Musictech

Com "estúdio musical no celular", Murb capta R$ 1M para expandir

Lançada este ano, musictech aposta na democratização de ferramentas musicais e seu app já teve mais de 270 mil downloads

Erick e Kelvin Macedo, os fundadores da Murb. Foto: divulgação
Erick e Kelvin Macedo, os fundadores da Murb. Foto: divulgação

O mercado musical brasileiro movimenta cerca de R$ 2,9 bilhões anualmente, e grande parte desta evolução tem saído de produtores longe dos grandes selos fonográficos. A bem da verdade, cada vez mais artistas de sucesso têm saído de comunidades de periferia, que adotam o chamado “do it yourself” para lançar suas canções.

De olho nessa cena – a chamada “música urbana” (cuja abreviação dá nome à startup), a Murb resolveu fazer a sua solução, um app que coloca um estúdio no celular dos usuários. Com essa proposta, a musictech já conquistou investidores, e tem planos para expandir a partir do aporte.

Fundada pelos irmãos Kelvin e Erick Macedo, a Murb é um aplicativo social gratuito que funciona como um estúdio musical simplificado, com ferramentas intuitivas de edição de voz, mixagem de faixas e criação de batidas, permitindo que qualquer pessoa, mesmo sem experiência, consiga produzir música de forma simples e profissional.

Em conversa com o Startups, Kelvin explica que uma das inspirações para o Murb vem de outras ferramentas de criação de conteúdo, como Capcut e Canva, que democratizaram a edição de vídeos e fotos.

“Pensamos no Murb para ser a plataforma mais fácil para um artista iniciante criar e divulgar suas músicas, e o atual momento da creator economy é perfeito para uma solução como a nossa”, destaca.

Desde seu lançamento no começo do ano, o app já somou mais de 270 mil downloads, com 13 mil usuários ativos em todos os estados brasileiros e também em outros países como EUA, Angola e Portugal. Mais de 35 mil músicas foram criadas na plataforma até então.

A Murb adota o modelo freemium, com receitas geradas por anúncios e a venda de moedas virtuais (beat coins) que desbloqueiam recursos premium, como diferentes batidas ou timbres de instrumentos.

Em 2025, a empresa planeja lançar planos de assinatura que incluem ferramentas avançadas, distribuição musical e um marketplace de beats. A expectativa é alcançar um faturamento anual de R$ 1 milhão.

Com estes números e um produto em evolução, o Murb chamou a atenção de um investidor-anjo não divulgado, que aportou R$ 1 milhão no negócio. Segundo Erick, o aporte servirá para ampliar features no app, permitindo que artistas consigam fazer produções ainda mais profissionais dentro da plataforma. “Queremos investir em recursos de IA para impulsionar nessa parte”, destaca Kelvin.

Um estúdio para quem não tem acesso a um

Vindos da periferia de São Paulo, Kelvin e Erick sempre tiveram contato com a cena alternativa local, especialmente no hip-hop. Kelvin, grafiteiro na adolescência, foi morar no Canadá, onde se formou em marketing e trabalhou em retailtechs, experiências que despertaram o desejo de empreender. Erick, por outro lado, trouxe para o negócio o seu background financeiro e de gestão, complementando a visão de Kelvin.

A ideia de criar a Murb surgiu da percepção de que muitos talentos das comunidades não tinham acesso às ferramentas necessárias para criar música. “Queremos descentralizar o acesso à música e atingir aqueles que não têm estúdios profissionais à disposição”, afirma Kelvin.

Além da ferramenta de criação, o Murb tem uma camada social, conectando artistas, fãs, empresários e produtores musicais, o que segundo os fundadores da musictech, funciona também como um termômetro de qualidade para as canções publicadas e um gerador de oportunidades para os artistas.

Segundo Erick, um dos casos de maior destaque foi o de um artista de São Vicente que começou sua trajetória no app, gerou engajamento entre os usuários e teve suas músicas distribuídas pela Murb. Com o buzz gerado, ele chegou a abrir shows para nomes como MC Daniel e MC Hariel.

Entretanto, segundo destaca Erick, as metas para 2025 ainda são modestas dentro do potencial do mercado de criação de conteúdo musical no país. “O momento para a música urbana nunca foi tão favorável. No Brasil, mais de 70% das receitas do Spotify foram geradas por artistas e gravadoras independentes, somando R$ 1,2 bilhão”. De olho nessas oportunidades, a Murb também tem planos de apostar em artistas surgidos dentro da sua plataforma, atuando como publisher.

Outro plano da musictech é entrar em mercados estratégicos no exterior, como o latino. O MVP do app foi com o funk, mas ao longo do ano já agregou outros ritmos como trap, funk e brega, de olho nos criadores nordestinos. “No mercado latino, podemos fazer isso com o reggaeton. Nossa missão tem potencial global, mas no momento queremos focar no Brasil”, explica Kelvin. “Em uma conta rápida, só no Brasil o mercado que atendemos tem um potencial de R$ 500 milhões em faturamento”, completa Erick.

Mercado em alta

Segundo os fundadores da Murb, o aporte conquistado pela startup é mais um sinal do aquecimento do mercado nacional de musictechs. Nomes como Strm, Magroove e Klave são alguns dos nomes que levantaram cheques recentemente.

Em linha com essa evolução do segmento, a Murb também se movimentou em outros aspectos. Kelvin e Erick também estão entre os fundadores do Movimento MusicTech Brasi, que surgiu este ano com o objetivo de fortalecer o setor ao conectar players com oportunidades comerciais, parcerias e investimentos no mercado musical no Brasil e fora.

O grupo já conta com 18 startups mapeadas, incluindo a Klave, Murb, Moises, Conectahit e a Strm, que em julho captou R$ 35 milhões com a norte-americana Tompkins Ventures e a dupla Henrique & Juliano.

“O mercado está abrindo, e resolvemos nos unir para ter mais visibilidade e atrair investidores. As grandes gravadoras estão olhando para a música urbana e em empresas que estão inovando neste sentido, tanto para investimentos quanto para oportunidades de M&A”, finaliza Erick.