O Brasil é um país de dimensões continentais, com grandes oportunidades de crescimento, mas cheio de complexidades e barreiras. Por isso acaba ficando de fora dos planos de startups nascidas em outras regiões do planeta.
Para dar o empurrão que falta às companhias que enxergam oportunidades no país, a consultoria de inovação para empresas The Bakery e a gestora Prana Capital criaram uma joint venture para montar um novo fundo de investimento.
O novo fundo vai atuar nos estágios seed e pre-seed (rodadas de até US$ 2 milhões) com cheques que variam entre US$ 150 mil e US$ 500 mil, montando um portfólio com 8 a 12 empresas que atuam no segmento B2B ao longo dos próximos 18 a 24 meses.
“Não queríamos ter alguém que simplesmente operasse o fundo, fizesse a ponte com investidores. A ideia era ter alguém alinhado com a nossa proposta e participasse da execução, por isso optamos pelo formato de joint venture”, diz Felipe Novaes, sócio-diretor da The Bakery. Segundo ele a consultoria não tem intenção de se tornar um fundo de investimento.
O interesse em criar essa estrutura veio das interações que a companhia tem com startups ao redor do mundo na hora de desenvolver projetos para seus clientes. Em cada desafio, são mapeadas de 200 a 300 empresas que podem fornecer tecnologia e serviços para nomes como Vale e Natura.
A ideia é que, com um contrato já garantido (ou pelo menos um piloto pelo qual a The Bakery paga para ser feito), as startups coloquem o Brasil no seu radar. A consultoria, inclusive, vinha ajudando algumas empresas nesse desembarque com orientações e apoio inicial em aspectos legais e comerciais. Segundo Novaes, umas 5 empresas já foram atendidas dessa forma.
Com o fundo, o objetivo é formalizar esse apoio, financiando essa expansão no país – e de quebra, se beneficiando da valorização que a atuação pode dar ao negócio.
O plano é que 75% dos investimentos sejam feitos em companhias que tenham passado pela avaliação da consultoria. Segundo Bruno Hardt, sócio-fundador da Prana, por essas startups terem passado pelo crivo da The Bakery e também terem contratos garantidos no país, o risco do investimento é reduzido, o que é interessante para o veículo.
Os 25% restantes dos investimentos serão feitos empresas que não passaram pelo filtro, mas que sejam consideradas interessantes para o portfólio. De acordo com Hardt, os aportes poderão ser feitos tanto em empresas que estejam com rodadas em aberto, quanto fora de um processo formal, usando mecanismos como um SAFE. No radar dos aportes estão startups que queriam vir para o Brasil e também empresas nacionais.
Pelo lado da Prana, o dia a dia do fundo será tocado por Bruno Peroni (fundador da WOW Aceleradora), que chegou à gestora em setembro para estruturar a operação da gestora no segmento de venture capital. A Prana é uma gestora com pouco mais de um ano de atuação. Ela foi fundada em maio de 2019 por Hardt e Thaís Martin e tem R$ 500 milhões sob gestão. De acordo com Hardt, não há planos para lanço um novo veículo 100% Prana. O objetivo é atuar sempre em conjunto com a The Bakery.
A captação dos US$ 5 milhões que o novo fundo pretende investir vai começar em janeiro com family offices e também empresas. “Temos sentido demanda das corporações que querem montar suas teses de investimento. E esse é um bom começo para aprender como funciona e, eventualmente, internalizar em um fundo próprio”, diz Novaes.