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CODEX - Uma baleia chamada SoftBank e a correção nas ações de tech

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Boa tarde,

A semana foi animada com novidades na disputa entre Stone e Totvs para levar a Linx, e uma inesperada (mas muito aguardada) correção nos valores das ações da empresas de tecnologia (que segue acontecendo hoje). Aliás, muito da valorização dos ativos nos últimos meses está ligado à atuação da SoftBank no mercado de capitais, segundo apuração do Financial Times.

Teve também a apresentação dos prospectos preliminares dos IPOs de Méliuz, Wine, Enjoei e Housi (também já esperado). A ver como os investidores vão receber os números e expectativas das companhias e se a correção começada na semana passada vai afetar as avaliações.

Em termos de rodadas de investimento, nessa semana elas forma superadas pelas aquisições: foram quatro anúncios de aportes contra cinco de compras.

Boa leitura e boa semana.

Gustavo Brigatto
Fundador e Editor-Chefe


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Prospectos de IPO

Méliuz, Wine, Enjoei e Housi apresentaram os prospectos para suas ofertas de ação na B3 e se juntaram à Mosaico na fila de possíveis IPOs. Os documentos têm caráter preliminar e não trouxeram informações sobre quantidade de recursos a serem captados, nem preço das ações. Essas informações só serão apresentadas quando houver uma sensibilidade quanto a aceitação do mercado vinda das apresentações a investidores.

Tá, mas e daí?

O fato de as empresas terem apresentado seus prospectos não quer dizer que elas vão para a bolsa. O processo pode ser abortado a qualquer momento caso não haja demanda dos investidores. Alguns fatores podem impactar as expectativas como a concorrência com outros IPOs de maior porte e o próprio entendimento do mercado sobre as operações das companhias e o que ela podem continuar apresentando de resultado no futuro.

A Enjoei, por exemplo, opera com prejuízo. Será que vai convencer os investidores? A empresa, aliás, tinha feito uma carta aos investidores toda divertidinha no material enviado à CVM  na quinta-feira. Na sexta, um novo documento foi enviado. Sem a carta.

A ver também como a atual correção nos preços das ações das empresas de tecnologia lá fora (leia mais sobre isso abaixo) vai afetar a percepção do mercado aqui no Brasil.

 


A briga pela Linx , parte… nem estou mais contando

Linx

Stone e Totvs andaram em silêncio nas tratativas para a compra da Linx, mas resolveram voltar à carga na semana passada. Na terça-feira, a Stone apresentou aos conselheiros independentes uma oferta revisada, com valor total mais alto (R$ 6,2 bilhões, contra R$ 6,1 bilhões), valor de multa menor caso o negócio não seja concretizado, pagamento reduzido aos fundadores em seus contratos de non-compete e também uma proposta de trabalho com valores menores para Alberto Menache.

Em comunicado sobre o recebimento da proposta (que foi considerada “patética” por Fábio Alperowitch, da Fama Investimentos), a Linx disse que a oferta da Stone tinha sido avaliada e aprovada pelos conselheiros independentes e que ainda não podia falar nada sobre a Totvs porque a companhia não havia formalizado sua proposta (apresentada inicialmente no dia 14 de agosto), nem tinha apresentado documentos sobre as consultas à SEC e ao CADE com relação ao negócio.

Na sexta-feira, fim do dia, a Totvs anunciou que tinha feito a formalização.

Tá, mas e daí?

A novela do destino da Linx está bem longe de acabar. Ela só terá um fim mesmo quando os acionistas da companhia avaliarem as proposta em uma assembleia, o que ainda não tem data para acontecer – alguns dizem que seria só me novembro. Até lá, Stone e Totvs vão ficar em um trabalho de bastidores tentando convencer o mercado e acionistas que sua proposta pela companhia é a melhor para os seus interesses.

Enquanto isso, se você não assistiu ao webinar feito pelo Startups para discutir o assunto, corre lá.

 


Uma baleia chamada SoftBank

baleia softbank

Sabe a alta espetacular nas ações das empresas de tecnologia nos últimos meses que todo mundo disse que estava ligada à aceleração no uso de ferramentas digitais e que criou temor de ser uma bolha? Bom, um novo fator apareceu na conta para explicar essa história. E ele se chama SoftBank.

A companhia, que recentemente incluiu em sua estratégia a atuação como gestora de investimentos em empresas de capital aberto, foi identificado pelo Financial Times como responsável por turbinar a valorização das ações de companhias do setor de tecnologia. Por conta da mão pesada, a companhia foi apelidada de “baleia da Nasdaq“.

As operações de opção compra – quando alguém se compromete a comprar uma ação por um valor previamente estabelecido – levaram a uma corrida por papéis de empresas de tecnologia e podem ter rendido à SoftBank US$ 4 bilhões em poucos meses. O montante é mais da metade do prejuízo que o grupo japonês amargou em 2019 por conta de problemas nos investimentos feitos por meio do Vision Fund (Oi WeWork!). O mercado não gostou nada da atuação da companhia e ontem suas ações amargaram queda de 7%.

