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Construtechs e proptechs crescem apesar da crise, aponta pesquisa

Estudo da Terracotta Ventures mostra amadurecimento do ecossistema no Brasil

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Foto: Canva

Apesar das incertezas macroeconômicas e do tal inverno das startups, o ecossistema de construtechs e proptechs em alta no Brasil. No último ano, o setor alcançou a marca de 1.068 startups ativas, crescimento de 11,8% em relação às 955 empresas mapeadas em 2021 no país, segundo o mais recente Mapa de Construtechs e Proptechs, publicado pela Terracotta Ventures.

O estudo revela um aumento nos investimentos em negócios early-stage. Em 2022, o volume movimentado cresceu 24,4% frente ao ano anterior, chegando a R$ 789 milhões. As startups de São Paulo receberam cerca de 52% do volume total investido, seguido pelos Estados de Santa Catarina (33%) e Rio de Janeiro (6%).

“O investimento em empresas early stage mira o longo prazo, as flutuações no mercado ocorridas nos últimos meses naturalmente fazem o investidor ficar cauteloso. Mas a reprecificação nos múltiplos dos ativos trouxe boas oportunidades para entrar em negócios promissores, em condições mais equilibradas, e, cuja perspectiva de longo prazo sofre pouco efeito do atual panorama de mercado”, avalia Bruno Loreto, managing partner da Terracotta Ventures, em nota.

No entanto, quando levamos em conta o venture capital em toda a cadeia de construção civil e imobiliária, incluindo as rodadas mais avançadas, o setor registrou queda de 56% no volume investido. Em 2022, as startups levantaram R$ 2,55 bilhões frente aos R$ 5,83 bilhões de 2021. Além disso, o número total de aportes no setor retraiu 30%, de 67 para 47 rodadas no mesmo período.

Bruno explica que a dinâmica nos investimentos late-stage é diferente. “É necessário enxergar a janela de IPO para os grandes investidores poderem melhor dimensionar o que esperar da relação risco e retorno; essa só deve retomar com a inversão da curva de juros esperada para a partir de 2024 no cenário global”, pontua.

Projeções positivas

Segundo a Terracotta, o futuro do venture capital em negócios digitais na construção civil e no mercado imobiliário é promissor, uma vez que os setores amadureceram e têm hoje empreendedores mais preparados para endereçar mercados que demandam tecnologia.

“A demanda por tecnologia como motor de eficiência e competitividade das empresas tradicionais que estão buscando se digitalizar tende a continuar aumentando; e se há demanda por tecnologia a melhor receita para qualquer startup é o dinheiro do cliente, da venda da solução e na proposta de valor que são capazes de gerar. Essa combinação vai consolidar algumas teses de negócios e incentivar operações de fusões, aquisições e estratégias de M&A”, explica Bruno.

A expectativa é que com a alta nos layoffs, profissionais qualificados retornem ao mercado como empreendedores, trazendo ideias e soluções que renovem o ciclo de negócios digitais de proptechs e construtechs.

O perfil das startups

De acordo com a pesquisa, mais de 70% das construtechs e proptechs brasileiras estão nos estágios iniciais, entre pré-seed (45,8%) e seed (29,7%). Cerca de 17,89% estão na fase pré-operacional; 5,55% na série A e 1,07% em fases seguintes.

Atualmente, 120 startups do segmento de construção civil e imobiliário oferecem soluções relacionadas aos condomínios, setor que cresceu quase 30% no ano passado. O grupo inclui soluções de comodidade, sustentabilidade e crédito imobiliário. Além dos condomínios, outros destaques do setor são gestão de obras (59), intermediação digital (51), captação de recursos (51) e compartilhamento de espaços (35).

Das 1.068 startups mapeadas pelo estudo, a maior parte (88,5%) está baseada nas regiões Sul e Sudeste do país, com destaque para São Paulo (44,8%), Santa Catarina (12%) e Paraná (9,5%). Ainda assim, o ritmo de crescimento das regiões Nordeste (17,8%) e Centro-Oeste (13,9%) é superior à média nacional, indicando uma tendência de maior capilarização do ecossistema.