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CODEX - Os IPOs estão chegando

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Boa tarde,

É difícil disputar as atenções no dia de lançamento de novos produtos da Apple, mas a gente tenta. Ainda mais que está todo mundo descansado do feriado. Cabeça fresca pra prestar atenção no turbilhão de coisas que anda acontecendo.

Em termos de rodadas de investimento, a média de 5 anúncios foi mantida. Foram menos aquisições, mas movimentos interessantes como a licença de operação para a nova fintech de Igor Senra, a Cora, que virou o banco de número 403. Os primeiros momentos do PIX, a definição dos preços para as ofertas de ações do Enjoei e da Méliuz. A mexicana Kavak marcando data para chegar no Brasil. A live do Startups com a Y Combinator. E muito mais.

Boa leitura e boa semana!

Gustavo Brigatto
Fundador e Editor-Chefe

 


A primeira semana do PIX

O cadastro do PIX começou na segunda-feira, dia 5, e encerrou a semana em mais de 20 milhões de pessoas. Na sexta-feira, dia 16, o sistema começa a funcionar de verdade. Com o assunto ganhando atenção dos correntistas de banco – e de quem nem tem conta corrente -, os criminosos colocaram sua criatividade para trabalhar e inundaram as caixas de e-mail e de mensagens de celulares com golpes destinados a roubar dados de acesso a contas.

E mal o PIX se estabeleceu no país, o Banco Central já revelou planos ambiciosos para a plataforma: ser usada também em transferências internacionais a parir de 2023.

Tá, mas e daí?

A adesão ao PIX na primeira semana parece ter sido significativa, mas é um pingo no oceano frente ao número de contas no Brasil – só o Bradesco tem quase 100 milhões de clientes. O verdadeiro teste não veio ainda também, que é quando as transações realmente começarem a acontecer e as dúvidas, problemas e reclamações aparecerem. Estou curioso, especialmente, para ver como o sistema vai funcionar no fim de semana – os bancos vão aumentar as equipes de plantão? Segunda-feira que vem a gente vê como fica.


Os IPOs estão chegando

A Enjoei e Méliuz definiram a faixa de preços de ações para seus IPOs. No caso do primeiro, o valor ficou entre R$ 10,25 a R$ 13,75. Já o sistema de cashback falou em R$ 10 a R$ 12,50. Os preços finais devem ser apresentados em 27 de outubro e 3 de novembro, respectivamente.

Tá, mas e daí?

Falando com um gestor esses dias ouvi a seguinte frase: as pessoas falavam em bolha das startups, mas eu não acreditava nisso. mas olhando os prospectos preliminares do IPO de algumas empresas, pela primeira vez eu comecei a sentir algo parecido com o que havia na época da bolha da internet. Talvez possa ser um exagero fazer essa comparação porque os momentos do mundo e das empresas são muito diferentes, mas uma coisa é fato: existe um excesso de expectativa em relação aos IPOs das empresas ligadas ao mundo a tecnologia. Os bancos, obviamente, querem levar suas comissões, e os investidores têm buscado ativos alternativos com a queda dos juros. E nada melhor do que colocar dinheiro em uma possível nova Magalu, certo? É bom ter bons casos para mostrar que o mercado de venture capital no país é capaz de produzir histórias de sucesso. Mas esses casos também precisam também ser sustentáveis para não causarem um efeito contrário!


 

Rodadas de investimento

  • A Take Blip recebeu aporte de série A de US$ 100 milhões da gestora de private equity americana Warburg Pincus. No fim de 2019 a Warburg já tinha feito um aporte de valor semelhante na Superlógica. A Take tem mais de 750 clientes e cresceu cinco vezes nos últimos dois anos, chegando a um faturamento recorrente anual (ARR) de US$ 40 milhões em 2020. A companhia nascida em 1999 tinha sido vendida em 2004 e foi recomprada por seus fundadores.
  • A Dr. Jones, de produtos de beleza e higiene para homens, levantou uma rodada de R$ 6 milhões que foi liderada pela Igah Ventures — gestora criada com  a fusão da Joá Investimentos, do Luciano Huck, com a e.Bricks Ventures, de Pedro Siroltsky. Entraram ainda a Norte Ventures e dois fundadores da Trybe (na pessoa física). A Astella e a IgniteXL, que já eram investidores, acompanharam a rodada. A empresa que atua no modelo de venda direta ao consumidor (D2C), tem 20% de sua receita vinda de 2,5 mil assinantes. A ideia é usar os novos recursos para P&D e marketing.
  • A Yvy, uma espécie de Nespresso para produtos de limpeza, levantou R$ 3 milhões em sua primeira rodada desde a fundação, em 2018. Os recursos vieram de investidores pessoas físicas (Paula Nader, ex-Santander; Gustavo Roxo, ex-BTG Pactual; Luis Hartmann, sócio da Be IT Recruitment e Marcos Angelini, presidente da RedBull na América Latina. A Yvy tem 4 mil assinantes e pretende fechar o ano com 5 mil.
  • A agtech Horus Aeronaves, que oferece soluções completas em monitoramento agrícola com drones, levantou R$ 2 milhões por meio da EqSeed. É a segunda rodada concluída pela agtech na plataforma. Em 2018 elas havia levantado outros R$ 2 milhões. Os recursos foram captados em menos de uma semana e pelo dobro do valuation da primeira captação. O ticket médio foi cerca de R$ 13 mil.
  • O OutField Capital, fundo de investimento da OutField Consulting, fez um aporte de R$ 1,5 milhão na 2morrow Sports, focada em ferramentas e ações para melhorar o relacionamento entre times e torcedores.
  • A Z-Tech, da Ambev, fez um aporte de valor não revelado na Lemon, startup que leva energia limpa a empresas sem que elas precisem investir em equipamentos ou instalações. A ideia é levar essa proposta a bares e restaurantes de todo o Brasil.
  • A varejista americana Macy´s fez um investimento de valor não revelado na fintech sueca Klarna para oferecer pagamento em parcelas a seus clientes nas compras feitas pela internet.

