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CODEX: Uma pirueta, duas piruetas

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Boa tarde,

O mundo está muito doido. Bom, você já deve ter percebido isso na política, na economia, no dia a dia. E no mundo do venture capital e das startups não está diferente. Com tanta liquidez e expectativas, os valuations estão lá no alto. O caso mais recente é o do Nubank. Tão dizendo que o neobank, pode ser avaliado entre US$ 75 bilhões e US$ 100 bilhões no IPO previsto para acontecer na Nasdaq entre o fim do ano e o começo de 2022.

Sabe quem valeu isso no 1º dia de listagem? A Coinbase. Sabem que não segurou as pontas e hoje vale perto do que a oferta foi precificada – US$ 65 bilhões? O mesmo Coinbase. É empolgante pensar em uma empresa brasileira fazendo um IPO gigante na gringa. Mas seria ainda melhor ter um bom IPO com um desempenho consistente nas semanas e meses seguintes do que um pop seguindo de um flop.

Enfim, a ver as cenas dos próximos capítulos – e as piruetas dos investment bankers.

Boa leitura e boa semana!

Gustavo Brigatto
Fundador e Editor-Chefe


SEMANA DE 23 a 29 de AGOSTO

 

RODADAS DE INVESTIMENTO

  • A Cora anunciou sua série B apenas 4 meses depois de ter feito sua rodada de série A. Na captação, a companhia levantou R$ 630 milhões (US$ 116 milhões). A rodada foi liderada pela Greenoaks, que tinha entrado na série A, e contou com a participação de Ribbit Capital, Kaszek Ventures e QED Investors que já eram investidores. Dois novos nomes também entraram: Tiger e Tencent. Segundo Igor Senra, fundador do banco digital para PMEs, a dupla tinha ficado de fora da série A, e foi acomodada agora;
  • A Marco Investimentos, escritório autônomo ligado à XP que oferece serviços de assessoria para pessoas físicas e jurídicas por meio de plataforma digital, levantou R$ 6,5 milhões em sua 1ª rodada de investimento. O aporte foi feito por um investidor que não teve seu nome revelado por contra de contrato de confidencialidade. A operação foi assessorada pela Biancamano Capital;
  • A CBMM, mineradora brasileira dona de 80% do mercado de Nióbio, liderou uma rodada de R$ 72 milhões por uma fatia de 13% na Echion, startup britânica fruto de um spin-off da Universidade de Cambridge e que desenvolve materiais avançados para baterias de íons de lítio. O fundo britânico BGF também integrou a rodada, que contou ainda com a participação de outros nomes que já investiam na operação. Até então, a Echion havia captado £ 3,1 milhões (aproximadamente R$ 22,7 milhões) junto aos fundos Newable Ventures, Parkwalk Advisors e Origin Capital;
  • A edtech Driven, que atua na formação de profissionais para o mercado de tecnologia, levantou uma rodada seed de R$ 16 milhões liderada pela Iporanga Ventures que contou com a participação de ONEVC, FundersClub e 3G Radar. Patrick Sigrist (iFood e Nomad), Sergio Furio (Creditas) e Brian Requarth também entraram;
  • A Iporanga também liderou uma rodada na Abstra, dona de um sistema que permite a criação de aplicativos de forma simplificada. O pré-seed de R$ 3,6 milhões vem no momento em que a companhia participa do programa de aceleração da Y Combinator (cujo demo day vai acontecer nesta semana);
  • Falando em Y Combinator, a paranaense Datlo, que desenvolveu uma plataforma de cruzamento de dados públicos para planejamento de empresas também estará na apresentação depois de participar do programa de aceleração – e receber os US$ 125 mil por uma participação de 7% da YC;
  • Amachains, uma startup de Belém do Pará que faz uma plataforma de gestão de rastreabilidade voltada para o agronegócio, levantou uma rodada de investimento-anjo de R$ 400 mil. O aporte foi liderado pela Anjos do Brasil, que investiu 90% do total, e contou com a participação de investidores independentes;
  • A DataMilk, retailtech que desenvolveu uma IA para aumentar vendas no ecommerce, levantou uma rodada de US$ 1,7 milhão liderada pelo fundo Big Bets que contou com participação dos fundadores da VTEX, Mariano Gomide e Geraldo Thomaz, além do fundo russo RTP Global e do alemão Angel Invest;
  • Suflex, que ajuda bares e restaurantes a terem operações mais profissionalizadas e com menos desperdícios, levantou R$ 2 milhões em uma rodada liderada pela GVAngels que contou com a participação de nomes como Benny Goldenberg, da LaGuapa; Philippe de Grivel, do Subway; Marcelo Cherto, do Grupo Cherto; Daniel Arbix e Leonardo Longo, do Google; e Guilherme Potenza, da BZCP;
  • Tuna, uma startup voltada ao ecommerce fundada em 2019 por ex-executivos do Peixe Urbano, levantou R$ 15 milhões com os fundos Canary e Atlantico – que contam com a participação de Julio Vasconcellos, fundador do Peixe Urbano;
  • A Dr. Cash, que funciona como um meio de pagamento alternativo para quem precisa pagar por um procedimento médico ou odontológico, levantou sua 2ª rodada de investimento. O aporte de R$ 1,5 milhão foi feito pela Bossanova e pelo japonês Incubate Fund, que acaba de desembarcar no Brasil. A ideia é fazer de 7 a 10 investimentos que variem entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões de um fundo de R$ 15 milhões dedicados ao Brasil.

