Um ano depois de ser comprada pela Natura, a Singu, plataforma digital de serviços de beleza criada por Tallis Gomes, apresentou um crescimento de 250% no volume de pedidos e fez diversas mudanças estratégicas em seu negócio. “Tivemos uma injeção de dinheiro que permitiu diversas ações de expansão, entrada no mercado B2B, novos serviços, etc.”, conta Maria Isabel Antonini, copresidente da companhia.
Ela assumiu o posto no começo do ano, sendo promovida da cadeira de diretora financeira que ocupou nos 3 anos anteriores. “A figura de uma mulher à frente da empresa conversa diretamente com o nosso público-alvo, de mulheres fortes, trabalhadoras, com agenda cheia de responsabilidades e sempre equilibrando a dedicação ao trabalho e à família, sem se esquecer dos cuidados pessoais”, diz. Aliás, 60% dos cargos de liderança no marketplace são ocupados por mulheres.
Ao se integrar à Natura, a Singu conseguiu começar a explorar as sinergias que justificaram o acordo, ao permitir que consultoras da marca que atuam na área de beleza e bem-estar pudessem entrar para o seu aplicativo. Já as profissionais da Singu passaram também a ser consultoras Natura, aumentando seu leque de produtos e as possibilidades de geração de renda. Algumas ações em lojas Natura e The Body Shop para apresentar o aplicativo para clientes da marca também foram feitas. “A parceria tem aumentado a visibilidade e a confiança na Singu“, diz Maria Isabel.
Outra novidade foi a entrada da companhia no mercado B2B com o Singu Empresas. Clientes como a consultoria mineira SGA e a Bodytech, de São Paulo, passaram a oferecer aos seus colaboradores benefícios como dia de beleza na empresa ou vouchers com até 50% de desconto em serviços da plataforma. A expectativa, segundo Maria Isabel, é que o Singu Empresas represente, em breve, 10% do portfólio de serviços da Singu.
O novo momento da empresa também inclui sua expansão regional, com a chegada em Campinas. Agora o marketplace marca presença em 15 municípios, sendo os principais mercados São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, e Belo Horizonte.
Modelo de negócios
Documentos obtidos pelo Startups indicam que a Singu teve receita líquida de R$ 574 mil em 2019, seu 4º de operação, e acumulou um prejuízo de quase R$ 3 milhões. Segundo Maria Isabel, operar no vermelho é um caminho comum para empresas iniciantes e a opção foi abrir mão de resultado, e muitas vezes de receita, para ganhar participação de mercado. “Continuamos mais do que dobrando de tamanho todos os anos desde a nossa fundação e investiremos cada vez mais em gente e crescimento até cumprirmos nossa jornada que pode ser que dure muito tempo a depender do tamanho da oportunidade – por exemplo a Uber que é listada e vale mais de US$ 100 bilhões e até hoje não registrou lucro”, disse Maria Isabel em conversa anterior à publicação do mais recente balanço do Uber, que trouxe o 1º lucro da história da companhia.
Apesar do que não foi um resultado “de verdade”, mas sim um efeito de ganhos não-recorrentes apurados no trimestre. O prejuízo operacional foi de US$ 1,19 bilhão e a expectativa é que a companhia não cumpra a meta de rentabilidade em 2021.
Mas de volta à Singu.
Polêmicas à parte
Você se lembra da polêmica criada pelo influenciador digital Raiam Santos meses após o anúncio do investimento da Natura na Singu? Na época, ele denunciou irregularidades na transação, como o fato da empresa não ter comunicado ao mercado que o negócio estava sendo feito com uma empresa que tinha como acionista o enteado do co-presidente do conselho da Natura. Ele teria investido R$ 600 mil de recursos próprios na Singu.
Bom, polêmicas à parte, Maria Isabel reforça que o deslize de percurso com Raiam não afetou a saúde da operação da companhia ou o seu relacionamento com a Natura, principalmente pelo histórico de polêmicas em que ele se envolve. “A comunicação da Singu é transparente para todos os envolvidos e estamos crescendo. Estamos expandindo para novos mercados, lançando novos serviços e firmando parcerias que nos levam a ter ótimas expectativas ainda para este ano, portanto, estamos focando nossas energias no que realmente agrega valor para a empresa”, finaliza.