Aquisições

  • A japonesa NEC comprou a suíça Avaloq, que desenvolve sistemas para o mercado financeiro, por US$ 2,2 bilhões. A operação é uma tentativa do grupo japonês de aproveitar o crescimento das fintechs e do conceito de embedded finance.

Novo fundo

  • A DGF Investimentos reiniciou os esforços para captação de seu sétimo fundo. As tratativas que foram suspensas por conta da pandemia têm o objetivo de levantar US$ 50 milhões. A ideia é ter o primeiro closing até o fim do ano. A DGF faz aportes de série A com cheques entre US$ 3 milhões e US$ 7 milhões. A gestora já investiu em 50 startups e teve 23 saídas.

 


Divergências criativas

  • A ONEVC resolveu mudar seu fodo de atuação a partir de seu próximo fundo. A ideia agora é investir mais no Brasil do que nos EUA. Com essa nova orientação, a gestora perdeu um de seus fundadores, Pedro Sorrentino, que não apoiava a nova tese. Ainda não há informações sobre os próximos passos de Sorrentino.

Quer ser sócio?

  • Pouco menos de um ano depois de levantar uma rodada pre-seed com a Honey Island (dos fundadores da EBANX) e com a Reserva, o site de compra e venda de roupas usadas TROC está em busca de um novo investidor.

Mas já não era sócio?

  • A Empiricus e a gestora Vitreo se juntaram sob a holding Universa. Com o acordo, os sócios da Empiricus terão 63% da sociedade e a Vitreo os 37% restantes. A operação depende de aprovação do Banco Central. Em paralelo, a Empiricus deixou a sociedade do site Antagonista. A fatia da empresa, adquirida em 2016 (por R$ 500 mil, segundo relatos ouvidos à época) será absorvida pelo Caio Mesquita, que terá sua participação na sociedade reduzida – Felipe Miranda e Rodolfo Amstalden ampliam suas fatias. Diogo Mainardi e Mario Sabino continuam com os 50% restantes do Antagonista. 

Novo app de investimento na praça

  • Depois de lançar a carteria digital iti, o Itaú deu mais um passo no unbundling de seus produtos e vai lançar um aplicativo de investimento batizado de íon. A princípio, ele será destinado apenas a correntistas do banco, mas a ideia é liberá-lo para quem não é no ano que vem. O aplicativo será liberado para download em novembro em fase de testes. O lançamento acontece em um momento de aquecimento no mercado de investimentos por conta da queda dos juros e a busca por investimentos alternativos.

Conta para MEIs

  • Com o número de microempreendedores individuais em alta por conta do aumento do desemprego na pandemia, a Neon Pagamentos lançou a conta digital MEI Fácil – que reúne em um aplicativo serviços financeiros e burocráticos para quem tem uma empresa. A Neon (que oferece sua própria conta PJ) comprou a MEI Fácil em setembro de 2019.

Banco 403

  • A Cora, fintech do Igor Senra, foi liberada para atuar como banco e passou a ser a instituição de número 403. Com isso ela passa a poder oferecer uma conta completa para empresas. Ela vai emitir cartão com bandeira Visa que vai funcionar na função de débito e está testando a opção de crédito.

Crédito consignado

  • A Totvs incluiu a opção de crédito consignado em seu sistema de gestão. Os empréstimos serão oferecidos pelo BV e pela Creditas, que já são parceiros da companhia – a Creditas, aliás, vai oferecer empréstimos com garantia no banco BMG. O crédito consignado é a mais nova frente dos esforços de serviços financeiros da Totvs, que já conta com o Antecipa (de antecipação de recebíveis), Painel Financeiro (acompanhamento de fluxo de caixa), Mais Negócios (para oferta de linha de crédito a clientes) e Mais Prazo (que permite a prorrogação e o parcelamento de boletos de fornecedores).

