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CODEX: Sangue na água

Microsoft faz oferta pela Activision Blizzard; Latitud lança 'confraria' de investidores; Agrolend levanta R$ 80 mi e muito mais

Codex
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Bom dia,

Bem distante do mundo das startups propriamente dito, mas com tudo a ver com ele por conta do direcionamento estratégico (M&A/ganho de escala), a oferta de compra da Activision Blizzard pela Microsoft movimentou o mercado na semana passada. O valor chamou muito a atenção, mas também foi interessante o momento do negócio.

A Activision Blizzard está sob pressão por conta das denúncias de abuso e de seu ambiente de trabalho tóxico. Não que a Microsoft não tenha seus próprios problemas com isso, mas a companhia já correu para dizer que pretende mudar a cultura na sua nova adquirida.

O que deixou muita gente puta foi saber que o CEO da Activision Blizzard, Bobby Kotick, acusado de acobertar e de ser um dos agentes de abusos, ficará mais rico com o negócio.

O sangue na água certamente ajudou a Microsoft a avançar nas conversas, reforçando suas perspectivas no mundo dos jogos, no metaverso e na computação em nuvem. Agora é ver o sangue de quem vai continuar na água.

Boa leitura e boa semana!

Gustavo, Angélica, Fabiana e Gabriela


Semana de 17 a 23 de Janeiro

RODADAS DE INVESTIMENTO

  • O Mercado Livre fez aportes de valores não revelados em duas empresas do mercado de cripto. Um deles foi na holding 2TM, dona do Mercado Bitcoin. O outro foi na Paxos, que atua com infraestrutura de blockchain. “Os ativos digitais e a tecnologia blockchain representam um fenômeno único, global e coletivo que quebra barreiras e cria um campo de atuação nivelado e aberto para que todos os usuários alcancem o empoderamento econômico, o que está muito alinhado com nossa missão como empresa”, disse André Chaves, vice-presidente sênior de estratégia e desenvolvimento corporativo do Mercado Livre, em comunicado. Ano passado o Mercado Livre já tinha feito um investimento em bitcoins com a compra de US$ 7,8 milhões. O marketplace também anunciou recentemente que iria aceitar a compra e a venda de moedas na plataforma.  
  • Alugar um apartamento mobiliado digno de revista de decoração por 1 mês ou mais, com tudo o que você precisa. Essa é a proposta da proptech Tabas, que anuncia a captação de R$ 80 milhões (US$ 14 milhões) em série A liderada pela Blueground. A empresa pretende usar a grana para acelerar a expansão e crescer para mais bairros em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde já atua, e para outras cidades do Brasil, primeiramente em Brasília. Em 2023, o México será o primeiro destino internacional da proptech.
  • Futuro unicórnio do agro, a Agrolend, que oferece crédito para produtores rurais e quer se tornar o banco digital do agro, fechou sua 2ª rodada de investimento, trazendo para o caixa R$ 80 milhões adicionais. O aporte foi liderado pelo Valor Capital Group. O plano é chegar a R$ 400 mi concedidos em 2022 e a R$ 1 bilhão em 2 anos.
  • A Vegan Business, plataforma de equity crowdfunding focada em produtos plant-based fechou sua primeira captação para a empresa de cosméticos Chameleon Sun. A rodada atraiu 23 investidores e em menos de uma hora a plataforma atraiu R$ 505 mil para a startup. Nos próximos meses, a empresa vai fazer 7 rodadas, apoiando empresas em estágio inicial de setores como foodtech e moda.
  • A Partyou, plataforma com produtos e serviços financeiros para universitários, recebeu um aporte de R$ 10 milhões em rodada série A liderada pelo Inovabra Ventures, braço de investimentos de venture capital do Bradesco. O dinheiro será utilizado para o crescimento da empresa e para transformar a vida universitária no Brasil, em diferentes níveis, elaborando novas soluções para esse nicho.
  • O SEMEAR, banco mineiro especialista no varejo de eletromóveis, fez seu 1º aporte em uma fintech de Buy Now Pay Later – BNPL. Com um investimento de R$ 1 milhão, a instituição adquiriu parte da fintech Pag Dividido. O negócio, que ainda aguarda autorização do Banco Central, permitirá a oferta de novos produtos aos consumidores, viabilizando crédito simplificado e parcelamento das compras no check-out em ambientes de compras on-line.
  • O Grupo SBF, dono da Centauro, por meio da SBF Ventures, fez um investimento na Sportheca, um estúdio de inovação e tecnologia na área de esporte. Com o negócio, foi criada uma nova empresa, a OneFan, uma sportstech que vai atuar na relação dos torcedores e fãs com as entidades esportivas, por meio de tecnologia e inteligência para promover o sportainment (esporte somado ao entretenimento). 
  • A fintech Slice, que quer ser a infraestrutura tecnológica para marketplaces e fintechs, com soluções que vão desde o split de pagamentos à liquidação automática e à antecipação de recebíveis, levantou uma rodada de R$ 2 milhões. Foram 11 investidores que colocaram o dinheiro, com o ex-HSBC Alexandre Thorpe sendo o âncora da captação.
  • O BV fez um investimento de valor não revelado no S3 Bank, uma plataforma de banking as a service.

