Quase um ano depois da aquisição pela Nomad, a Husky está com suas operações completamente integradas ao da fintech que facilita o acesso de brasileiros a uma vida financeira global. A vertical mais recente é a de banking Brasil. A construção está sendo liderada, inclusive, por Maurício Carvalho, cofundador e CTO da Husky. O objetivo dessa solução é fornecer uma conta PJ, no Brasil, para fazer a conversão e receber as remessas de outros países.
Atualmente, a Nomad possui outras três áreas: conta norte-americana em dólar, investimentos no exterior e pagamentos internacionais. A exploração de oportunidades em câmbio também está no pipeline. “Se tem dinheiro saindo e entrando na mesma direção, talvez tenha oportunidades de negócio para a gente reforçar”, afirma Tiago Santos, CEO e cofundador da Husky, em conversa com o Finsiders.
Também está em desenvolvimento um produto de crédito. Por exemplo, com os dados dos clientes, é possível não só oferecer câmbio no momento da viagem, como atendê-los de ponta a ponta com a disponibilização de crédito para a compra de passagens aéreas.
Na foto: Tiago Santos, CEO da Husky; Lucas Vargas, CEO da Nomad; Maurício Carvalho, CTO da Husky (Foto: Divulgação/empresas)
Poder dos dados
“Cada vez menos eu preciso de outras instituições. No passado, era necessário usar a Husky para me pagar e a conta global da Nomad e outro banco para outras tarefas. O que estamos fazendo é construir tudo dentro de casa. O player vencedor será quem conseguir oferecer uma experiência integrada”, diz Maurício.
Os dados compartilhados via Open Finance podem dar uma ‘mãozinha’ nesse sentido. “Sabemos para onde o nosso usuário está viajando ou tirando férias. Com isso, conseguimos inferir o consumo, o perfil de gastos, se ele vai para a Disney e se compra um iPhone. A gente consegue mapear quem é o nosso cliente”, completa o CTO.
A Husky acaba de ultrapassar a marca de R$ 6 bilhões em volume transacionado. Ao todo, são mais de 30 mil clientes. Desse total, 10 mil contas foram abertas justamente nos últimos 12 meses. O executivo evita falar em estimativas financeiras, mas dá pistas do que vem por aí.
Ao invés dos valores intermediados pela Husky chegarem por meio de outras instituições financeiras, o passo seguinte é ter esse dinheiro aterrissando no país diretamente pela conta da Nomad. Aliás, hoje já é possível gerenciar 90% das ‘features’ da Husky dentro do app da Nomad.
Sinergias
Os fundadores lembram que as sinergias apareceram já nas primeiras conversas com o time de gestão da Nomad, liderada por Patrick Sigrist e Lucas Vargas. Do lado da Nomad, há um fluxo de dinheiro que sai do Brasil para uma conta norte-americana, seja para viajar, investir nos EUA ou fazer a proteção do capital em dólar. A Husky faz exatamente o inverso: ajuda um brasileiro que presta serviço no exterior a receber seu salário em moeda local.
A base “extremamente qualificada” da Husky é mais um ganho para a Nomad. O CEO explica que se trata de profissionais super bem-sucedidos e com uma renda altíssima. Muitos deles já pensam em dólar e, inclusive, investem fora do Brasil. E a Husky também é “profitable”, acrescenta.
Reforço no caixa
Apesar do ‘inverno’ persistente no ecossistema de startups, em agosto a Nomad voltou ao mercado. A fintech levantou US$ 61 milhões (cerca de R$ 300 milhões) em uma Série B liderada pela gestora norte-americana Tiger Global Management, quando foi avaliada em R$ 1,8 bilhão.
Desde então, manteve a tendência de contratações para a liderança ao trazer nomes como Danilo Iglori e Sabrina Loureiro. A fintech também abriu 100 novas vagas para diferentes níveis — pouco mais de 1 ano depois de ter demitido cerca de 20% do quadro.
O próximo passo pode ser uma nova aquisição para reforçar o portfólio. “Provavelmente, sim (deve comprar outra empresa). A Nomad tem esse DNA de fazer aquisições que façam muito sentido. Não vejo internamente uma indicação que tem que comprar uma empresa ‘assim e tal’. Mas discutimos internamente sobre oportunidades e vejo a abertura nesses diálogos”, afirma Tiago.
De acordo com o Crunchbase, a Nomad já levantou R$ 590 milhões. Além da Tiger Global, o captable tem nomes como Monashees, Globo Ventures, Stripes e Google For Startups, entre outros.