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Com aporte, MoReCo quer expandir oferta de "loja pronta as a service"

Voltada ao ramo de franquias, startup de lojas modulares conquistou clientes como Oakberry e ChiliBeans, e quer triplicar receita

MoReCo
MoReCo (Foto: divulgação)

Imóveis modulares via assinatura, como uma solução para a criação rápida e otimizada de lojas para redes de franquia. Com este conceito, a MoReCo nasceu como uma spin-off de duas construtechs em 2021. Corta pra 2024, e com uma base já sólida de clientes, a startup uniu forças com a Potato Valley Ventures, fundo especializado em proptechs, para impulsionar sua expansão.

O investimento da Potato Valley não foi divulgado, mas segundo as empresas, ele chega como algo estratégico para acelerar o modelo de negócios da MoReCo, que atualmente já tem mais de 112 unidades comercializadas – e a meta é triplicar de tamanho este ano, passando das 300 unidades – e triplicar de novo no ano que vem.

Segundo a Potato Valley, o investimento é um pré-seed que chega de R$ 10 milhões a R$ 15 milhões entre valores investidos e serviços que a gestora prestará à construtech para impulsionar negócios e fechar mais contratos com grandes empresas – o modelo da companhia é focado na parceria direta com os franqueadores.

Antes do investimento da Potato Valley, a MoReCo já tinha feito outras captações via crowdfunding: em 2021, captou R$ 1,42 milhão com 137 investidores pela Bloxs. No ano passado, levantou mais R$ 1 milhão em tokens de notas comerciais pela plataforma da SMU.

Em papo com o Startups, Thomaz Yves, sócio fundador da MoReCo, falou que o apoio da Potato Valley ajudará a MoReCo a acompanhar a demanda reprimida por este tipo de imóvel. “É uma tendência grande. Tem diversos franqueadores nos trazendo suas demandas atuais e agora teremos como suprir isso. Tem clientes com fila de espera que vão de 30 a 50 unidades para os próximos meses”, revela.

Quanto à capacidade de produção, os fundadores da MoReCo afirmam que este não é um gargalo, já que a startup tem por trás as estruturas das duas construtechs que a originaram: tanto a UP! Construções Inteligentes e a Ekontainers são especializadas em construções modulares.

Com o capital para suportar o aumento de produção, agora a companhia quer destravar o ritmo de entrega para algumas das grandes marcas que está atendendo. Na lista estão nomes como Chilli Beans, Kopenhagen, Puket, Oakberry, Natura, entre outros.

Ok, mas como funciona mesmo?

A MoReCo, cujo nome é um acrônimo para Modular Rental Company, oferece seus imóveis modulares a empresas em um modelo em que o capex (custo de capital) sai de cena. Em outras palavras, funciona como um “sala comercial as a service”, em que as redes podem encomendar lojas já adequadas às suas especificações e os franqueados podem pagar por elas mensalmente.

“Desenvolvemos nosso modelo com uma missão clara: libertar os empreendedores das preocupações com construções ou adaptações de imóveis para iniciar suas operações. Em maior parte, o maior custo para o franqueado é o investimento para abrir a loja, mas no nosso modelo, ele só precisa se preocupar com o aluguel do ponto onde instalar imóvel”, afirma Lyncoln Lemes, também sócio-fundador da construtech.

Thomaz Yves e Lincoln Lemes, cofundadores da Moreco (Foto: divulgação)
Thomaz Yves e Lincoln Lemes, cofundadores da Moreco (Foto: Divulgação)

Outro ponto citado pela constutech é o seu foco na sustentabilidade, pois usa painéis sustentáveis fabricados em PET reciclável. Além disso, em parceria com a greentech Umbloco, desenvolveu uma peça no formato de blocos plásticos de brinquedo para a construção de módulos.

“Assim como brincar com blocos, os projetos são montados rapidamente, formando as paredes da loja. Em poucas horas, os franqueados podem ter uma loja segura, bonita e sustentável”, afirma Thomaz Yves.

ROI

Conforme explica Lyncoln, os contratos dos franqueados são de 60 meses, mas pelo modelo da contrutech, o valor dos imóveis se paga em menos da metade do tempo (18 a 22 meses), com uma margem bruta de 73%, a um ticket médio de R$ 1,4 mil.

Neste modelo, a empresa faturou no ano passado R$ 1,5 milhão, quase um terço do faturamento total da companhia – R$ 565 mil vieram da venda dos imóveis, uma opção que também é oferecida para quem contrata o serviço.

Para 2024, a meta da empresa é bater a marca de R$ 6 milhões em faturamento, e chegar a mais de R$ 13 milhões em receita em 2025, chegando a mais de 800 lojas modulares comercializadas.

Segundo dados da McKinsey, o mercado de construção com módulos metálicos (containers) deve movimentar cerca de US$ 130 bilhões até 2030 apenas na Europa e nos EUA, onde esse modelo de negócio está em forte ascensão, devido ao seu baixo custo de implementação, rapidez e portabilidade: por serem modulares, as instalações podem ser montadas, desmontadas e transportadas quantas vezes for necessário.

“Por exemplo, se um franqueado não tiver sucesso com sua loja em um determinado ponto, ele pode simplesmente levar essa loja para outro espaço. Além disso, isso abre espaço até para oportunidades sazonais, como pop-up stores”, explica Thomaz.

Para José Ricardo Mannis, da Potato Valley, a união de forças com a MoReCo vem para aproveitar uma tendência que está começando a pegar no Brasil. “Mapeamos para os próximos 12 a 24 meses uma maior abertura para a parte de construção de lojas modulares, e já vemos muitos contratos que já estão performando bem. É uma barreira que, assim que rompida, trará uma grande escalabilidade para o MoReCo“, avalia.