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CODEX - Quem vai ganhar a guerra das carteiras e contas digitais?

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Bom dia,

Contas e carteiras digitais já eram um assunto relevante antes da pandemia. E a conversa ficou mais quente com as medidas de isolamento – que forçaram até os consumidores mais resistentes a experimentar essas opções. Na semana passada, BTG e Bradesco engrossaram as já bastante ocupadas fileiras de produtos nessas áreas. Será que vão conseguir se diferenciar e avançar?

A semana também teve movimentos de desinvestimento da SoftBank. Também houveram investimentos. Não da SoftBank, mas de venture capital no Brasil. Foram 6 rodadas anunciadas. Um novo unicórnio nasceu na América Latina – e não foi no Brasil! iFood comprou mais uma empresa e a Glovo vendeu o restante da sua operação na América Latina.

O maior IPO da história do mercado de software aconteceu nos EUA e os aplicativos TikTok e WeChat continuam no foco de Donald Trump.

Boa leitura e boa semana!

Gustavo Brigatto
Fundador e Editor-Chefe


Guerra das carteiras e das contas digitais

O BTG e o Bradesco apresentaram suas novas armas para se posicionarem no mundo do digital. O banco de André Esteves apresentou o BTG+, conta digital que marca sua entrada no segmento de varejo e tem versões para pessoas físicas e empresas de micro, pequeno e médio portes.

Já o Bradesco apresentou oficialmente sua carteira digital Bitz. O serviço, que tinha sido antecipado pelo Startups há cerca de 3 meses, tem expectativas ambiciosas: chegar a uma participação de 20% a 25% do mercado de carteiras digitais em um prazo de três anos. Para acelerar seu crescimento a companhia pretende fazer aquisições. A ideia é que duas sejam anunciadas ainda em 2020.

A carteira foi criada de forma independente do banco digital Next por se tratar de um negócio com características e regulação muito diferentes.

Tá, mas e daí?

As contas e carteiras digitais têm ganhado impulso por conta da pandemia, mas ainda é difícil dizer quem será o vencedor nessa disputa – ou se haverá apenas um. A tendência é que haja mais de um vencedor, provavelmente por especialização em diferentes nichos. As ofertas de serviços digitais acabam sendo muito parecidas (cartão de crédito/débito, transferências, pagamentos etc.) então se diferenciar é bem difícil. Talvez por isso a questão dos nichos seja um fator importante (como o iFood querendo ser o “banco dos restaurantes”, por exemplo).


SoftBank vende tudo (ou quase tudo)

A SoftBank entrou em uma fase de ajuste de seu portfólio. Só na semana passada a companhias anunciou a venda de dois ativos. A desenvolvedora de tecnologias para chips inglesa ARM foi vendida para a americana Nvidia. Já a distribuidora Brighstar (fundada por Marcelo Claure, que responde pelo fundo da US$ 5 bilhões que a empresa tem para a América Latina) foi comprada por um veículo criado por um ex-executivo da companhia, a Brighstar Capital Partners. A primeira operação parece ter dado um bom retorno, enquanto a segunda nem tanto.

O movimento de se desfazer de ativos também está sendo seguido pelo Uber. A companhia vendeu seu negócio de cargas na Europa para a startup Sennder (além de reduzir em 30% sua operação no Reino Unido). Ainda há uma expectativa de que ela reduza sua participação de US$ 6,3 bilhões na chinesa Didi (fatia adquirida quando a companhia saiu do país, em 2016).

Tá, mas e daí?

A agressiva estratégia da SoftBank de investir para liderar segmentos considerados estratégicos dentro de suas expectativas de longo prazo se mostrou arriscada demais no curto prazo. Em 2019 as perdas da companhia somaram US$ 7 bilhões e agora ela precisa se ajustar para não assustar investidores. Há inclusive conversas para fechar o capital e deixá-la menos exposta às pressões (e a todos os anúncios e transparência) do mercado.

 


