De olho no aumento da relevância do LinkedIn como canal de geração de negócios, a Gombo acelera sua estratégia de aproximar pessoas especialistas de marcas com estratégias focadas na rede social profissional. Com uma carteira de clientes inicial focada no ecossistema de startups, a empresa quer se apropriar de um espaço relativamente inexplorado por agências de influência.
A Gombo é fruto de uma inquietação do baiano Erih Carneiro, cuja formação não tem nada a ver com publicidade. Formado em contabilidade com doutorado em administração, o hoje empreendedor largou uma carreira de 16 anos no Banco do Brasil, onde atuou como gerente em segmentos como alta renda. Antes de deixar o banco em abril de 2021, criou diversos projetos como a startup de mobilidade NullCarbon, e posteriormente, a Escola de PhDs, que ajuda acadêmicos a fazerem a transição para o mercado de trabalho. Além disso, criou o podcast Travessia de Carreira, que aborda assuntos do mundo de trabalho com “pessoas normais”.
Em meio à sequência de eventos dos anos recentes, Erih investiu na produção sistematizada de conteúdo no LinkedIn, com foco em tópicos relacionados a carreira e diversidade. Isso lhe rendeu o reconhecimento da plataforma como Top Voice Carreiras este ano, mas também a ideia que levaria à fundação da Gombo. Por conta das habilidades de negociação que aprimorou durante seus anos como bancário, passou a ser procurado por especialistas que queriam ajuda para negociar ações na rede social profissional. Entre estas pessoas, estava Dimitri Vieira, ex-Rock Content e também Top Voice, que teve uma ação de publicidade negociada por Erih. Juntos, ambos entenderam que existia uma oportunidade de transformar o conhecimento veiculado na plataforma em negócios, e viraram sócios.
“Trabalhamos para empresas que entendem que o LinkedIn é um espaço onde elas podem se posicionar, utilizando a influência, o reconhecimento e a comunidade de especialistas para divulgar sua marca, produtos e serviços”, diz Erih, em entrevista ao Startups. Além do atendimento a marcas que querem realizar ações na plataforma profissional, o fundador diz que sua startup também preenche uma lacuna de mercado, ao atender o nicho de influenciadores cuja plataforma principal é o LinkedIn.
“Os talentos que estão conosco têm uma especialização muito focada, um conhecimento muito técnico e sedimentado, e são consideradas influências em suas áreas de atuação. Estas pessoas também conseguem transformar seu conhecimento em produtos, como consultoria, palestras, infoprodutos”, diz o fundador. Em sua atuação junto aos influencers, a Gombo opera como agente e desenvolvedora de negócios, trabalhando na construção de produtos a partir de estudos da audiência dos especialistas.
O benefício do desdém
A Gombo foi lançada em março deste ano. A ação de estreia envolveu o cast inicial de influenciadores “nativos” do LinkedIn, com nomes como a especialista em diversidade Tânia Chaves – que desde então lançou um curso online sobre sua área de expertise, a Academia da Diversidade, desenvolvido com a Gombo. Para gerar um alvoroço, os 15 especialistas substituíram suas fotos de perfil pelo logo da startup, e depois de um tempo anunciaram que seriam representados pela nova agência.
Atualmente, a empresa atende 30 nomes em um cast que apresenta diversidade interseccional, com foco em múltiplas especialidades. O grupo de experts representados pela Gombo inclui Amanda Graciano, sócia da Fisher Venture Builder e especialista em inovação e diversidade; Mauro Wainstock, especialista em diversidade e inclusão etária (e colunista deste Startups) e Fabrício Oliveira, fundador da marca Fowler e especialista em empreendedorismo, além do escritor focado em nomadismo digital Matheus De Souza e Noah Scheffel, fundador da Educa TRANSforma e primeiro homem trans a ser nomeado Influencer pelo LinkedIn.
