Depois de fundar a empresa de games Netcartas e investir na Vindi, plataforma de gestão de pagamentos adquirida pela Locaweb, o engenheiro de software Luiz Filipe Figueiredo decidiu lançar uma nova empreitada. Batizada de Coze (lê-se cozê), a startup de comidas congeladas nasceu com a promessa de levar inovação e alimentos de alta qualidade para os consumidores.
Fundada em 2020, a companhia tem sede na cidade de São Paulo e hoje emprega cerca de 30 colaboradores. Com produção e logística próprias, o negócio atende toda a capital paulista, além de Cotia, Barueri, Jundiaí, ABC e Baixada Santista. A empresa cresce em média 100% ano a ano graças aos investimentos em tecnologia e uma estratégia multicanal.
“O principal desafio sempre é vender. Por isso apostamos em vários canais”, afirma Luiz, em entrevista ao Startups. “Isso faz com que a gente esteja sempre visível para o cliente e alcance mais pessoas.” Os primeiros meses da companhia foram focados no público B2B, oferecendo comida congelada para os funcionários das empresas. Os preparos eram armanezados em geladeiras inteligentes (ou smart fridges) desenvolvidas pela startup com tecnologia proprietária e instaladas nos escritórios.
O modelo começou a rodar em fevereiro de 2020 e em 1 mês atraiu 3 clientes, incluindo a Vindi. Porém a partir de março a foodtech teve que se adaptar ao cenário da pandemia, com os escritórios fechados e os times trabalhando de casa. A saída foi vender os produtos online: mais uma vez, a companhia optou por uma tecnologia proprietária e colocou sua plataforma de e-commerce no ar em algumas semanas.
Fechando o 1º ano de vida, a startup montou uma loja física na Vila Mariana e, em 2021, abriu outras 2 unidades em Perdizes e no Paraíso. “A ideia é estreitar o relacionamento com o cliente. Quem não conhece o e-commerce pode ter contato com a marca offline e comprar direto por lá, ou pedir pelo site e retirar no espaço físico”, explica Luiz.
Hoje e-commerce responde por 50% da receita total e a outra metade fica por conta das lojas físicas. A companhia está retomando o projeto das geladeiras inteligentes este ano à medida que as empresas retomam o trabalho híbrido ou presencial.
Parcerias estratégicas
Quando a Coze lançou novos canais para aumentar o volume de vendas, deparou-se com um novo desafio. “Percebemos que não conseguíriamos produzir tudo que gostaríamos de vender”, pontua Luiz.
Para dar conta da demanda, a startup fechou parcerias com marcas como Debetti, Feijoada do Bolinha, Carlos Pizza e restaurantes famosos como Pizzaria Brás e o Mocotó, do chef Rodrigo Oliveira. No modelo de marketplace, a Coze disponibiliza, além de seus pratos autorais, opções ultracongeladas dos parceiros em troca de uma porcentagem das vendas.
“A vantagem é que muitas dessas marcas são exclusivas – ou você compra direto delas ou só encontra no Coze”, explica Luiz. Do lado dos restaurantes, a parceria serve como uma nova fonte de receita. O critério mais importante na hora de selecionar os parceiros, segundo o diretor, é a qualidade. “Tem que ser muito gostoso. O mercado de refeições prontas e congeladas é muito caracterizado por comida light ou fit. Nesse caso, o foco não é o sabor, e sim a questão dos nutrientes, das dietas e do não engordar”, pontua Luiz.
Os principais concorrentes são a Liv Up, Beleaf e Raíz, focadas no segmento de alimentação saudável. “O diferencial da Coze é a alta qualidade, produtos realmente saborosos, e o fato de termos a própria operação logística”, diz o empreendedor. Ele destaca também a facilidade de compra. “Como temos vários canais de venda e cuidamos das entregas, o cliente pode encomendar ou receber no mesmo dia. As lojas ficam abertas de segunda a segunda e temos atendimento online 24/7.”
Aporte no horizonte
Os próximos passos da Coze são abrir 5 lojas físicas e expandir as operações do e-commerce no estado de São Paulo, chegando a regiões como Sorocaba e Ribeirão Preto. Para isso, a companhia está em fase de captação seed, que deve acontecer ainda em 2022. A startup também pretende aumentar a presença em empresas e a parceria com os restaurantes para adicionar novos produtos no menu.
Apesar de já estar em conversas com investidores, Luiz ressalta que a captação “não é necessariamente obrigatória”, embora fosse “interessante para acelerar os planos”. Segundo o executivo, a meta da Coze é chegar no breakeven (equilíbrio entre receitas e despesas). “Estamos muito concentrados em vender e equilibrar a receita, e falta muito pouco para chegarmos lá”, pontua.
Analisando as movimentações do mercado, Luiz diz estar otimista com a captação, embora reconheça o cenário turbulento do ecossistema. “Ano passado estava muito complicado para o segmento de foodtech, porque os investidores só queriam saber de Software as a Service e B2B. Este ano, tenho visto VCs, fundos de private equity e outros grupos se interessando pelos setores de verejo e alimentação”, argumenta o diretor.
Os recursos vão complementar o pré-seed, de valor não revelado, que a companhia recebeu em julho do ano passado. Participaram do aporte os investidores-anjo Rodrigo Dantas (Vindi); Paulo Silveira (Alura); os os fundadores da Distu, Gustavo Fujimoto e Rodrigo Stevaux; entre outros.