Inovação

Com trator elétrico nacional, Yak mira R$ 30M para expandir

Para acelerar seus planos, montadora sediada em Joinville já captou 1ª tranche de R$ 10M com investidor privado

Yak trator
Yak trator. Foto: divulgação

Com seis anos de mercado, a Yak Tractors tomou o seu tempo para desenvolver e crescer no mercado com seus tratores elétricos. Entretanto, agora com investidores estratégicos entrando em cena – e um plano de captar R$ 30 milhões até o próximo ano, a montadora quer escalar agressivamente.

Aliás, o plano já começou este ano: no fim do primeiro semestre, a companhia captou R$ 10 milhões com um investidor privado do setor agropecuário, já de olho em expandir sua capacidade de fabricação e de força de vendas, assim como o desenvolvimento de novos produtos, com foco redobrado no setor agro.

“Esses R$ 10 milhões, eles vão nos levar a dois novos produtos para o setor de agricultura, e também para evoluir de forma mais rápida o Yak Cloud, nossa plataforma que conecta os tratores, trazendo uma camada de telemetria e gestão de frotas”, explica o cofundador João André Ozório, em conversa exclusiva com o Startups.

Segundo João, até 2026 a companhia quer ampliar a capacidade de produção em sua sede em Joinville, chegando a uma média de 250 a 300 unidades fabricadas anualmente. Até o momento, a Yak vendeu cerca de 40 unidades, a um preço médio de R$ 300 mil.

Fundada em 2018 em Joinville, pelos sócios João André Ozório e Adriano Schalinski, a Yak nasceu de uma pesquisa que identificou grande potencial no mercado de tratores elétricos. “Até então só existiam grandes esforços em pesquisa e desenvolvimento de veículos elétricos de uso convencional, como carros e motos”, comenta João, em conversa com o Startups.

Nos primeiros anos de sua existência, o projeto dos fundadores ainda era uma ideia, mas já tinha recebido investimentos para ser desenvolvido: R$ 60 mil obtidos em um prêmio de inovação e um investimento anjo de R$ 150 mil recebido no final de 2018. Entretanto, foi em 2020, quando captou R$ 1,2 milhão no programa Finep Startup, foi que a Yak começou a dar seus primeiros passos para se tornar uma fabricante de fato.

João Ozório e Adriano Schalinski, cofundadores da Yak (Foto: divulgação).
João Ozório e Adriano Schalinski, cofundadores da Yak (Foto: divulgação).

“A gente conseguiu uma ‘mini evolução’ com estes pequenos aportes, mas ainda era pouco para fazer o primeiro produto. Mas este reconhecimento nos rendeu uma pré-venda para um primeiro cliente, que foi o aeroporto de Florianópolis”, explica João.

Apesar do primeiro modelo de trator da Yak não ter sido para o meio agrícola, João explica que foi a base para a companhia se ver como uma montadora, definindo os componentes que seria feitos em casa e os que seria importados (baterias, por exemplo). “Essas primeiras vendas foram muito importantes para validar a tecnologia e preparar o próximo passo”, explica João. Hoje os modelos da Yak atendem a setores como agrícola, aeroportuário e indústria.

O que vem pela frente?

Captada a primeira tranche dos planejados R$ 30 milhões, João não descarta a possibilidade de voltar a conversar com fundos, entretanto ele frisou como eles são fechados para o mercado de hardware. “Já gastei muita saliva falando com fundos, mas todos eles tem um pé atrás com negócios de hardware como o nosso”, avalia.

Aliás, a história da Yak, de impulsionar sua operação a partir da pré-venda dos produtos junto a compradores-investidores, lembra o modelo que a vizinha gaúcha Arrow Mobility utilizou para tirar do papel o seu projeto de um furgão elétrico, vendendo modelos para o Mercado Livre.

Entretanto, neste meio tempo, com alguns contratos já engatilhados e o primeiro cheque na conta, a Yak está determinada a impulsionar sua força de vendas. Para chegar a mais locais e atrair mais compradores, a empresa está montando uma rede de concessionárias.

“Já temos em Santa Catarina, São Paulo, e já estamos negociando para abrir em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul. Fazemos algumas vendas diretas pontuais em mercados onde não temos concessionárias, mas a intenção é fazer apenas por meio dos canais. A partir de 2025, nossa força de venda será concentrada em concessionárias”, pontua.

Além disso, João revelou que o interior de São Paulo será um mercado em que a Yak dará uma atenção expecial. Comercialmente, a companhia está preparando a sua primeira megaloja, um espaço de mais de 200 metros quadrados que será em Ribeirão Preto.

“Para o segundo semestre de 2026, mais ou menos, a gente também quer lançar uma unidade de fabricação e montagem em São Paulo, também próximo de Ribeirão Preto. Aquela região será meio que nosso segundo centro nervoso para a distribuição dos produtos da Yak“, finaliza o executivo.