Rodadas de investimento

  • A startup de open banking Quanto recebeu um aporte de US$ 15 milhões de equity e dívida conversível em uma série A liderada por, pasmem… Bradesco e Itaú. Também participaram a Kaszek e a Coatue (fundo americano que já investiu na Impossible Foods e na Airtable e fez sua primeira operação no Brasil. A participação do Bradesco foi comprada por meio do fundo Inovabra Ventures e a do Itaú Unibanco, diretamente pelo banco. Os dois investimentos estão sujeitos a aprovação do Banco Central.
  • A BeGreen, de fazendas urbanas, levantou R$ 15,5 milhões com a gestora de shoppings Aliansce Sonae para ampliar sua área de plantações – incluindo dentro dos próprios shoppings da Aliansce e no Ceagesp (em São Paulo).
  • A Rede Vistorias, de Florianópolis, recebeu um aporte R$ 5,5 milhões da DOMO Invest, da Invisto e da Terracotta Ventures. É o segundo aporte do Domo Enterprise, fundo de R$ 150 milhões voltado ao mundo B2B. A startup de vistorias para o mercado imobiliário fundada em 2016 atua com um modelo de franquias e quer usar os recursos para ampliar o volume de vistorias feitas por mês.
  • A startup de entrega de bebidas Bebida na Porta recebeu um aporte de mais de R$ 1 milhão da Anjos do Brasil e da Poli Angels. Os recursos serão usados para abrir mais sete pontos de entrega na cidade de São Paulo. Atualmente ela tem dois nos bairros da Mooca e de Pinheiros.
  • A Elo7 fez um aporte minoritário e de valor não revelado na Wedy, de planejamento de casamentos, para ampliar sua atuação na área (quem já casou sabe como as duas coisas se conversam). O investimento dá uma opção de compra do controle em um prazo de 18 meses.
  • A captação da agtech Horus – que faz mapeamento de áreas usando drones – feita pelo site de equity crowdfunding EqSeed atingiu o objetivo de R$ 2 milhões em menos de uma semana.
  • A Klarna, de pagamentos, se tornou o maior unicórnio europeu, valendo US$ 10,6 bilhões depois de uma rodada de US$ 650 milhões. É praticamente o dobro do valor da rodada anterior, de agosto de 2019. O aporte foi liderado pelo Silver Lake Partners junto com o GIC, o fundo soberano de Cingapura, e teve participação da BlackRock e da HMI Capital.

Novo fundo

  • A DOMO Invest está começando a captar seu segundo fundo voltado a empresas B2C, de R$ 100 milhões. A proposta é fazer aportes em companhias no estágio anterior à série A, com cheques entre R$ 1 milhão e R$ 4 milhões.

Fundo Anjo

  • O Fundo Anjo, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que é gerido pela DOMO Invest, chegou a 8 startups investidas: 100 Open Startups, Enjoy, QR Capital, 7Waves, RadarFit, Speedbird Aero, Arbo e Closecare. Os aportes feitos até o momento somam R$ 2,5milhões e foram lideradas pela DOMO. O Fundo Anjo foi lançado em julho de 2019 com um patrimônio de R$ 76 milhões, dos quais R$ 40 milhões eram do BNDES e o restante proveniente de outros investidores (BRDE e Bossa Nova) e da DOMO. Recentemente, a base de cotistas ganhou a participação do Banrisul, do Badesul, do BNB e do BANDES) e os recursos disponíveis para investimento chegaram a R$ 142 milhões – com o BNDES chegando a R$ 60 milhões. O fundo investe em startups com faturamento anual inferior a R$ 1 milhão e atuação nos mais diversos setores.

Mega IPO

  • A Snowflake, empresa nascida em 2012 que faz software para armazenamento de dados na nuvem, fez a maior abertura de capital de uma empresa de software da história, captando US$ 3,4 bilhões e valendo US$ 70 bilhões no fim de seu primeiro dia na Nasdaq, com ações valendo US$ 254. Quase o dobro da abertura. A abertura de capital da companhia apoiada por Warren Buffet e pela Salesforce foi muito superior às expectativas, que já eram muito positivas. A oferta tinha sido precificada entre US$ 75 e US$ 85 e depois foi ampliada para entre US$ 100 e US$ 110. Na véspera, foi ampliada novamente, para US$ 120. A supervalorização no primeiro dia de negociação fez muita gente se perguntar se ao bancos não teriam precificado a oferta errada, fazendo os acionistas perderem dinheiro. Ou teria sido só um excesso de otimismo mesmo? Agora pela manhã a ação opera em baixa de 6%.

Unicórnio Uruguaio

  • O Uruguai ganhou seu primeiro unicórnio (sim, eles ainda existem, “apesar da crise”). A empresa de pagamentos dLocal – concorrente do unicórnio brasileiro Ebanx – foi avaliada em US$ 1,2 bilhão após receber um aporte de US$ 200 milhões da General Atlantic e da Addition. A companhia quer usar os recursos para expandir sua operação em países emergentes.

Aquisições

  • O iFood redobrou a aposta nas entregas de compras de mercado com a aquisição do SiteMercado, de São José dos Campos. A empresa ajuda pequenos lojistas a entrar no mundo digital atuando no modelo de white label. O valor da operação não foi revelado.
  • A Delivery Hero comprou o restante da operação da espanhola Glovo na América Latina. O negócio que pode chegar ao valor de US$ 230 milhões (contando um earn out de 60 milhões de euros) incluiu as atividades em 8 países, sendo que em 3 deles a empresa alemã já tinha operação. A Glovo já tinha saído do Brasil no começo do ano passado (cerca de um ano depois de desembarcar no país). O Startups apurou que o iFood não entrou na disputa, mas outras empresas do grupo Movile chegaram a avaliar o ativo. iFood e Delivery Hero têm uma joint venture na Colômbia e têm a Prosus como investidor em comum – com participação minoritária no caso da empresa alemã.