No fim da semana passada uma correção já tinha atingido os papéis das empresas de tecnologia, com algum grande vendedor se desfazendo de papéis (a própria SoftBank realizando lucros, talvez?). A Apple chegou a cair 8% na quinta-feira, perdendo US$ 180 bilhões em valor de mercado (a mágica, ou terror dos grandes números já que a empresa vale maus de US$ 2 trilhões). A Tesla recuou 9% e a Zoom outros 10%. A onda de venda de papéis continua hoje.

Tá, mas e daí?

Agora está tudo resolvido. Não existia bolha nenhuma! Era só a SoftBank inflando o mercado (mais uma vez). Vida que segue. Quem dera as coisas fossem simples assim. A correção nos preços das ações das empresas de tecnologia deve continuar por mais algum tempinho, mas o movimento de aproveitar as barganhas logo vai retornar. Não, a bolha, se você acredita nela, não vai estourar. Vai só desinchar. E talvez comece a encher de novo. Talvez com um pouco mais de calma já que o mercado agora está mais atento à atuação da SoftBank e seu bolso fundo. A própria companhia deve dar uma maneirada em suas ambições para não levantar tanta lebre nas próximas operações. Pelo menos é o que se espera.

 


Rodadas de investimento

  • Depois do Nubank, foi a vez do Neon anunciar uma rodada de R$ 1,6 bilhão. O aporte foi novamente liderado pela General Atlantic, que tinha liderado a rodada anterior do neobank, de R$ 400 milhões, em novembro/19. Também participaram BlackRock, Vulcan Capital, PayPal Ventures, Endeavor Catalyst (que entraram agora) além de Monashees, Flourish Ventures (antiga Omidyar Network) e Propel Venture Partners, do BBVA.
  • A Fazenda Futuro levantou uma rodada de R$ 115 milhões. Com o aporte, que contou com a participação de fundos do BTG Pactual, do multi family office Turim e da Enfini Investments (que já tinha investido na companhia em 2018) a foodtech diz ter chegado a um valuation de R$ 715 milhões.
  • O Meli Fund, do Mercado Livre, fez um aporte de valor não revelado na startup brasileira de logística “last mile” Kangu.
  • A fintech Grana Capital fez uma captação de R$ 700 mil em apenas quatro dias pela plataforma de equity crowdfunding SMU.
  • Não é exatamente uma rodada, mas funciona como uma, de certa forma. O Banco Inter, que ano passado recebeu investimento do SoftBank, fez uma oferta de ações (follow-on) e levantou R$ 1,2 bilhão. As ações saíram contada a R$ 62,50. O banco promete usar os recursos para fazer aquisições que fortaleçam suas cinco verticais: banking, crédito, investimentos, marketplace e seguros.

 


Aquisições

  • A Mediação Online, ou só MOL, lawtech de mediação de conflitos comprou a Robobiz que atua no mesmo segmento, mas usando tecnologia de automação de processos (robot process automation) para capturar demandas entre consumidores e empresas. O valor da operação não foi revelado.
  • O Magazine Luiza fez mais uma aquisição e arrematou o aplicativo de entrega de comida Aiqfome. É a sexta aquisição da companhia área de tecnologia no ano. O aplicativo atende 350 cidades com uma plataforma de 2 milhões de clientes e 17 mil restaurantes, movimentando cerca de 700 milhões de reais por ano.
  • Com o caixa recheado depois de uma rodada de R$ 375 milhões com a SoftBank e a L Catterton, a Petlove comprou a Vetus, desenvolvedora de um software de gestão direcionado a petshops, clínicas e hospitais veterinários. O valor da operação não foi anunciado.
  • A corretora Avenue, de Roberto Lee, comprou a corretora de câmbio Bexs. O valor da operação não foi revelado. O banco Bexs, do mesmo grupo, e que a Avenue usa para depósito de recursos de seus clientes, não fez parte do negócio. É o segundo negócio da companhia em duas semanas. No fim de agosto a Avenue comprou a corretora Coin. Os negócios ainda precisam de aprovação do Banco Central.
  • Com seu futuro ainda em discussão, a Linx anunciou a compra da desenvolvedora de software de gestão de folha de pagamento Humanus por até R$ 19 milhões.

 


Investimento em mulheres

  • Lançado em novembro/19, o fundo Capital Semente Inova WE, da Microsoft, já fez dois investimentos: Pack ID, fundada por Caroline Dallacorte, que faz monitoramento de temperatura e umidade de ambientes em tempo real e a WE Impact, uma iniciativa do próprio fundo pra fomentar novos negócios.

 


XP e as startups

  • A XP oficializou a criação de uma área para atuar com startups, a XP Ventures. A unidade criada há cerca de um ano já fez alguns negócios, como a compra da Antecipa e do aplicativo Fliper, mas só agora foi oficialmente comunicada ao mercado. Sob o comando de Marcos Sterenkrantz, também responsável pela área de inovação da gestora, o objetivo é fazer os investimentos analisando caso a caso, sem ter um fundo constituído.

