Negócios

Com foco em impacto, Grupo Boticário anuncia novo batch de aceleradas

A gigante de cosméticos selecionou oito empresas atuantes nos segmentos de beautytech e retailtech, além de trendsetters

Vários pincéis para maquiagem juntos - Startups

O Grupo Boticário (GB) anunciou a segunda edição de seu programa de aceleração GB Ventures, com um grupo de startups focadas em geração de impacto, atuantes em áreas desde produtos sustentáveis até logística de última milha em favelas.

Adiantada com exclusividade para o Startups, a seleção da gigante de cosméticos para a nova turma do programa, que terá início este mês, contempla oito startups. Três delas são atuantes no segmento de beleza, enquanto duas desenvolvem soluções para o varejo. Duas são trendsetters, empresas que podem causar ruptura no segmento em que o Grupo Boticário atua, e moldar comportamentos de consumidores.

Segundo Daniel Knopfholz, vice-presidente de tecnologia do Grupo Boticário, o processo de seleção começou em novembro de 2021, e buscou aplicar os aprendizados da edição inaugural do programa, no ano passado. “Buscar três tipos de empresas diferentes funcionou bem para nós, e aprendemos também que um contato mais próximo com as startups é muito importante”, diz o executivo.

LEIA TAMBÉM: Mais próximo das startups, Grupo Boticário acelera avanços na área de tecnologia

“Já tínhamos a atenção voltada para isso, o volume nem era tão grande na primeira vez, mas ficamos ainda mais criteriosos para poder acelerar estas empresas de fato, entender o que elas precisam de verdade e desenvolver parcerias comerciais com elas,” pontua. Em sua primeira edição, o programa recebeu 130 inscrições e selecionou 13; desta vez, 160 startups estavam interessadas e a empresa escolheu oito.

As selecionadas para o novo batch

No grupo de beautytechs selecionadas, está a Ecociclo, startup de Salvador liderada por mulheres periféricas que nasceu com o desenvolvimento de um absorvente 100% biodegradável e de produção nacional. A empresa agora está se tornando um marketplace de produtos sustentáveis e uma plataforma de treinamento para mulheres periféricas.

Outra representante deste grupo é a Lubs, startup de sexual wellness focada no desenvolvimento de ideias e produtos para uma sexualidade mais livre. A Tropicália, startup de cosméticos naturais, veganos e multifuncionais, também está entre as selecionadas.

As retailtechs que irão participar da aceleração do Grupo Boticário incluem a naPorta, startup de delivery de última milha e logística reversa com impacto social em favelas e comunidades. Além de utilizar modais limpos para as entregas, a startup tem um modelo humanizado de de acompanhamento, treinamento e suporte de pessoas nas comunidades para entrega last mile em regiões com restrição de entrega.

A Marvin, startup que se posiciona como a ponte entre a indústria e o varejo, utilizando recebíveis disponíveis para facilitar a negociação de produtos entre negócios, está entre as retailtechs a serem aceleradas. O grupo também conta com a Gloopay, plataforma de crédito social para pequenos empreendedores e consumidores desbancarizados através de consórcios.

As trendsetters que participarão do segundo batch de aceleração do GB são a BnYou, que conecta prestadores de serviço no setor da beleza com consumidores, e a Goulmi, startup que desenvolve uma plataforma de interação com o cliente por meio de uma linha do tempo, que centraliza a comunicação.

O programa terá duração de cinco meses e contará com diversas trilhas de conhecimento personalizadas e direcionadas para cada modelo de negócio e trilhas específicas para DNVBS – sigla em inglês para Marca Vertical Nativa do Digital. O GB Ventures conta ainda com mentorias, palestras, workshops e outras atividades que envolvem convidados externos e vários profissionais do Grupo Boticário.

Impacto positivo

Cerca de 40% das startups selecionadas tem lideranças femininas, assim como na edição anterior do programa. Pela primeira vez, duas das startups tem um impacto social direto em suas atividades. Comentando sobre estas startups – a Ecociclo e a naPorta – Daniel diz que este foco vem de encontro ao trabalho que o grupo vem fazendo ao longo de 40 anos através da Fundação Boticário.

“Sempre houve uma busca por impacto socioambiental, e [a Ecociclo e a naPorta] fazem isso com clareza”, diz o executivo, acrescentando que os modelos dos negócios de impacto selecionados apontam para uma tendência que vem ganhando força, em que soluções de alto potencial de crescimento estão nascendo fora de bairros de alto poder aquisitivo.

Mas a percepção de impacto da gigante de cosméticos é mais ampla, diz Daniel. “Quando olhamos a Lubs, por exemplo, vemos o foco no bem estar sexual, que tem um impacto na busca por equidade, já que a expressão sexual masculina sempre foi mais aberta e aceita na sociedade”, ressalta. “De forma geral, buscamos não só um tipo de atuação, mas ideias que possam gerar oportunidades de negócio de geração de empregos, impacto social ou ambiental positivo.”

Sobre as expectativas para a nova turma de aceleradas, Daniel espera que parte das startups apoiadas tenham se encaminhado para uma nova fase de investimentos e de crescimento, e que estas empresas estejam gerando negócios de “centenas de milhares de reais”, além de novos empregos. “Talvez isso não seja possível com todas, mas uma ou duas já seria um bom número: se tiver mais, ainda melhor,” aponta.

“Adoraria poder fazer algumas parcerias com algumas delas dentro do grupo, seja por utilização de algum serviço, ou eventualmente distribuição de algum produto, mas sobretudo testar na prática, também dentro do nosso ecossistema, oportunidades de crescimento para estas empresas,” finaliza.