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Com Kaszek, Z1 quer se firmar como 1ª conta do público jovem

Plano da fintech nascida no fim de 2019 é se tornar a 1ª conta do público jovem, mas não se concentrar apenas nesse perfil

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Colocando em prática o lema de “o melhor momento para captar dinheiro é quando você não precisa de dinheiro”, a fintech Z1, que quer ser a 1ª conta bancária de jovens e adolescentes na América Latina, acaba de fechar uma rodada série A de R$ 55 milhões (US$ 10 milhões). O aporte foi liderado pela Kaszek e chega 6 meses depois do seed de R$ 14 milhões (US$ 2,5 milhões) encabeçado pela gestora americana Homebrew.

Segundo João Pedro Thompson, cofundador da Z1, a provocação para a nova rodada veio da própria Kaszek. “A gente já mantinha contato com eles e em julho eles vieram nos procurar para saber como as coisas estavam indo. Falamos que não estávamos captando, mas no fim de agosto eles fizeram uma proposta e achamos que seria bacana fechar”, conta ele. Além da Kaszek – que tem em seu portfólio os bancos digitais Nubank e Cora – participaram da captação a MAYA Capital (que já era investidora), Homebrew, Clocktower e o Mantis, fundo da dupla de DJ’s The Chainsmokers. A Z1 já tinha levantado dinheiro com Ariel Lambrecht e Renato Freitas, cofundadores da 99, e participou do programa da Y Combinator no começo do ano.

O plano da fintech nascida no fim de 2019 é se tornar a 1ª conta do público jovem, mas não se concentrar apenas nesse público. A ideia é pegá-lo no início de sua vida financeira, com uma proposta de independência e autonomia, e seguir com a pessoa pelo resto da vida, lançando novos produtos com o tempo. “É raro uma pessoa usar várias contas. Ela até abre muitas, mas tem uma que é a principal, que costuma ser a 1ª, ou a que tem relação com onde ela tem renda. É um lifetime value de longo prazo”, explica João Pedro.

Os cofundadores da Z1: Thiago Achatz (à esq.), Mateus Craveiro, Sophie Secaf e João Pedro Thompson

Use of proceeds

De acordo com o cofundador, com o reforço de caixa, o objetivo é multiplicar a base de clientes por 10 ao longo do próximo ano. Ele só não abre qual é esse número atualmente. A equipe, que hoje conta com 65 pessoas, vai dobrar nos próximos 3 a 4 meses.

Um passo importante para ampliar o alcance foi dado na segunda-feira, quando a companhia anunciou que estava acabando com a cobrança mensal de R$ 10 para manutenção da conta. Em 5 anos, a ambição é ter dezenas de milhões de contas.

Em termo de produto, a ideia é aprimorar a conta digital que é oferecida atualmente, e desenvolver novas opções, sejam voltadas ao mundo financeiro ou não. Segundo Sophie Secaf, cofundadora e diretora de marketing da Z1, a ideia é criar produtos e serviços que representem o estilo de vida dos clientes, seja por desenvolvimento próprio ou por meio de parcerias.

A conta da Z1 pode ser movimentada pelo celular, via aplicativo, e oferecer possibilidade de pagamento de contas e a realização de transferências. O cartão oferecido tem bandeira Mastercard, na categoria internacional e aceita a função crédito, com limite atrelado ao saldo da conta – o que é praxe do mercado, mas que a fintech chama de “escudo anti-dívidas”.

O cliente mais novo, segundo João Pedro, tem 8 anos e a fintech só tem liberado o cadastro de quem tem até 18 anos por uma questão de foco neste momento inicial de operação.

De acordo com o fundador, o custo de aquisição de clientes é baixo – menor até que os US$ 5 que o Nubank colocou no prospecto do seu IPO – por conta do efeito de rede que os jovens conseguem entre seus amigos e nas redes sociais. “Uma menção pode atingir milhões de pessoas”, diz

Feature ou produto?

A facilidade de criar novos produtos e serviços financeiros tem levado à criação de diversas fintechs que atuam em nichos específicos. A questão é se essas opções vão conseguir se sustentar no longo prazo – se elas funcionam como um produto separado, ou se não seriam uma funcionalidade de uma oferta maior.

Para João Pedro e Sophie, falar a língua do público da geração Z e construir um produto de acordo com as suas necessidades, faz diferença e é a receita do sucesso. “Os bancos criam produtos que são mais focados no controle e acompanhamento dos pais. E esse é um público muito específico, que muda muito rápido. E queremos não só fazer a digitalização dele, mas propor uma nova abordagem de fintech”, justifica Sophie.