Nada mal para um negócio que foi criado durante um período sabático de dois brasileiros em Portugal. Com um modelo “na contramão” de muitos players concorrentes, a Digital Manager Guru tem conquistado o seu espaço, movimentando mais de R$ 3 bilhões em pagamentos anualmente – e agora explora novos caminhos para expandir ainda mais.
Fundada pelo casal de cariocas André Cruz e Michelle Oliveira em 2017, a Digital Manager Guru resolveu jogar um jogo diferente com sua plataforma de orquestração de checkout e gestão de vendas online para criadores de conteúdo. Em vez de cobrar comissões sobre cada venda, o modelo da empresa é baseado em mensalidades fixas, de acordo com o volume de negócios de cada cliente.
Olhando para o mercado, é um modelo bem distinto de outros players mais conhecidos nesse segmento. Um exemplo de concorrência é a Hotmart, que concentra em sua plataforma própria os serviços de pagamento, gestão de comunidade, entrega dos infoprodutos e mais.
“Nossa inspiração é o modelo que a Stripe montou lá fora, o de criar uma camada ‘linda’ de serviço e gestão em cima das soluções de processamento de pagamento de outros, e o cliente pode orquestrar isso, pagando um valor fixo por mês”, explica André Cruz, em conversa com o Startups.
Segundo André, com essa abordagem a companhia tem atraído diversos clientes já mais maduros, com um volume recorrente de transações mensais, vários deles operando com margens apertadas e que estão interessados em reduzir o percentual cobrado sobre suas vendas.
Nesta base de clientes (a maioria deles no Brasil, com outra parte na Europa e EUA) estão edtechs como a Adapta.org, especializada em IA, e a marca de cosméticos Gold Spell, que, segundo o CEO, conseguiram reduzir em 50% (em média) seus custos com taxas.
A empresa não deu números totais de clientes atendidos, mas destacou que, de 2023 para 2024, quase dobrou seu volume de transações processadas, saltando de R$ 1,7 bilhão para R$ 3 bilhões. “No primeiro semestre deste ano, já batemos a marca de R$ 1,7 bilhão, e esperamos crescer pelo menos 30% em relação ao ano passado, chegando a cerca de R$ 4,5 bilhões, mesmo com um mercado de criadores ‘andando de lado'”, afirma André.
Novas receitas e crescimento
Em meio a um mercado de creators em transformação, a Digital Manager Guru está explorando outros caminhos para aumentar sua base de clientes. Há pouco tempo, a empresa entrou no segmento de eventos, lançando uma plataforma própria para gestão de ingressos, concorrendo com empresas como a Sympla, por exemplo.
Apesar de ainda representar uma parcela pequena do negócio da startup, a nova solução já emitiu e gerenciou mais de 40 mil ingressos, cuidando da bilheteria de eventos como o Asaas Connect. Segundo o CEO, o ritmo de tração da plataforma de ingressos tem surpreendido e hoje já representa quase 2% das transações feitas mensalmente pela startup.
Desde sua fundação, a Digital Manager Guru fez apenas uma captação – uma rodada pré-seed de valor não divulgado com a Portugal Ventures. Aliás, o casal de fundadores toca a empresa diretamente de terras lusitanas, comandando uma operação de cerca de 60 colaboradores – algo bem distinto de uma concorrente como a Hotmart, com centenas de funcionários.
“É essa estrutura enxuta que nos permite ser eficazes nos custos e sustentar este modelo de negócio, tanto que geramos caixa desde 2021”, pontua Michelle. E André completa: “Nossos principais concorrentes não conseguiriam migrar para o modelo que temos, pois se tornaram grandes demais para isso. Eles necessitam do take rate“, provoca.
Ainda falando da concorrência, o CEO da Digital Manager Guru não pensa no momento em fazer novas captações para aumentar seu awareness no mercado. Segundo ele, o plano da companhia é jogar um jogo de longo prazo, e aos poucos conquistar mais e melhores clientes. “Acredito que vamos vencer todos esses players no longo prazo”, finaliza.