Que o Bitcoin tinha batido em disparada após o anúncio da vitória de Donald Trump para a presidência dos EUA, isso já é sabido. Entretanto, outra criptomoeda que se deu bem nisso tudo foi a memecoin Dogecoin, especialmente após o anúncio de Elon Musk como o líder de um novo departamento no governo ianque: o Department of Government Efficiency – ou DOGE (viu aí a correlação?).
Apenas com este anúncio, a moeda criada como uma piada pelo bilionário dono da Tesla acelerou a sua escalada de valorização. Nos últimos 7 dias ela já tinha ganhado 115% em valor, cotada a US$ 0,41. Nas 24 horas que sucederam o anúncio de Elon como novo membro do governo de Trump, a Dogecoin subiu 11%, chegando a um valor de mercado de US$ 60,6 bilhões e se tornando o sexto ativo digital mais valioso atualmente.
O valuation da Dogecoin já supera o de marcas consagradas como Rolls-Royce, Nintendo, MetLife, Volvo – e no Brasil, por exemplo, já supera até o do segundo banco mais valioso do país, o Itaú. Para bater o Nubank e seus US$ 69,16 bilhões de valuation, entretanto, a Dogecoin precisa valorizar mais um bocado.
Entretanto, dados do Google indicam que o boom tanto do Bitcoin quanto o da Dogecoin ainda não acabou. Nos últimos dois dias, as pesquisas por “Dogecoin” explodiram, passando de uma média de 76.141 pesquisas diárias para mais de 667.000 – um aumento massivo de 776,55%.
Os Estados Unidos lideram atualmente o interesse global no Dogecoin, respondendo por 1,5 milhão de pesquisas no último mês. Outros países com atividade de pesquisa notável incluem Alemanha e Brasil, ambos com cerca de 458 mil pesquisas cada.
Dogecoin e DOGE
O último boom da Dogecoin foi em 2021, quando Musk e outras celebridades como Snoop Dogg e Marc Cuban endossaram a criptomoeda, criada originalmente como uma brincadeira por dois engenheiros de software ianques. Na epoca, a “memecoin” tornou-se tão popular que seu valor de mercado subiu para US$ 45 bilhões em abril de 2021.
Ao anunciar o novo departamento governamental, Elon Musk não se privou de linkar o DOGE e a Dogecoin. Em seu perfil do X, ele compartilhou uma imagem não oficial para o departamento, utilizando um desenho de um shiba inu, raça canina que remete ao antigo meme “doge”, que também estampa a dogecoin. Qualquer semelhança provavelmente não é uma coincidência.
Musk foi citado na declaração de Trump dizendo que o Departamento de Eficiência Governamental “enviará ondas de choque através do sistema e de qualquer pessoa envolvida no desperdício do governo, que é muita gente!”. Além de Elon Musk, o DOGE terá o investidor Vivek Ramaswamy como um de seus líders.
De acordo com Trump, o DOGE fornecerá aconselhamento e orientação fora do governo e fará parceria com a Casa Branca e o Gabinete de Gestão e Orçamento para “impulsionar reformas estruturais em grande escala e criar uma abordagem empreendedora ao governo nunca vista antes.”
Entretanto, alguns detratores de Elon Musk viram o anúncio como mais uma estratégia do bilionário em adicionar mais alguns bilhões à sua conta, em uma estratégia de pump and dump. Para quem não conhece, uma manobra de pump and dump acontece quando alguém que está posicionado em algum ativo movimenta o mercado, gerando interesse neste ativo, aproveitando a alta para vender a um preço mais alto.
Vale lembrar, inclusive, que Elon Musk já foi acusado deste tipo de prática, em que investidores processaram o empresário por sua prática de endossar a moeda em suas postagens do X. Inclusive, um dos posts mais emblemáticos do empresário, foi o que ele escreveu apenas “One Word: Doge”.
Os autores da ação argumentaram que Elon Musk e Tesla se envolveram em um esquema para aumentar o preço do dogecoin por meio de postagens no então Twitter e “golpes publicitários”, incluindo a aparição de Musk no programa Saturday Night Live.
O processo alegou inclusive que Elon Musk se envolveu em negociações com informações privilegiadas quando supostamente vendeu US$ 124 milhões em dogecoin.
Entretanto, em agosto deste ano umn juiz federal inocentou Elon Musk e Tesla da acusação, dizendo que as declarações de Musk nas redes sociais eram “aspiracionais” em vez de “factuais” e “nenhum investidor razoável poderia confiar nelas”.