Fundadores da Crown: John Delaney, Vinicius Corrêa, Alex Gorra e Bruno Passos | Foto: Divulgação
Fundadores da Crown: John Delaney, Vinicius Corrêa, Alex Gorra e Bruno Passos | Foto: Divulgação

A fintech brasileira Crown, focada em infraestrutura financeira para mercados emergentes, acaba de estrear suas operações no Brasil com o lançamento da BRLV, uma stablecoin 100% lastreada na moeda local. A novidade vem na esteira de uma rodada seed robusta e de um time experiente, que conta até mesmo com o economista André Lara Resende, um dos idealizadores do Plano Real, como consultor estratégico.

A BRLV é uma stablecoin atrelada ao real (BRL) e garantida integralmente por títulos públicos do governo brasileiro – estrutura que, segundo a Crown, busca combinar segurança, liquidez e aderência regulatória. A empresa estreia com mais de R$ 200 milhões subscritos e um aporte de US$ 8,1 milhões, levantado junto a investidores como Framework Ventures, Valor Capital Group, Coinbase Ventures, Norte Ventures, Paxos e o cofundador do Nubank, Edward Wible, que também passa a integrar o conselho de administração da fintech.

O time fundador reúne nomes experientes com histórico em fintechs e cripto: John Delaney (ex-COO da Xerpa); Vinicius Correa (ex-desenvolvedor do Nubank e cofundador da Pipo Saúde); e Alex Gorra (ex-sócio da Brainvest, com passagens por UBS, Rothschild e JP Morgan). Bruno Passos, ex-Hashdex, assume o cargo de COO.

A empresa também conta com assessoria de escritórios de advocacia internacionais de referência, incluindo Pinheiro Neto Advogados no Brasil.

Os recursos obtidos com a rodada serão destinados ao desenvolvimento de produtos e consolidação da companhia como referência em emissão de stablecoins em reais.

“O acesso ao real ainda é um desafio para as instituições. Com a BRLV, estamos construindo uma infraestrutura financeira que permite às instituições acessarem a moeda de forma estratégica, com mecanismos integrados à conformidade regulatória e liquidez. Nossa estrutura permite compartilhar parte do rendimento das reservas – as LFTs – com parceiros institucionais”, explica John Delaney, CEO da Crown.

A BRLV foi desenvolvida para atender diferentes tipos de instituições financeiras e tecnológicas, explica a fintech por meio de nota. Plataformas de tokenização e empresas que operam com ativos digitais, por exemplo, poderão usar o token para automatizar tesourarias e liquidações on-chain, sem a necessidade de transferências bancárias tradicionais.

Fintechs, por sua vez, poderão utilizá-lo como infraestrutura para lançar carteiras digitais regulatórias, reduzindo custos e complexidade de integração. Já investidores institucionais qualificados terão acesso simplificado ao carry trade em reais, com operações disponíveis 24 horas por dia e custos operacionais menores. O protocolo da BRLV foi construído em conformidade com as diretrizes do Banco Central para provedores de serviços de ativos virtuais (VASPs).

“Achamos que a Crown pode se tornar a Circle do Brasil”, afirmou Vance Spencer, cofundador da Framework Ventures. “Enxergamos a abordagem da Crown como o próximo passo natural na evolução das stablecoins – oferecendo às fintechs uma nova peça central de infraestrutura e atraindo fluxos institucionais de investidores globais com acesso direto e sem fricções às taxas de juros locais. É raro encontrar um produto que, ao mesmo tempo, amplie o acesso dos investidores e aprofunde a liquidez do mercado”, disse.