Apesar de ter mais de 800 milhões de usuários, o LinkedIn ainda está atrás das maiores redes sociais da atualidade: o TikTok tem 1 bilhão de usuários ativos, e o Instagram tem uma base de cerca de 1.4 bilhão. Por outro lado, um anúncio no LinkedIn pode alcançar 14.6% da população mundial acima de 18 anos de idade, segundo um relatório da Hootsuite, publicado no início deste ano. Marcas tem se beneficiado de um aumento de 33% na intenção de compra como resultado de exposição na rede, diz o estudo, acrescentando que marqueteiros podem esperar taxas de conversão duas vezes mais altas com conteúdos publicados na plataforma.
Ainda assim, o LinkedIn ainda é visto como patinho feio no mundo da publicidade e no espaço do marketing de influência, segundo Erih. “Acho ótimo que as pessoas continuem desdenhando [do potencial da rede para ativações de marca], pois isso gera mais negócios para nós”, pontua. Entre os clientes da empresa, estão startups como a escola de programação Labenu e a Alice, que contratou a Gombo para orquestrar uma ação com 25 especialistas para apresentar seu produto corporativo. Com foco em saúde, qualidade de vida no trabalho e a responsabilidade de empregadores nesta esfera, os conteúdos para a healthtech exploram todas as possibilidades oferecidas pela rede, desde posts e artigos até vídeos e enquetes.
Dinheiro na mesa
Segundo Erih, em seu curto tempo de vida a Gombo já confirmou vários aspectos de sua tese inicial, que incluem a observação de que especialistas precisam de apoio para negociar com marcas e se desenvolver. “Algumas pessoas estão fazendo a primeira ação publicitária da vida com marca,s e pelo LinkedIn também. Fica muito claro para a gente que não é só colocar a pessoa para dentro da campanha, a pessoa especialista precisa ser bem tratada e cuidada. Uma ação publicitária para mim é uma jornada, e estou conduzindo essas pessoas em diversos estágios da evolução como criadores de conteúdo”, pontua.
Por outro lado, o fundador diz que também há trabalho a fazer para mostrar a marcas as oportunidades que o LinkedIn oferece, quando o assunto é publicidade e marketing de influência. “Nenhuma conexão no LinkedIn é desinteressada. Uma marca de chocolate que simplesmente não utiliza a rede, por exemplo, está deixando dinheiro na mesa, já que as empresas e departamentos de RH de que vão comprar as cestas de Páscoa e de Natal estão dentro da plataforma”, ressalta.
“O ponto é como criar conversas orgânicas e contextualizadas, senão as pessoas não vão engajar. E ao invés de fazer algo massificado, ter pessoas com credibilidade, cada uma contando a história do seu jeitinho, para sua audiência”, acrescenta o fundador.
Se o trabalho continuar no ritmo atual, Erih espera completar o primeiro ano da Gombo com um faturamento de R$ 1 milhão. No roadmap, está uma possível expansão do escopo de atuação para outras plataformas, mas o LinkedIn será mantido como pilar central das estratégias. Entre os objetivos para os próximos 12 meses, o fundador também espera que a empresa tenha fincado sua bandeira no espaço de marketing de influência e seja reconhecida por sua atuação de nicho.
“Espero que a Gombo seja reconhecida como uma agência que nasceu do atrevimento de duas pessoas, incluindo um homem gay, nordestino, que largou a estabilidade de um emprego público para entrar por um caminho que ele nem conhecia, mas que juntou todas as habilidades que ele tinha em sua sacolinha”, aponta.
“Trabalhamos e existimos para essas pessoas que são reconhecidas no mercado, e queremos ser conhecidos como uma empresa que têm competência para cuidar dessas carreiras, que consegue transformar conhecimentos em negócio e que, principalmente, que ajuda as marcas a criarem conversas. Não fazemos só ações publicitárias: criamos diálogos sobre temas que também são importantes para a sociedade”, finaliza.