FUSÕES E AQUISIÇÕES 

  • A Celcoin, fintech que fornece infraestrutura de tecnologia financeira e banking, anuncia a compra da Galax Pay, startup mineira de cobrança recorrente. A aquisição é a 1ª da história da fintech e também representa um marco para o Startups. É o 1º evento de liquidez de uma companhia que apareceu na nossa série Além da Faria Lima. A compra vem na esteira dos R$ 55 milhões captados pela Celcoin em julho/21, quando sinalizou o interesse em explorar aquisições.
  • A StartSe deu a largada para os investimentos de 2022. Em sua 1ª operação do ano, a plataforma de educação voltada à nova economia fez um investimento na Digitaliza.ai, marketplace de soluções digitais para pequenas e médias empresas. Essa é a 4ª operação da empresa desde que recebeu um aporte de R$ 75 milhões da gestora Pátria Investimentos, em novembro do ano passado. 
  • A ClearSale, empresa de soluções antifraude para setores como e-commerce, vendas diretas e telecomunicações, comprou a fábrica de softwares Beta Learning. Essa é a 1ª aquisição da companhia em mais de 20 anos de história. Segundo Bernardo Lustosa, diretor-executivo da Clearsale, o interesse na Beta Learning vem principalmente da qualidade do time. Com a incorporação, a companhia vai suprir sua necessidade de mão de obra e formar outros profissionais de tecnologia para apoiar o setor.
  • A desenvolvedora de software Softplan comprou a Projuris, de gestão de departamentos jurídicos e escritórios de advocacia. A legaltech é a 3ª aquisição em 1 ano da companhia catarinense que, no início de 2021, criou uma área dedicada à busca de novos negócios digitais;
  • A mineira Track.co, especializada em experiência do cliente, comprou a HFocus. A operação foi concretizada com troca de ações e injeção de capital dos sócios. Os valores envolvidos não foram revelados.
  • O Gympass ampliou sua presença na Europa com compra de duas empresas que pertenciam à Sodexo Benefits and Rewards Services: a Andjoy na Espanha e a 7Card na Romênia;
  • A Sinqia anunciou a compra da Lote45 por R$ 79,5 milhões em parcela à vista e futuramente uma parcela adicional de valor condicionado à receita líquida em 2022. A Lote45 é uma empresa de gestão de portfólio e controle de riscos para gestoras de recursos, escritórios familiares, fundos de pensão e seguradoras. A Taxa de Crescimento Anual Composta (CAGR, na sigla em inglês) da companhia foi de 32,4% nos últimos cinco anos e seu sistema de software monitora um total de R$ 1 trilhão em ativos. Essa á a 23ª aquisição feita pela Sinqia.
  • A Microsoft sacudiu o mercado com o anúncio de uma oferta de US$ 68,7 bilhões em dinheiro para comprar a Activision Blizzard. Com o acordo, jogos como World o Warcraft, Candy Crush e Call of Duty terão Bellevue (onde fica a sede da Microsoft) como nova casa. O negócio é emblemático porque reforça a posição da Microsoft no mundo dos videogames – onde ela disputa espaço com o PlayStation da Sony – e também a coloca em uma posição interessante para o desenvolvimento do metaverso. Fora que todos esses jogos ficam hospedados na nuvem, o que dá um impulso adicional ao serviço Azure da companhia. A compra acontece no momento em que a Activision Blizzard passa por uma série de problemas internos relacionados a denúncias de assédio sexual, bullying e disciminação. Fatos que, pelo que se tem falado, eram do conhecimento, e muitas vezes até praticados pelo presidente da companhia, Bobby Kotick (que apesar de tudo vai sair algumas dezenas de bilhões de dólares mais rico com a venda da companhia).     

NOVOS FUNDOS

  • O Pravaler concluiu a emissão de R$195 milhões em FIDCs (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios). Os recursos serão utilizados para ofertar financiamento de cursos de graduação. Esta é a primeira emissão  do Pravaler em 2022 e a classificação segue avaliada como “brAAA”, com reafirmação de rating para as demais séries pela S&P Global Ratings, o que reforça a solidez e a saúde financeira das operações. As taxas destas emissões são indexadas ao CDI e com prazos que variam entre 60 e 84 meses. No ano passado, em duas rodadas, a empresa emitiu mais de R$ 350 milhões em FIDCs.