FUSÕES E AQUISIÇÕES

  • A Loft comprou a CredHome para avançar na concessão de crédito para quem quer comprar um imóvel. O anúncio aconteceu menos de 1 mês depois de a proptech – ou melhor dizendo, propfintech – ter comprado a CredPago para ajudar quem quer alugar um imóvel e precisa de um fiador;
  • O banco Inter fez sua estreia em solo americano com a compra da USEND, fintech fundada pelo brasileiro Fernando Fayzano. O valor da operação não foi revelado;
  • A OiMenu, startup catarinense de cardápios digitais, comprou a Styme, uma de suas principais concorrentes. As duas empresas digitalizam cardápios para bares e restaurantes, mas com a Styme em seu portfólio, agora a OiMenu também passa a oferecer um sistema de gerenciamento de filas e reserva de mesas. O interesse veio na esteira de um investimento-anjo recebido pela empresa. Há alguns meses, a startup atraiu a investidora Camila Farani e o ator e empresário Caio Castro, que adquiriram 10% do negócio, em troca de uma injeção de capital de R$ 300 mil durante o programa Shark Tank Brasil.
  • O Mercado Livre comprou a startup de entregas Kangu, na qual tinha feito um investimento em setembro do ano passado por meio de seu Meli Fund. O valor da operação não foi revelado;
  • A Arco Educação comprou a edtech Eduqo. O valor da operação foi de R$ 30 milhões, mas pode chegar a R$ 50 milhões com o earn-out. A Eduqo tinha como investidores seus fundadores e os fundos Plataforma Capital e Crescera Capital;
  • Um dos principais sites de notícias sobre política nos EUA, o Politico, foi vendido por US$ 1 bilhão para a alemã Axel Springer. O valor significa um múltiplo de 5x receita. Para efeito de comparação, o New York Times negocia a 4 vezes. Essa é a 3ª operação do grupo nos EUA. Em 2015 ela comprou o Business Insider. Ano passado arrematou a newsletter Morning Brew;
  • O grupo suíço de soluções odontológicas Straumann comprou a startup brasileira Smilink por um valor não divulgado.

NOVOs FUNDOS

  • A Andreessen Horowitz lançou um novo fundo de US$ 400 milhões para fazer investimentos seed. Segundo texto publicado no site da gestora, desde 2020, cerca de metade dos seus investimentos foram nesse perfil de companhia, que é o coração do mercado de venture capital. “Apesar de ter um fundo de seed não significar uma mudança de estratégia – seed sempre foi um foco central – isso reforça nosso comprometimento para investimentos nessa faixa como uma algum de primeira linha para a companhia. E estamos dedicados a oferecer a melhor plataforma para levar as empresas do seed ao IPO”, escreveu a Andreessen;
  • A Movile Pay levantou um fundo de direitos creditórios (FIDC) de R$ 200 milhões para o iFood. A ideia é usar os recursos para emprestar aos restaurantes e reforçar a estratégia de banco dos restaurantes do aplicativo;
  • O Pravaler, plataforma de soluções financeiras para educação do país, concluiu a emissão de R$176 milhões em FIDCs que será utilizada exclusivamente para ofertar financiamento aos interessados em cursar a ensino superior neste semestre. O valor aproxima a empresa da meta de beneficiar 1 milhão de estudantes e financiar R$10 bilhões.

CONTA NA GRINGA

  • A Avenue lançou a sua conta digital. Com o Avenue Banking, os brasileiros terão um cartão de débito de bandeira Mastercard que poderá ser usado para compras nos EUA e no mundo. Também será possível fazer transferências e receber recursos na terra do Tio Sam. O lançamento é o 1º passo na transformação da Avenue de uma corretora, como ela atuava desde seu lançamento em 2018 até agora, em um banco completo. A ideia é fazer essa transição em um prazo de 18 a 24 meses, incluindo nas ofertas novos produtos e serviços como cartão de crédito, seguros e até empréstimos, segundo Roberto Lee.

PERDENDO FÔLEGO

  • Uma das grandes dúvidas dessa pandemia era se o comércio eletrônico iria manter todo o vigor mostrado durante os meses de isolamento. Pelo visto, parece que não. Segundo um levantamento feito pela Mastercard, as vendas online caíram 9,65% em julho, enquanto o varejo físico apresentou avanço de 23,1%. Ok, as lojas estavam com números deprimidos por terem ficado muito tempo fechadas, então é natural que o desempenho avance de forma acelerada com a reabertura. Mas com inflação e desemprego em alta, não dá pra imaginar o consumidor comprando online e offline ao mesmo tempo. A tendência é mesmo de volta ao velho hábito de bater perna para fazer as compras.

