O mercado de busca e comparação de ofertas (metasearch) de carros no Brasil já tem seus peixes grandes, com sites como WebMotors e iCarros ocupando fatias grandes do bolo e concentrando o marketplace de vendas online de veículos. Contudo, o ComparaCar quer abocanhar a sua fatia, mas de olho em uma frente que a maioria dos players não está prestando atenção ainda: o de aluguel de veículos.
“Mais do que um metasearch, pensamos no ComparaCar como um ecossistema de mobilidade, atendendo tanto quem quer comprar um veículo quanto alguém que deseja adquirir um no formato de assinatura”, explica Alan Lewkowicz, cofundador e CEO da empresa, em entrevista ao Startups.
Apesar de também investir em uma base abrangente de anúncios de venda de veículos, a empresa esperar capitalizar em cima do potencial dos carros por assinatura, que hoje movimentam cerca de 100 mil carros por mês e têm cerca de 8 a 10 mil assinaturas efetuadas todos os meses. “(O mercado) tá crescendo substancialmente, e nossa expectativa é morder uma grande fatia deste bolo”, completa Alan.
Os números estão do lado de Alan. Segundo o anuário da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA), a locação de veículos cresceu 33,5% em 2021. O faturamento bruto do setor saltou de R$ 17,6 bilhões em 2020 para R$ 23,5 bilhões no ano passado, o maior crescimento em cinco anos.
Para sustentar esta proposta, a empresa está firmando parcerias com as principais empresas de assinatura de carros no país, com um modelo de receita baseado em comissões sobre os negócios fechados pela plataforma. Além disso, a companhia tem planos de colocar uma camada própria de serviços, incluindo produtos de seguro e de financiamento.
“A maioria dos players (de aluguel) hoje voam solo na aquisição de clientes, e eles ficaram animados com nossa proposta. Queremos ser uma porta de entrada para este mercado”, destaca o CEO.
Apesar de ser novo no mercado (menos de um ano), o ComparaCar já tem alguns números. Segundo pontua Daniel Z. Chohfi, CMO da startup, hoje a plataforma já soma mais de 1,5 milhão de carros listados com cerca de 25 mil acessos mensais. “Estamos ainda em testes, mas vamos intensificar nosso go-to-market até o final do ano. Queremos atingir números grandes”, destaca Daniel.
Para bancar estas metas, a companhia conseguiu capital, levantando um aporte seed de R$ 3 milhões de um pool de venture builders brasileiras e europeias, incluindo executivos do grupo Rocket Internet. Atualmente a companhia conta com 13 colaboradores e está investindo em ajustes nos produtos, já de olho em uma possível rodada em 2023.
Informação e independência
Apesar da parte de aluguel ser um diferencial, o ComparaCar também afirma trazer um sabor próprio para competir com os portais grandes de venda de carros: informação. Na base da startup estão ofertas de todos os grandes players, mas não todas as ofertas.
Segundo Marcio Klepacz, cofundador e CTO do ComparaCar, o time da startup faz uma curadoria dos anúncios, incluindo dados adicionais para otimizar a precisão das buscas e tirar de cena ofertas que não valem a pena. “Enquanto outros portais focam em volume de anúncios, queremos focar em qualidade, trazendo informações mais detalhadas do veículo e até das condições de compra, como financiamento”, destaca o CTO.
Também está no pipeline da companhia incluir recursos próprios, como um metasearch abrangente para motos e um recursos chamado CarMatch, que permite ao usuário encontrar recomendações de ofertas e modelos que mais se adequam ao seu perfil em poucos passos, como um Tinder do carro – por sua vez, Alan prefere comparar sua empresa a outro player, se considerando uma espécie de “Trivago dos carros”.
Para o CEO do ComparaCar, a maioria dos sites de busca atuais ainda não atualizaram suas experiências para o usuário, limitando informações que podem ser úteis na decisão da compra. Além disso, ao falar de portais maiores, Alan dá uma alfinetada: “muitos destes portais deixaram de lado a experiência de uso e se tornaram grandes máquinas de venda de financiamento”, dispara ele.
O comentário faz alusão a sites como o WebMotors, que é controlado pelo Santander e traz serviços financeiros do banco; e o iCarros, cujo dono é o Itaú. “No caso de opções de financiamento para carros, ainda não apareceu uma opção que atenda bem ao público, e nós queremos fazer isso”, afirma Marcio. “Já tivemos seguradora, banco nos procurando para fazer proposta, mas não é nosso interesse no momento. Nosso patrão é o usuário”, completa Alan.