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Com nova rodada, Cloudwalk vira unicórnio e vale quase Cielo e Getnet juntas

Aporte de US$ 150 mi chega 6 meses depois da dona das máquinas InfinitePay levantar US$ 190 mi. Plano é ser a número 1 do país em 2 anos

infintepay
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A guerra das maquininhas deu uma arrefecida nos últimos tempos porque o varejo ficou fechado com a pandemia. Mas as movimentações entre os players do mercado seguem intensas – afinal o varejo físico ainda representa de 85% a 90% das vendas. Então tem muita demanda para atender com a retomada.

E no jogo do meu é maior que o seu – o que nesse caso faz sim a diferença – a CloudWalk, dona das máquinas InfinitePay, acaba de atingir uma marca importante. Em sua 2ª captação no ano, a fintech atingiu o status de unicórnio sendo avaliada em US$ 2,15 bilhões. Não bastasse a “promoção” ao panteão do mundo das startups, o valor é simbólico para a companhia. Neste patamar ela já vale quase o mesmo que dois de seus principais concorrentes: a Cielo e a Getnet.

Ainda falta bastante para chegar perto de Stone e PagSeguro (que estão na faixa de US$ 9 bilhões e US$ 11 bilhões, respectivamente), mas pode ser uma questão de tempo. “Estamos no retrovisor”, diz Luis Silva, cofundador e presidente da CloudWalk.       

A série C de US$ 150 milhões que colocou a empresa no atual patamar teve uma composição parecida com a série B, de US$ 190 milhões em maio, sendo liderada pela Coatue e com participação da DST, The Hive Brazil e Valor Capital. A-Star e Plug and Play Ventures também entraram. O investidor anjo Gokul Rajaram e os jogadores de futebol americano Larry Fitzgerald e Kelvin Beachum (vai entender) participaram. O Financial Technology Partners (FT Partners) atuou como consultor estratégico e financeiro exclusivo da CloudWalk.

Criada em 2013, a CloudWalk atende atualmente 150 mil lojas em 4,3 mil cidades brasileiras. O volume de recursos processados está na casas dos US$ 2,4 bilhões por ano e os planos de crescimento são ousados. Em 2 anos queremos ser a empresa número 1 do Brasil, passando Cielo e Rede”, profetiza Luis. Com o Brasil consolidado, o plano é dar início a um processo de expansão internacional de olho nos EUA e na Europa. Internamente a companhia já, de certa forma preparada para esse movimento, com a equipe de 300 pessoas já trabalhando em home office em diversas partes do mundo e o diretor financeiro, Joon Cho, morando em Nova York.   

Ao longo do último ano, a companhia reforçou seu arsenal no mundo digital, com o lançamento da opção de link de pagamento, uma solução para vendas online e uma carteira digital.

Há cerca de duas semanas ela colocou no ar sua própria criptomoeda, a Brazilian Digital Real. A stable coin está sendo usada dentro do seu programa de cashback (com recompensa para compradores e lojistas) e é um passo no sentido de oferta de mais serviços financeiros sem a necessidade de se tornar um banco (pelo menos não por ora, enquanto os reguladores não exigem isso). “Acreditamos em descentralizar”, afirma Luis, que diz gostar muito do trabalho que o Banco Central vem fazendo para criar o Real Digital. Hoje, 300 mil carteiras usam a Brazilian Digital Real.  

De acordo com Luis, o cenário macro não está afetando os negócios no momento. “Estamos vendo recordes transacionais toda semana. Vamos ter o melhor natal de todos os tempos. Estamos bem empolgados”, diz.