O fim da Copa do Mundo está aí e o fim do ano também, e como nós do Startups gostamos de listas, resolvemos aproveitar a situação para fazer algo diferente. Assim como jornalistas escolhem a seleção da copa ao final do campeonato, aproveitamos essa última fase do ano para fazer a nossa seleção das startups que se destacaram em 2022 – tanto positiva quanto negativamente.
Assim como num time de futebol, a nossa seleção é composta por 11 nomes, com cada companhia ocupando uma posição diferente. Por exemplo, quem se defendeu mais (cortou gastos, fez demissões), vai para a zaga. Quem foi para o ataque e fez aquisições para crescer agressivamente no mercado, naturalmente entrou como atacante no nosso time. Enfim, à medida que você for lendo, vai entender melhor.
Para ajudar a construir este escrete, convidamos nossa comunidade nos grupos de WhatsApp do Startups (se você ainda não faz parte, VENHA) para participar. Vários votaram e deram suas opiniões sobre quem deveria fazer parte de nossa seleção, e nós aqui da redação chegamos aos 11 titulares.
Sem mais delongas, conheça a Seleção do Startups 2022!
Goleiro – Dr. Jones
A startup Dr. Jones, de produtos de beleza para o público masculino, começou o ano com planos promissores vindo de capitalizações anteriores junto a fundos como Astella, Igah e Norte Ventures. Para se reforçar no jogo, ela inclusive abriu uma rodada de equity crowdfunding na plataforma Kria. A ideia era levantar R$ 3,5 milhões dentro de uma tese de reforço de comunidade e fidelização.
Contudo, o movimento não se concretizou porque a oferta teve um índice de inadimplência elevado nas reservas feitas. Parecia que a Dr. Jones ia amargar um gol contra sua meta, mas como um bom goleiro, conseguiu se defender “em cima da linha” ao ser comprada pelo O Boticário, que pagou um valor não divulgado por 100% da marca.
Lateral-direito – Conta Simples
Os laterais são aquelas empresas que foram capazes de cumprir um papel defensivo (afinal de contas, um bom lateral compõe a linha defensiva com a zaga), controlando gastos e segurando o caixa, mas também subiram para o ataque para fazer movimentos estratégicos.
No caso da Conta Simples, a startup viveu um 2022 de readequações, vide as reviravoltas que o cenário econômico que 2022 trouxe. Ao mesmo tempo que segurou um pouco de ritmo de expansão para garantir a saúde do caixa em um cenário sem horizonte de novos aportes, a empresa fez aquisições estratégicas. Em agosto ela fez seu 1º movimento de aquisição, incorporando a mineira Hackr Ads, que ajuda na criação e gestão de anúncios no Facebook/Instagram e no Google.
Lateral-esquerdo – Nomad
Sabe aquele lateral que gosta de subir para o ataque? Assim foi a Nomad em 2022. Com a confiança de quem recebeu um aporte de US$ 32 milhões no primeiro semestre, a fintech de contas bancárias internacionais primeiro resolveu ficar firme na linha defensiva, tanto que anunciou um corte de 20% em sua força de trabalho em agosto.
Contudo, quando o treinador liberou a Nomad pra “subir” para o ataque, ela foi com tudo. Em outubro ela anunciou a ampliação de seu portfólio de investimentos, incluindo serviços de crédito, e em novembro anunciou a compra de 100% da Husky, startup de transferências internacionais que facilita o pagamento de brasileiros que trabalham para o exterior.
Zagueiro veterano – VTEX
A VTEX já está no mercado há um bom tempo, mas em 2022 teve que se posicionar firme na defesa. Em maio, a empresa fez um corte de aproximadamente 200 pessoas, ou pouco mais de 11% do total de 1.765 que a companhia reportou no balanço do 1º trimestre. O corte surtiu efeito e impôs respeito aos adversários, fazendo as ações da empresa subirem logo após a decisão.
Zagueiro entregador – Hash
Aqui falamos daquele zagueiro afobado que abriu a linha defensiva, botou tudo a perder e deixou o seu time ser tomar devido a más decisões – alguma semelhança com a linha defensiva do Brasil no jogo contra a Croácia não é mera coincidência.
