JUSTA levantou uma linha de crédito de R$ 90 milhões com o Itaú. Os recursos serão usados para dar crédito a pequenas e médias empresas para pagar suas contas, mais especificamente os boletos do dia a dia. A meta é chegar a mais de R$ 2 bilhões concedidos até o fim de 2023.
CONEXÃO EMPRESA E STARTUP
- A plataforma de equity crowdfunding Captable traz um novo produto de apoio a empresas que queiram se relacionar com startups. A ideia por trás do serviço de CVC é prestar consultoria às empresas, entendendo suas principais dores e alavancas de valor para melhorar processos. Depois, buscar no ecossistema soluções prontas para atender tais necessidades. Em funcionamento há 6 meses, o novo braço fechou contrato com seu 1º cliente de grande porte: o Grupo Elfa, provedor de soluções e serviços de logística em saúde.
COMÉRCIO EXTERIOR
- A Bossanova lançou um novo comitê voltado a investimentos em startups de comércio exterior. Batizado de Comex, ele terá R$ 5 milhões para investir.
CARTEIRA DIGITAL
- O Asaas, fintech que oferece soluções para automatizar processos de gestão financeira de empresas, agora expande sua atuação para o B2C. Como bagagem da aquisição da Code Money feita em agosto, a startup integrou ao seu portfólio o Asaas Money, carteira digital voltada aos pagadores dos seus clientes, os consumidores finais. Resumindo, uma carteira digital aos pagadores e uma frente de caixa digital aos vendedores.
DANÇA DAS CADEIRAS
- Camila Farani, um dos “tubarões” do Shark Tank Brasil entrou para o time da Nuvemshop. Além de ser a nova investidora da plataforma de e-commerce, ela também assume como conselheira especial de marketing e growth, com foco no desenvolvimento de ações para ensinar e capacitar empreendedores brasileiros;
- A healthtech Hilab, especialista em exames laboratoriais remotos, anunciou a chegada de Guilherme Pozzolo, novo integrante do corpo médico da empresa para atuar em diversos setores como laboratório, novos projetos, epidemiologia e qualidade. Guilherme Pozzolo é médico graduado pela PUC Paraná, com especialização em neurologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Já realizou trabalhos em UPAs, Hospitais e Clínicas, atuando no setor de urgências médicas, elaboração de linhas de cuidado com o paciente e prestando serviços ambulatoriais. Além da Hilab, atua na Prefeitura de Curitiba na redação de protocolos clínicos e no setor de telessaúde;
- A ClickBus contratou Gustavo Reis como seu novo diretor de marketing & growth. O executivo que possui mais de 20 anos de experiência na área assumiu a posição em meados de outubro, após passagem por empresas como Tecnisa e WMcCANN;
- O escritório Bronstein, Zilberberg, Chueiri & Potenza anunciou 2 novos sócios na área de M&As e venture capital: Priscila Gurgel Menezes e Alfredo Néri Jr vão fortalecer a proposta de ser um escritório full-service para o ecossistema de tecnologia e operações de M&A, Private Equity e Venture Capital;
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