O imbróglio do TikTok e do WeChat – capítulo  não sei mais qual

  • O TikTok fechou um acordo com a Oracle e o Walmart para acalmar o governo dos EUA e manter suas operações no país. O negócio não envolve a venda direta do negócio, mas a criação de uma nova empresa, a TikTok Global, que teria participação das companhias americanas – 12,5% para a Oracle e 2,5% para o varejista. Os 80% ficariam se manteriam com a chinesa ByteDance. A nova companhia seria listada em bolsa em até um ano. A TikTok Global está sendo avaliada entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões. O presidente Donald Trump disse estar de acordo com o formato, mas gerou reações de contrárias de congressistas de seu partido – e agora parece ter mudado de ideia. Em paralelo, Trump decidiu mirar um outro aplicativo de origem chinesa, o WeChat, ordenando sua retirada das lojas de aplicativos. A medida foi suspensa pela Justiça.

O fim da gig economy?


Negócio liberado

  • O Cade aprovou a compra do Grupo Zap pela OLX. A avaliação foi que não existem barreiras legais ou regulatórias que impeçam ou possam retardar a entrada de novos agentes no mercado de classificados online mesmo com a união das duas companhias, que vai criar um gigante dos classificados de imóveis. A união das duas companhias foi anunciada em março. A proposta da OLX foi de pagar R$ 2,9 bilhões em dinheiro pela empresa brasileira dona dos portais Zap e VivaReal.

Casa nova

  • A Mude.me, fintech da construtora Cyrela que permite a criação de vaquinhas virtuais para a compra de um imóvel (e também reformar ou mobiliar), fez uma parceria com o QuintoAndar para oferecer a mesma opção para aluguel.

Cubo “volta às origens”

  • Com a pandemia e as mudanças na forma de trabalhar das empresas (leia-se menos gente indo ao escritório todos os dias) o espaço tende a retomar um pouco do espírito original de geração de negócios, com um maior fluxo de fundadores de startups e grandes empresas. “O novo modelo terá mais um perfil de reuniões com clientes, trazer para mostrar inovação, geração de negócios”, diz Renata Zanuto, co-head do Cubo.

https://startups.com.br/noticias/cubo-volta-as-origens-com-mais-geracao-de-negocios-e-menos-perfil-de-escritorio/


Dados à venda

  • Um hacker está oferecendo na dark web dados que teriam sido roubados da fintech de empréstimos Lendico no Brasil. O pacote inclui mais de 1,6 milhão de e-mails e senhas não criptografadas; mais de 6 milhões de dados sobre clientes como endereço, renda, contato, formação acadêmica, histórico de crédito, entre outras; 30 bancos de dados que somam 60 gigabytes (GB) e 330 GB de documentos (provavelmente no formato de imagens, por isso o tamanho). Os dados oferecidos vão do início da operação da companhia no Brasil, em 2015, até junho de 2020.

https://startups.com.br/noticias/hacker-tenta-vender-dados-que-teriam-sido-roubados-da-lendico-brasil/


Móveis por assinatura

  • A Housi – de moradia por assinatura, que quer abrir capital na B3 – fechou um acordo com a Tuim, de locação de móveis para pessoas físicas. A ideia é oferecer estrutura de home office aos clientes dentro do seu pacote mensal nesses tempos de distanciamento social.

Investback

  • Investimentos feitos por meio da Magnetis vão gerar 1% de cashback na Méliuz (que quer abrir capital na B3). A modalidade de “investback” já é usada pela XP, que iniciou testes de um cartão de crédito próprio em julho.

Mais um banco digital

  • O Grupo B&T, que atua na área de câmbio, lançou o Zro Bank, um banco que opera com transações em reais, bitcoins e, em breve, vai incluir mais moedas. O banco promete ser um “chatbank”, com operações realizadas por meio de chat no Telegram.

Faltou da semana passada

  • O Santander mudou o nome de seu fundo de investimento de Innoventures para Mouro Capital. De quebra, ainda colocou mais US$ 200 milhões em recursos para investimentos, totalizando US$ 400 milhões.
  • A Chatpay, que conecta celebridades a seus fãs, recebeu um aporte de US$ 2,1 milhões da Kaszek, do fundo brasileiro Big Bets e de dos investidores-anjo Lincoln Ando, Paulo Silveira e Rodrigo Dantas (os dois últimos investidores do Startups).
  • O brechó online Repassa recebeu R$ 7,5 milhões em uma rodada liderada pela Repoint eventures que contou com participação da Bossa Nova. Desde sua fundação em 2015 a companhia já recebeu R$ 10 milhões em aportes.

Download

  • Não é bem um download, mas é uma referência feita pelo Distrito para quem quer saber se está pagando salário na média, ou ganhando salário na média do mercado.

https://distrito.me/salario-startup/