A história da Hash, uma fintech que até 2021 parecia uma das mais promissoras no mercado nacional, chega a ser complicada demais para contar em um parágrafo, mas foi um emaranhado de decisões equivocadas que resultaram em demissões em massa e, no fim, o fechamento da companhia. Essa aqui não será mais convocada, pelo jeito.
Volante – Quinto Andar
Na volância da nossa seleção, a QuintoAndar começou o ano firme na entrada da grande área, fazendo cortes na sua operação no primeiro semestre. Segundo a companhia, foram cerca de 160 desligamentos. Contudo, à medida que o jogo foi mudando, a proptech resolveu avançar um pouco no meio-campo e iniciar as suas jogadas como um volante armador.
Este ano, a companhia comprou a Noknox, plataforma que conecta moradores a síndicos, porteiros e prestadores de serviços, com soluções de cadastro de correspondências e encomendas, controle de acesso de visitantes, comunicados oficiais para moradores, reserva de espaços comuns e registro de ocorrências. Além disso, ela anunciou uma ampliação em seu modelo de negócio, com novas opções de contratos e atendimento VIP para proprietários com vários imóveis.
Volante – NotCo
Aqui a confederação do Startups naturalizou a chilena NotCo para compor a linha de volantes, num esquema conservador 4-2-2-2, tipo a seleção brasileira campeã do mundo em 1994. No começo do ano, a foodtech de produtos plant-based chegou a cortar 75% dos seus projetos de inovação e pisou no freio no projeto de expansão internacional que previa o desembarque dos produtos de marca própria na Europa e na Ásia. Por volta de abril, ela chegou a cortar 6% do seu pessoal.
Apesar disso, ela está pronta para tentar sair mais com a bola e ensaiar novas jogadas rumo ao ataque, especialmente no campo do B2B. Para isso ela anunciou agora no final do ano uma ampliação de US$ 70 milhões da série D que levantou em julho, totalizando US$ 305 milhões.
Meio-campista – Omie
Os meio-campistas são aquelas empresas que estão sempre olhando o jogo e quem em 2022, fizeram várias jogadas para abrir o campo adversário e encontrar novas formas de vencer a partida. No caso da Omie, ela fez de tudo um pouco. Conhecida por sua agressividade para subir ao ataque e fazer aquisições, ela anunciou em 2022 a compra da Ergoncredit, player que atua em crédito para PMEs – a Omie adquiriu 100% da companhia, por um valor não divulgado.
Contudo, além disso, ela fez outras jogadas mais estratégicas e de menor risco. Um destaque foi a decisão por tornar sua plataforma de gestão contábil OneFlow não mais exclusiva para os clientes do ERP Omie, abrindo oportunidades no mercado. Além disso, agora no final do ano a companhia lançou a versão mobile de seu sistema de gestão, com o plano de aumentar sua presença no mercado.
Meio-campista revelação – IBBX
Aqui temos aquele meio-campista novato na cena, sedento para mostrar seu valor, e que já está chamando a atenção com suas jogadas diferentes. A paulista IBBX Inovação desenvolveu um sistema que faz a captura de energia perdida no ar no formato de sinais eletromagnéticos emitidos por antenas de rádio, TV e telefonia celular, o energy harvesting.
Com esta jogada, a energytech conseguiu este ano um investimento de US$ 3 milhões com o fundo Indicator 2. Taí uma startup para a gente observar nas seleções dos próximos anos.
Dupla de ataque – NG.Cash e Alura
Para a linha de frente, vamos falar das duas escolhas ao mesmo tempo. Nossa dupla de ataque reúne experiência e juventude para buscar a vitória. No lado mais do “futebol moleque”, temos o NG.Cash, o autointitulado neobanco da geração Z. Em agosto, a empresa fez um gol ao levantar US$ 10 milhões em uma rodada com a16z e monashees. Considerada a maior rodada seed de uma startup brasileira, foi um feito e tanto para uma startup com pouco mais de um ano de mercado.
Ao lado da NG.Cash, porém, temos o nosso atacante matador, que conhece os caminhos do gol. Surpreendendo a muitos, a edtech Alura fez o seu gol ao fazer um movimento diferente: ela decidiu colocar os pés no mundo do ensino tradicional comprando a FIAP, instituição de ensino que é a principal referência na formação de profissionais na área de tecnologia no país.