O Bitcoin bateu um novo recorde nesta segunda-feira (16), negociado acima de US$ 107 mil, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dar a entender que pretende criar uma reserva estratégica da criptomoeda no país. A moeda vem atingindo níveis recordes desde que o republicano foi eleito, graças às suas sinalizações em favor dos criptoativos, o que tem animado os investidores.
Mas, afinal, para quem perdeu a chance de comprar Bitcoin quando a moeda estava desvalorizada, ainda vale a pena investir? Analistas ouvidos pelo Startups acreditam que ainda há espaço para mais valorização, mas destacam que o valor do Bitcoin vai além do ganho financeiro no trading.
“Em um cenário de bull market – que estamos começando a viver –, é natural olhar para o Bitcoin como um ativo atrativo em busca de lucro no curto prazo, mas o grande diferencial é justamente o foco no mais distante. A política de emissão fixa de 21 milhões de Bitcoins, combinada com os halvings periódicos, reduz a criação de novos BTC, aumentando a escassez ao longo do tempo. Tudo isso posiciona essa cripto como um ativo deflacionário e uma excelente alternativa como reserva de valor. Não à toa, é citado por muitos como ouro digital”, explica Márlyson Silva, CEO da Transfero.
Em 12 meses, o Bitcoin passou de cerca de US$ 42 mil para aproximadamente US$ 102 mil (considerando o fechamento da última sexta-feira), uma alta de mais de 142%, considerando dados levantados por Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria. Considerando o pico de US$ 107 mil registrado nesta segunda-feira, a alta é de 154%.
João Marco Cunha, diretor de gestão da Hashdex, afirma que, apesar de o Bitcoin estar em níveis recorde, este é um bom momento para começar a investir.
“Historicamente, o Bitcoin segue um padrão de três anos positivos, seguidos de um ano negativo. Caso esse ciclo se mantenha, podemos esperar que a alta perdure ao longo de 2025. Pensando novamente com base nos ciclos de quatro anos, nessa altura do ano de 2020, o Bitcoin já havia multiplicado por quatro em relação à mínima do ano, registrada em março. Podia-se achar que o Bitcoin estava caro, mas seu valor era de cerca US$ 21 mil, e triplicaria nos meses a seguir”, relembra ele.
No entanto, João destaca que o horizonte de investimento em Bitcoin deve ser de longo prazo. “Acreditamos que cripto seja um investimento adequado para investidores que têm um horizonte de alguns anos. Para quem vai ficar um ciclo ou mais investido, a fase do ciclo na qual começou seu investimento é pouco relevante. Nesse sentido, é sim um bom momento para começar. Recomendamos sempre uma alocação bem calibrada, de poucos pontos percentuais do portfólio, e a utilização de veículos regulados, como fundos e ETFs, de forma a minimizar os demais riscos além do risco de mercado (variação de preços)”, diz.
Márlyson, da Transfero, afirma que o Bitcoin continua sendo uma opção atrativa para quem deseja diversificar o portfólio. No entanto, é preciso entender que, como qualquer ativo, a moeda possui volatilidade.
“Pensando na valorização, cada vez mais empresas e instituições financeiras estão incorporando Bitcoin como ativo estratégico, o que aumenta sua legitimidade e cria demanda sustentável. Ao mesmo tempo, em mercados emergentes, ele está sendo usado como reserva de valor e proteção contra moedas locais instáveis, consolidando sua relevância como ativo financeiro”, avalia.
Para quem deseja começar a investir em Bitcoin, não é preciso comprar uma moeda inteira – o que significaria um aporte de mais de US$ 100 mil no momento.
“Esse é um dos principais benefícios do Bitcoin e de outros criptoativos, você não precisa, necessariamente, comprar uma parte inteira. Com qualquer valor é possível começar a investir e fazer a sua reserva de valor. Economizou R$ 100 no final do mês? Você pode comprar uma fração do BTC. Da mesma forma que você pode comprar uma fração, também pode vender apenas uma parte do que tem caso necessite”, afirma o CEO da Transfero.