Se tudo der certo (e La Migra não embaçar), Bruno Bannach nem volta para o Brasil em setembro. A ideia é que depois da apresentação no demo day da Y Combinator no dia 31, ele já fique em San Francisco e, de lá, toque a expansão internacional da Jestor, startup fundada por ele e Guilherme Pinheiro em janeiro/20.
Pois é, mal saíram das fraldas e já querem ganhar o mundo. “Quem sabe um dia a gente faz uma oferta de compra para a Salesforce”, brinca Bruno. Para começar esse ousado plano de dominação mundial, ele está se apoiando exatamente na rede de contatos criada a partir do programa de aceleração da Y Combinator, do qual a Jestor participou nos últimos 3 meses – com Bruno presencialmente e Guilherme no Brasil. O plano é muito parecido com o executado pela Brex, dos brasileiros Henrique Dugubras e Pedro Franceschi. O cartão de crédito para startups criado pela dupla ganhou corpo ao ser oferecido às companhias que participavam da turma do inverno de 2017 da YC. Hoje, a fintech vale US$ 7,4 bilhões.
Nos próximos 12 meses, a Jestor que multiplicar por 9 ou 10 vezes o número de usuários de seu produto, passando dos 100 mil. Na lista de clientes atendidos atualmente estão nomes como Loft, Sami e Alba Saúde. “Talvez esse número chegue antes até. Estamos começando a existir para as startups. Chegamos em uma maturidade de produto e de base de clientes. Elas estão vendo que a gente entrega. Isso faz com que a coisa se espalhe”, diz Bruno.
Segundo ele, a companhia está muito próxima do breakeven. “Temos um time pequeno e o crescimento é acelerado”, diz. O time tem, no momento, 10 pessoas.
Mas o que ela faz mesmo?
Em resumo, o que ela tem é um software capaz de criar outros softwares. A ideia é permitir integrações de diferentes serviços, assim como um Zapier da vida, mas também substituir outros sistemas. Especialmente as planilhas que não deixam de existir mesmo nas empresas que já usam algum sistema para organizar e gerenciar informações.
Bruno cita o exemplo de uma empresa da área de saúde que é cliente da companhia. Ela usava um sistema de gestão (ERP) específico para sua área de atuação, mas que em um determinado momento deixou de dar conta do recado. Isso levou à criação de processos paralelos e à perda de visibilidade. Ao adotar a Jestor, eles conseguiram “arrumar a casa”.
O foco da companhia são startups com problemas complexos a serem resolvidos, diz Bruno. O modelo de negócios é o de assinatura, com planos que variam do grátis a R$ 299 por mês. Todos com número de usuários ilimitados. “A ideia é que seja um sistema para a empresa inteira”, diz Bruno.
Para isso, a Jestor aposta no conceito de desenvolvimento sem código, ou no-code. Até dá pra ter a opção de incluir código, mas isso só está disponível na versão mais cara, que tem preços a partir de R$ 299 por mês (o valor depende do volume de uso).
Origem
A ideia de criar a companhia veio depois que Bruno teve dificuldades para organizar as informações da farmácia da mãe. A frustração se somou a uma percepção que ele já tinha de clientes da empresa de desenvolvimento de software que ele tinha com Guilherme: ninguém ficava contente com os projetos de integração entregues, já que sempre era necessárias contratações posteriores para ajustes. Então por que não criar alguma coisa que permitisse fazer uma gestão do seu próprio jeito? Daí veio aliás, a ideia do nome. Gestor com J para passar a ideia de jeito.
O nome também tem significado em inglês – o que é um empurrãozinho na ideia de internacionalização. Jestor é o bobo da corte, que faz tudo que o rei manda. “E o cliente é o rei, a gente faz o que ele manda”, relaciona Bruno.
Com pouco mais de 1 ano de vida, a Jestor captou US$ 458 mil. Na lista de investidores, além da YC, estão Canary, a Alumni Partners da Fundação Estudar, Renato Freitas (fundador da 99 e da Yellow) e Paulo Silveira (da Alura e também investidor do Startups).
Segundo Bruno, as perspectivas para o demo day da YC são positivas e uma possível captação deve ajudar no processo de expansão internacional. “Estamos desenvolvendo uma tecnologia do zero. Não tem uma referência, um X do mercado Y”, diz.