CONFRARIA

  • O Latitud, fundo de venture capital com foco na América Latina, se prepara para lançar uma ‘confraria’ de investidores-anjos como parte de sua visão de reduzir o atrito de investimentos em startups, captação de recursos e desenvolvimento de negócios. Com seu primeiro grupo oficial de anjos previsto para ser lançado em 31 de janeiro, o Latitud pilotou o fellowship apenas para convidados com um grupo de investidores cujos negócios têm um valor combinado de aproximadamente US$ 25 bilhões. Os participantes desta primeira fase incluem nomes como Loreanne Garcia, cofundadora da autotech mexicana Kavak, e Paulo Veras, cofundador da empresa de mobilidade 99, o primeiro unicórnio brasileiro. De acordo com Brian, em vez de visar um certo número de anjos na ‘confraria’, o projeto trata de reunir um grupo de indivíduos de alto calibre. “Se você olhar para os Estados Unidos ou alguns lugares na Europa, há um grande volume de [fundadores] reinvestindo no ecossistema agora. Então achamos que existem centenas, senão milhares, de futuros investidores anjos [na América Latina]”, diz o investidor em entrevista ao Startups.

MOBILIDADE

  • O Cubo lançou um hub para fomentar as mobtechs, como são chamadas as startups que desenvolvem soluções para a mobilidade urbana. Batizado de Cubo Smart Mobility, o objetivo é estimular o desenvolvimento de soluções tecnológicas que possam ser incorporadas às cidades do Brasil e da América Latina, beneficiando a população, melhorando o transporte e o trânsito em geral. A iniciativa é feita em parceria com a Bike Itaú, que compartilha bicicletas públicas pelas cidades, e a ConectCar, empresa de soluções de pagamentos eletrônicos em pedágios e estacionamentos. O iCarros, marketplace do Itaú que oferece soluções para a compra e venda de veículos e o serviço de compartilhamento de veículos elétricos vec Itaú também participam do projeto.

DANÇA DAS CADEIRAS

  • O PicPay reforça sua estratégia de superar os atuais 60 milhões de clientes com a contratação de Phil Calçado como diretor de tecnologia. O executivo vai liderar um time de 1,5 mil colaboradores. Com mais de 20 anos de experiência na área, Phil foi diretor da SoundCloud e da WeWork, e tem passagens pela ThoughtWorks, DigitalOcean, Meetup e SeatGeek.
  • O ex-diretor de tecnologia da Anheuser-Busch InBev, Gustavo Pimenta, é o mais novo contratado da fintech Marvin. A empresa começou a montar um comitê com grandes nomes do mercado que participam mais ativamente das discussões estratégicas da companhia e Gustavo é mais um reforço para esse time.
  • Fernanda Weiden é a nova diretora de tecnologia da VTEX. Fernanda será responsável por unificar as áreas de Engenharia, Produto e Design, e terá como prioridade a confiabilidade da plataforma e a escalabilidade das soluções. O objetivo da reestruturação é aumentar o foco no usuário final, na estrutura de backoffice e no ecossistema externo, como parceiros implementadores que desenvolvem as lojas virtuais para os clientes.
  • A legaltech EasyJur anuncia Fábio Camargo como Sales Ops, que chega com o desafio de aprimorar o time de vendas da companhia. O executivo tem mais de 10 anos de experiência na área comercial, sendo a maior parte em funções de liderança.
  • Cristina Duclos é a nova diretora de do dr.consulta. Com mais de 20 anos de experiência nas áreas de marketing, digital, branding, varejo, comercial e relacionamento com o consumidor, Cristina tem passagens pela Electrolux, Wunderman, Vivo e Claro/BCP.
  • O brasileiro Maurício Magaldi, ex-IBM e especialista em blockchain, foi contratado pela consultoria britânica 11:FS para ajudar bancos e fintechs a construir suas estratégias na área de criptomoedas.
  • A foodtech Food To Save contratou Guido Bruzadin para assumir o cargo de CTO (Chief Technology Officer. O executivo ficará responsável por gerenciar todas as ações relacionadas à tecnologia na foodtech, responsabilidade que também estava à frente no IFood, empresa em que trabalhou a maior parte da carreira.
  • A Clicksign contratou Raquel Trindade para assumir o cargo de Chief Business Officer (CBO)
  • O next anunciou a contratação de dois novos executivos para reforçar a gestão de produtos financeiros: Ana Carolina Camargo, ex-Pagbank, como nova head de Investimentos; e Glauter Mikahil, ex-Dotz, como novo head de Contas e Cartões. Ambos compõem o time de Laura Chaves, CPO (Chief Product Officer) do next.
  • O PicPay anunciou a contratação do executivo Phil Calçado como Chief Technology Officer (CTO) global.
  • Gustavo Pimenta, ex-CTO da Anheuser-Busch InBev se juntou à fintech Marvin como sócio e senior advisor

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