 


Além dos bancos

  • E falando em Banco Central, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, anunciou que as iniciativas até agora feitas sob o guarda-chuva de open banking passarão a ser chamadas de para open finance para refletir o alcance mais amplo do que se pretende fazer.

 


Além do Brasil

  • A Ativy, empresa de computação em nuvem criada em 2012 como um spin off da Ascenty, abriu um escritório no México e vai investir R$ 80 milhões em sua expansão até o ano que vem. O plano é estabelecer operações na Colômbia, no Chile e no Peru nos próximos meses.

 


Super varejista (mais um)

  • A rede de supermercados Muffato, a quarta maior do país, lançou sua própria conta digital, a MuPay. A rede – que tem 66 lojas no Paraná e no interior de São Paulo – já tinha um cartão de crédito virtual e com a nova iniciativa completa um projeto que ela chama de Muffato Payment, de iniciativas no mundo financeiro e também compõe sua estratégia de superapp. Além de descontos no Super Muffato e no Max Atacadista (suas bandeiras de varejo e atacarejo) a conta poderá ser usada para acessar serviços como Uber e iFood, pagar boletos, faturas de contas de água, luz e gás e colocar crédito no celular.

 


Conta digital do iFood

  • O iFood começou a oferecer uma conta digital e cartão de crédito para os restaurantes cadastrados na sua plataforma. A estrutura dos serviços é oferecida pela Movile Pay, sua divisão de serviços financeiros. A operação, por sua vez, está baseada nas ofertas da fintech Zoop, que recebeu investimento da Movile em 2018.

 


Mais crédito na praça

  • O banco digital InoveBanco, dono da maquininha InovePag, vai oferecer crédito aos lojistas que usam o equipamento por meio do BTG Pactual Business. Os empréstimos às companhias de pequeno e médio porte terão carência de seis meses e prazo de pagamento de 18 meses.

 


Aumento de capital

  • O Banco Central aprovou o pedido de aumento de capital social do Nubank. Assim, a Nu Pagamentos (razão social do neobank) passou de R$ 1,557 bilhão para R$ 2,087 bilhões. A operação foi proposta em assembleia geral extraordinária do Nubank feita em 1º de julho, poucos dias depois de a companhia concluir uma nova rodada de investimento de US$ 300 milhões.

 


Operação independente

  • O Bradesco deu vida independente ao seu banco digital Next. Com isso, a operação passa a funcionar como uma empresa do grupo e não mais como um departamento dentro do banco. Além de produtos do próprio Bradesco, o Next vai oferecer também produtos de terceiros.

 


Recuperação judicial aprovada

  • A Justiça deu luz verde para o pedido de recuperação judicial da Grin e da Yellow. Com a decisão, as companhias terão proteção para negociar R$ 38 milhões em dívidas com fornecedores e funcionários – o maior credor é a fabricante de bicicletas Caloi, com R$ 15 milhões a ver. O plano de recuperação deve ser apresentado em um prazo de 60 dias corridos.

 


Novo centro de distribuição

  • A Amazon iniciou a operação de seu quinto centro de distribuição no Brasil. O novo espaço em Cajamar (SP) é o maior da companhia no país, com 100 mim m². Ao todo ela conta com 300 mil m² no país.

 


Opiniões mais variadas

  • Criada pelo ex-Credit Suisse Roberto Attuch Jr., a Omninvest quer dar mais pluralidade às informações que o brasileiro usa para tomar decisões na hora de investir. Para isso, a proposta é atuar como um marketplace onde analistas de diferentes partes do mundo publicam seus relatórios. A companhia tem 50 nomes cadastrados e pretende chegar a 200. O negócio foi criado com dinheiro do próprio Attuch Jr., que agora busca um investidor.

 


Marketplace de saúde

  • Na linha do modelo de marketplace, o Fleury lançou o Saúde iD, um marketplace de serviços de saúde.

 


Novas medidas de segurança

  • A Uber anunciou uma série de novos recursos e iniciativas voltadas à segurança no transporte de passageiros e de comida. As novidades incluem a checagem de documento dos usuários, checagem de segurança alimentar para restaurantes, a criação de conteúdos educativos de segurança viária para os entregadores parceiros e a expansão de ferramentas como a detecção de paradas inesperadas – que agora também vai identificar se a viagem terminar antes do destino final – e gravação de áudio, que será expandida para todo o Brasil.  De acordo com a empresa, desde o começo da pandemia ela já investiu R$ 50 milhões em medidas de segurança e apoio no Brasil (incluindo R$ 11 milhões em assistência financeira para os parceiros e R$ 8 milhões em reembolso de máscaras e álcool em gel).

 


Leituras recomendadas

 


Download

  • O CB Insights compilou uma lista com as 250 fintechs mais promissoras do mundo.
  • Ainda no tema fintechs, a Kore Fusion fez um mapeamento de iniciativas na América Latina.
  • A Endeavor montou um guia que traz dados sobre 140 fundos de investimento, 70 fintechs de crédito e 23 bancos com linhas de financiamento para empresas de alto crescimento.