VIDA LONGA À GUERRA DA MAQUININHAS (MAS SEM MAQUININHA)

  • A Ton, joint venture da Stone com a Globo voltada a autônomos e profissionais liberais, lançou um aplicativo que transforma o celular em uma maquininha de cartão. Para isso, o aparelho de quem vende precisa ser equipado com a tecnologia NFC, e o cartão de quem está comprando também precisa ser compatível com operações por aproximação. A ideia por trás da novidade é reduzir a barreira de adoção dos pagamentos com cartão, uma vez que a entrega e a manutenção de um aparelho como um maquininha ainda são empecilhos.

QUANTO VAI VALER O NUBANK?

  • Que o Nubank está às vésperas de fazer seu IPO todo mundo já sabe. Mas como a operação será estruturada e, principalmente, quanto o neobank vai valer no negócio são as perguntas que todo mundo está se fazendo no momento. Ao que tudo indica, a animação está bem grande. Até exagerada. O papo é que o Nubank pode valer entre US$ 75 bilhões e US$ 100 bilhões na listagem. Seria esse valor estrombólico o sinal de que o neobank tem um plano secreto que ainda foge do olhar do grande público? Ou seria só os banqueiros testando as águas para ver se cola? Seja como for, trata-se de uma faixa de valores beeeeeem puxada, vamos combinar. E não vou nem entrar no mérito de se o Nubank vale mais que os bancões brasileiros ou do que a Vale e a Petrobras. Vamos pegar um comparável da nova economia: o Coinbase. A exchange foi avaliada em US$ 65 bilhões em sua estreia na Nasdaq e chegou a valer mais de US$ 100 bilhões nos primeiros momentos de negociação. Hoje, 4 meses depois, o market cap está perto de US$ 68 bilhões. Será que o Nubank vale mais que a Coinbase? E mais. Será que teria condições de manter seu market cap lá em cima diferentemente da Coinbase?

AINDA O ROXINHO

  • Uma notícia que certamente não tem nada a ver com o quanto o Nubank vale foi o lançamento de um cartão para cachorros. Calma. É só uma versão de borracha do cartão roxinho do neobank. O colab com a Zee.Dog é uma resposta ao fato de muitos cachorros adorarem a ideia de comer o cartão de seus donos. Segundo o Nubank, nos últimos 8 anos, foram registrados mais de 6 mil casos do tipo. A novidade pode ser adquirida por R$ 49,90 na Lojinha do Nu (loja virtual do Nubank), no site da Zee.Dog e no app Zee.Now.

O HARAS DE UNICÓRNIOS LATINOS

  • A América Latina atingiu a marca de 29 unicórnios. São 19 no Brasil e 10 divididos entre Argentina, Chile, Colômbia, México e Uruguai. A SoftBank e a Kaszek são os principais financiadores do nascimento das empresas que valem US$ 1 bilhão ou mais. Cada um tem 11 nomes no portfólio. Na sequência está a Tiger, com 6.

DANÇA DAS CADEIRAS

  • A Mosaico (MOSI3), dona das marcas Buscapé e Zoom, anunciou Mauricio Cascão como novo presidente. O executivo entra no lugar de Thiago Flores, que passa a ocupar um assento no conselho de administração da companhia, como observador. Cascão deixou recentemente o comando da Mandic Cloud, que foi comprada pela Claranet;
  • A executiva Fernanda Nones vai liderar a área de proteção de dados da RD Station. Na companhia desde 2017, onde começou atuando diretamente com clientes na implementação de software, e depois se especializou em privacidade de dados, ela terá a missão de unir seus conhecimentos em direito, tecnologia e marketing para garantir a adequação às normas da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) internamente, com projetos de educação para funcionários, e externamente, com clientes, parceiros e ecossistema em geral;
  • A catarinense Asaas anunciou João Vitor Possamai como Chief Financial Officer (CFO). Nascido em Joinville e formado em Finanças e Contabilidade na New York University (NYU), Possamai ocupava o cargo de diretor no CPP Investments — maior fundo de pensão canadense —, atuando em investimentos no setor de infraestrutura na América Latina. Ele também já teve passagens pelo banco de investimentos Macquarie Group e pelo HSBC. Além dele, o empreendedor e investidor Bruno Dequech Ceschin assumiu como diretor de desenvolvimento corporativo.

RECOMENDAÇÕES DE LEITURA

FALTOU DA SEMANA PASSADA

  • A Aliansce Sonae criou um braço digital e de corporate venture capital, a Alsotech, que tem como sócio German Quiroga. De partida, a nova divisão fez um investimento de tamanho não revelado na logtech Box Delivery. Um outro aporte já foi feito, mas o nome ainda não foi revelado;
  • A argentina Frizata, foodtech flexitariana com modelo vertical de negócio (DNVB) anunciou sua chegada ao Brasil depois de captar uma rodada de investimento de R$25 milhões liderada pela SP Ventures. Também participam investidores como Marcos Galperin (Mercado Livre), Jaime Soler Bottinelli (Cencosud), Gonzalo Ramirez Martiarena (Louis Dreyfus e Swiss Pampa), Glocal e Norte Ventures;
  • Uma concorrente brasileira da Frizata, a Vida Veg, levantou R$ 18 milhões com a X8 Investimentos.