Livre concorrência

  • O Bradesco assinou acordo com o Cade e vai pagar R$ 23,8 milhões ao GuiaBolso. O acordo proposto pelo banco se refere a uma investigação iniciada em 2018 por abuso de posição dominante por ele dificultar o uso do aplicativo de gestão financeira por seus clientes. Os recursos adicionais chegam em boa hora já que o GuiaBolso está fazendo um esforço considerável para se reinventar.

Sticks ans stones can´t break my bones

  • Anunciada em 2019 como uma joint-venture entre GPA e RaiaDrogasil (RD), a Stix iniciou suas operações. A plataforma de pontos e recompensas chega oficialmente ao mercado como uma coalizão que conecta os programas de fidelidade das marcas parceiras, referências no Brasil em seus segmentos. A partir de agora, clientes Pão de Açúcar, Droga Raia, Extra e Drogasil podem juntar pontos, os pontos stix, em uma única carteira. O Itaú é parceiro estratégico financeiro e, com isso, clientes iupp, novo programa de fidelidade do banco, podem transferir seus pontos iupp para a Stix.

20 mil solicitudes

  • O Nubank disse ter atingido 20 mil pedidos de seu cartão de crédito roxinho na Colômbia em um prazo de 24 horas. O início da operação no país foi anunciado no dia 30 de setembro. Aqui no Brasil, o neobank disse que começou a testar o fim do crédito rotativo, transformando o débito em um crédito parcelado em até 12 vezes. O Banco Central mudou as regras do rotativo em 2017 para forçar a queda nos juros da modalidade, umas das mais altas do mercado.

Pede no aplicativo

  • O iFood viu a demanda crescer 50% desde março e chegou a 44,6 milhões de entregas por mês. O número de estabelecimentos cadastrados passou de 236 mil (contra 160 mil em março).

A nova viagem do Rappi

  • O Rappi apresentou sua nova categoria de atuação, o mercado de turismo. Com o Rappi Travel, será possível comprar passagens de avião e ônibus e contratar diárias de hotel diretamente pelo aplicativo. Outras opções, como a reserva de carros, serão adicionadas em breve. As compras começam voltadas aos consumidores, mas a ideia é atender também o mercado corporativo. Nos primeiros 30 dias, as compras vão garantir 20% de cashback para serem usados dentro do aplicativo.

Manda um Zap!

  • 99 começou a aceitar corridas feitas fora de seu aplicativo, por meio do WhatsApp. A princípio, apenas as cidades de São Carlos, Araraquara, Bauru e Presidente Prudente, no interior de São Paulo, vão contar com a opção. Com a previsão de expansão nas próximas semanas a expectativa é que ela chegue a todo o país até o fim do ano.

Desembarque agendado

  • Primeiro unicórnio mexicano, a startup de compra e venda de carros Kavak pretende desembarcar no Brasil já no primeiro trimestre de 2021. “Já estamos olhando o mercado há anos. Aprendemos o suficiente e agora temos os recursos necessários para chegar no Brasil com um grande investimento”, diz Carlos Garcia Ottati, co-fundador e presidente da companhia, ao Startups.

Conta cara para contratar

  • Uber e Lyft teriam que gastar US$ 392 milhões adicionais por ano se seus motoristas forem considerados empregados como prevê uma nova lei da Califórnia, a AB5. Para evitar isso, as companhias estão apoiando um novo projeto, a Proposition 22, que visa garantir direitos como salário mínimo e auxílio-saúde. O presidente do Uber, Dara Khosrowshahi fez um post no blog da companhia para falar sobre o assunto.

Nome novo… de novo


Associe-se!

  • O amadurecimento do mercado de venture capital no Brasil traz não só mais recursos e empreendedores e empresas, mas também forma profissionais para atuar no setor. Com isso, nasceu a primeira associação deles: a Emerging VC Fellows. No momento, são 156 associados de 60 gestoras. O perfil dos profissionais que atum em venture capital no país é bem parecido com o de quem atua na Faria Lima: homem branco, formado na Fundação Getúlio Vargas. Dá pra melhorar, né?

Laboratório

  • A Tivit – que em julho perdeu Carlos Gazaffi para a Sem Parar e nunca mais falou sobre seu IPO – está investindo R$ 20 milhões em um espaço de inovação em São Paulo, o Tivit Labs.

Live com a Y Comninator

  • A conversa passou por temas como o atual cenário para startups e fundadores, expectativa sobre a disponibilidade de recursos para companhias no mundo pós-pandemia, o programa de aceleração da Y Combinator, a eleição presidencial nos EUA, entre outros. Confira a íntegra do papo em vídeo.

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