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Conta internacional Nomad quer triplicar operação até meados de 2021 – e busca investidores

Conta internacional Nomad quer triplicar operação até meados de 2021 – e busca investidores

Depois de mais de um ano de preparação, a conta internacional para brasileiros Nomad entrou em operação nesta semana. E os planos são de crescimento acelerado.

Segundo Patrick Sigrist (iFood) co-fundador da Nomad, até meados do ano que vem, o plano é ter 100 pessoas trabalhando na companhia. Atualmente são 35.

“A gente já acreditava que o brasileiro ia buscar serviços financeiros globais, já havia essa necessidade. Mas achávamos que isso demorar um pouco mais. O que vimos foi um avanço brutal no segmento de produtos internacionais. Em 6 meses aconteceu o que ia acontecer em 5 anos”, disse Sigrist ao Startups.

A modalidade entrou no radar de forma mais intensa em meio à pandemia pelo combo quedas dos juros e alta do dólar. A Avenue, de Roberto Lee, por exemplo, tem registrado 800 aberturas de contas por dia, com picos de 1,5 mil, passando de 175 mil ao todo – e está de olho na oferta de mais serviços financeiros além de investimentos, seu produto inicial.

Na Nomad, durante o período de pré-cadastro, que durou cerca de um ano, a lista de interessados chegou a 50 mil interessados. A ativação das contas (ainda em caráter de beta) foi liberada há duas semanas. Para Sigrist, mesmo que os juros sejam elevados nos próximos meses, a tendência é que permaneçam na casa de um dígito, o que mantém o interesse em alternativas fora do país.

A origem

A ideia de montar a companhia surgiu depois que Sigrist, Marcos Nader (Mercado Eletrônico, Comprova e DocuSign) e Eduardo Haber (Advis Investimentos e Tribeca Partners) moraram na Califórnia, em 2015, por conta de diferentes projetos – Sigrist e Haber, moraram na mesma rua em Palo Alto, inclusive. Apesar do acesso a estruturas de private banking, nenhum dos três se sentia bem atendido.

Naber e Haber então começaram a tocar um projeto para criar uma alternativa para que brasileiros pudessem ter melhores opções na hora de lidar com dinheiro no exterior. Sigrist, que neste momento estava envolvido no banco Neon, se juntou a eles depois, no começo de 2019.

O público-alvo da Nomad são os “afluentes”, pessoas de alta renda – com patrimônio de R$ 50 mil a R$ 50 milhões – atendidos pelos segmentos premium dos grandes bancos (Santander Van Gogh, Banco do Brasil Estilo, Bradesco Prime e Itaú Personalitté).

De acordo com Sigrist, o investimento feito pelos sócios até agora foi de US$ 2,5 milhões. O executivo disse que a companhia está em busca de investimento, mas não deu detalhe de quanto planeja captar.

O câmbio no Brasil é feito pelo banco Ourinvest. Nos EUA a companhia usa a fintech Synapse, que oferece serviços de banco como serviço (BaaS). De acordo com Haber, houve uma preocupação muito grande de não estruturar a Nomad apenas como uma carteira, mas sim como um banco, seguindo toda regulação e inclusive com cobertura do fundo garantidor de crédito dos EUA, o FDIC, para valores de até US$ 250 mil.

Próximos passos

Atualmente, a Nomad se remunera pelo spread no câmbio (2% em cima do dólar comercial, com IOF de 1,11%) e da taxa de interchange nas compras feitas com o cartão de débito com bandeira Mastercard. Mas a ideia é não depender apenas dessas fontes de receita, incluindo nas ofertas a venda de seguros, investimentos e wealth management – e não limitado apenas aos EUA.

Os investimentos, aliás, deveriam ter sido o primeiro produto a ser lançado pela companhia, mas a conta corrente ganhou prioridade com a pandemia. A ideia é incluir essa opção rapidamente, nos próximos meses, segundo Sigrist.

Com claro apelo para quem viaja – e que está impedido de fazer isso no momento – a Nomad tem visto novos casos de uso surgindo, como jogadores que precisam comprar créditos ou receber dinheiro no exterior, segundo Nader.

Perguntado se haveria interesse em atender o segmento de empresas, Sigrist disse que não. “O foco vai ser sempre o consumidor. Tem que ter foco”, disse.

Sobre a competição com a Avenue – e sua lista de investidores estrelada, que inclui nomes como Jorge Paulo Lemann – Sigrist disse que a Nomad se diferencia porque não tem mentalidade de banqueiro. “Queremos fazer uma coisa legal. Ganhar dinheiro vai ser consequência”, disse.