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Com dark stores e sinergia com iFood, Bebida na Porta quer triplicar

Startup de entregas rápidas de bebidas foca em infra própria e parcerias com grandes marcas para impulsionar crescimento

Bebida na Porta
Bebida na Porta. Crédito: Canva

Hoje em dia, quando se pensa em delivery de bebidas aqui no mercado brasileiro, o nome Zé Delivery ainda é o primeiro que vem à mente. Contudo, para a startup Bebida na Porta, isso não intimida, já que a empresa está apostando em uma estratégia própria e parcerias de peso para abocanhar a sua fatia no mercado.

Fundada em 2019 por Jessica Gordon, que também é CEO, a empresa apostou em infraestrutura e operação própria para a entrega rápida de bebidas, o que rendeu à startup uma parceria com o iFood. Além de ter sua plataforma dentro do app de delivery, que concentra a maior parte dos pedidos da startup, a empresa também possui um aplicativo próprio.

A companhia atualmente conta com 30 dark stores e cerca de 100 mil pedidos por mês, ainda com uma cobertura concentrada nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo. “Hoje somos a terceira maior marca dentro do app, e quando o cliente quer bebida, o iFood nos indica”, revela a CEO.

Com o crescimento e fidelização dos clientes, a empresa mira o aumento de sua expansão dentro destas capitais e também em outras grande cidades do país. Segundo Jessica, a partir de 2023, a empresa planeja triplicar a sua presença, abrindo novas dark stores.

Para a CEO, o foco em plataforma e em logística de entrega é o grande diferencial da Bebida na Porta, e o que separa o modelo de negócios de competidores como o Zé Delivery, que apenas há pouco tempo começou a operar com dark stores. “Eles tem mais a ver com o iFood do que conosco, pois o foco dele está em conectar as pontas. Eles não apostam em cardápio e estoque como a gente”, explica.

Jessica Gordon Bebida na Porta
Take estilizado de Jessica Gordon, fundadora e CEO da Bebida na Porta (Foto: Divulgação)

Por falar em estoque, Jessica diz que este é um dos grandes pontos de fidelização junto aos clientes. Segundo ela, hoje cerca de 60% dos clientes retornam para fazer compras periódicas na plataforma da Bebida na Porta, fazendo seu “carrinho” completo de bebidas – algo que também se diferencia do Zé Delivery, que acaba puxando mais para a Ambev (por motivos óbvios, já que a startup nasceu dentro da gigante das bebidas) e em compras pontuais.

A CEO acrescenta que cerca de 70% dos pedidos ainda se concentram em itens alcoólicos e 23% em bebidas como água e refrigerantes, mas a empresa viu aumentar a demanda por itens como gelo, snacks, carvão e tabacaria.

Apesar deste foco mais abrangente, as dark stores operam concentradas em itens de maior saída, com uma média de 200 diferentes SKUs por loja. Contudo, dependendo das regiões de cobertura, o cardápio pode mudar, e é atualizado periodicamente, baseado na leitura dos dados dos pedidos. “A inteligência de dados do iFood nos ajuda bastante a entender cada região e oferecer o que tem mais saída. Além disso, trabalhamos com estoques de 10 dias, então podemos renovar rápido”, explica.

Além da operação própria

Com uma operação 24 horas, a Bebida na Porta está indo além do vender com sua marca. Por conta de sua operação própria e atendimento 24 horas, grandes marcas de bebidas estão buscando a startup para atuar com o “last mile” de seus e-commerces com entrega rápida. É o caso de nomes como a Evino e Heineken, que estão operando plugadas à infraestrutura da empresa.

“Hoje somos uma plataforma que dá apoio à cadeia de entrega de bebidas ao consumidor”, explica Jessica, inclusive afirmando que o Zé Delivery também se pluga ao Bebida na Porta para fazer as entregas quando eles não conseguem. “Quando eles oferecem entrega rápida 24 horas, geralmente é com nossa operação de apoio”, completa.

Para a CEO da Bebida na Porta, tanto o crescimento da marca quanto as parcerias com grandes marcas têm sustentado as contas da startup, que chegou a fazer uma rodada anjo de R$ 1 milhão com a Anjos do Brasil e Poli Angels em 2020, mas desde então foca no bootstrapping, parcerias e crescimento orgânico.

A abertura de cada dark store custa em média de R$ 50 mil a R$ 60 mil, mas segundo a CEO é um investimento que retorna rápido, devido à parceria com fornecedores e o foco em volume. “Conseguimos o breakeven de cada unidade em cerca de três meses”, afirma.

Mesmo assim, Jessica não descarta a possibilidade de novos investimentos, embora as parcerias estão sendo o caminho mais certeiro no momento. “Estamos em negociações para coisas grandes em 2023. Queremos nos unir com os nomes certos, que apoiem nossa estratégia da melhor forma, do que exatamente buscando algum cheque gordo”, finaliza.