
Bancar um novo sprint de crescimento a partir do próprio caixa é um privilégio que poucas startups tem, mas a gaúcha PipeRun está nesse seleto grupo. Com um investimento de R$ 10 milhões do próprio bolso, a desenvolvedora de CRM quer aprimorar seu produto e expandir sua presença no mercado brasileiro em 2026, com metas ambiciosas: a expectativa é crescer 40% nos próximos 12 meses.
Em conversa exclusiva com o Startups, o CRO da PipeRun, Fausto Reichert, aponta que esse novo ciclo é reflexo da maturidade que a companhia atingiu recentemente, depois de passar por ajustes estratégicos nos últimos anos.
De acordo com o executivo, a decisão de alocar esse volume de recursos em tecnologia está diretamente conectada à estratégia de longo prazo da empresa. “A gente entende que produto é a principal alavanca de crescimento. Quanto mais a gente investe em tecnologia, mais preparado o produto fica para escalar”, diz.
Agora, segundo o CRO, o momento é de avançar em frentes como inteligência artificial, especialmente em seus módulos de CRM de vendas, além de ampliar integrações nativas com a Meta (WhatsApp e Instagram Direct) e LinkedIn Ads.
Na visão de Fausto, o foco é evoluir a plataforma de forma consistente, adicionando inteligência, automação e capacidade analítica ao dia a dia dos clientes.
“A IA já é uma realidade em nossa estratégia e deve ganhar ainda mais peso em 2026. Ela não entra como algo separado. Precisa estar integrada ao processo comercial, ajudando o time de vendas a ser mais produtivo e tomar decisões melhores”, explica.
Para o CRO, o diferencial está em aplicar a tecnologia de forma prática.
“Não é IA pela IA. É IA resolvendo problemas reais do processo de receita. A ideia é que o cliente consiga enxergar mais dados, mais insights e mais possibilidades de ação dentro do produto”, pontua.
Hoje com 75 colaboradores e cerca de 1,6 mil clientes na sua carteira, incluindo nomes como Penalty, Sebrae, Marcopolo, Grendene e outros, a companhia está fechando 2025 com um faturamento recorrente (ARR) de R$ 17 milhões. Com a meta de crescer 40% no próximo ano, Fausto estima que a Piperun deve encerrar 2026 com uma receita recorrente de R$ 24 milhões a R$ 25 milhões.
Com o fluxo de caixa positivo, Fausto acredita que a PipeRun está em uma posição favorável para competir. Segundo o CRO, com o investimento em produto, a expectativa é incrementar recieta tanto no upsell, com clientes migrando de planos básicos para premium – hoje a empresa tem quatro tiers, que vão do básico ao avançado – quanto na aquisição de novas contas.
“Há organizações estabelecidas que perderam fôlego para evoluir produtos no ritmo que os clientes exigem e diante das oportunidades trazidas pela IA. Escolhemos um caminho de consolidação de produto e seguir no foco total no cliente”, completa.