Uma disputa diferente ganhou as redes sociais esta semana. Rodrigo Batista, um dos cofundadores e ex-CEO da plataforma cripto Mercado Bitcoin (e atualmente fundador e CEO da Dígitra), chamou pessoalmente o atual CEO Reinaldo Rabelo em seu perfil no LinkedIn para “lavar roupa suja”, criticando a postura do executivo ao contar a história de uma das mais antigas e conhecidas corretoras de criptoativos no país.
“Porque você omite que eu fundei o Mercado Bitcoin e mente todas as vezes que conta a história da empresa?”, disparou Rodrigo, em um post inflamado no LinkedIn. “Porque você omite que, além de fundar, fui o CEO até 2019? Que a empresa já tinha 1,2 milhão de clientes quando vocês assumiram e era o primeiro lugar inconteste no Brasil?”, completou.
Rodrigo não poupou críticas ao atual CEO da Mercado Bitcoin, apontando que Reinaldo resolveu recontar a história da empresa à sua maneira, removendo o nome de Rodrigo e creditando apenas os irmãos Gustavo Chamati e Maurício Chamati como fundadores em 2013.
“(Porque você) Omite que EU trouxe o ‘fundador’ Gustavo (Chamati) no começo da jornada? Porque você mente que o irmão dele, Maurício, estava lá em 2013 ‘como fundador’ sendo que ele entrou ANOS depois?”, indagou Rodrigo no post.
Rodrigo ficou na Mercado Bitcoin de 2013 a 2019, quando vendeu a sua parte do negócio para Reinaldo Rabelo e Roberto Dagnoni, que tinham entrado na companhia em 2017. Apesar de ter comentado em seu post que foi CEO até 2019, notícias da época apontam que ele já tinha deixado o cargo no fim de 2018 – no LinkedIn de Reinaldo Rabelo, ele indica que assumiu a cadeira de CEO em outubro de 2018.
Na época, a exchange destacou que as mudanças na liderança do negócio foram reflexos dos efeitos que a empresa sofreu com o bear market que afetou os ativos digitais.
Nos últimos três anos, Rodrigo tem liderado a Dígitra, uma outra corretora de criptoativos que já conquistou investidores como a Profitus Participações, de um dos herdeiros do Itaú, que investiu R$ 5 milhões na fintech. Mais recentemente, a Dígitra captou R$ 1 milhão em media for equity com a 4Equity.
“Estou aqui fazendo meu trabalho, nunca respondi assim porque não sou barraqueiro, mas chega dessa patifaria mentirosa que você e seu time contam”, escreveu Rodrigo Batista em resposta a Reinaldo, dando as suas razões para se posicionar de forma agressiva nas redes sociais.
Motivos
Em conversa com o Startups, Rodrigo afirmou que quebrou o silêncio para expor o posicionamento divisivo de Reinaldo no ecossistema cripto. “Fez críticas a empresas de diferentes tamanhos e estágios, como a Transfeero (de stablecoins), com a B3, e com entidades como a ABCripto“, explica. “Para evitar essa forma belicosa que divide um mercado que precisa de união, eu resolvi falar. Isso que me tirou da toca e me fez expor o telhado dele”, revelou Rodrigo à reportagem do Startups.
Em julho, o Mercado Bitcoin divulgou que estava de saída da organização que ajudou a fundar, a Associação Brasileira de Criptoeconomia (Abcripto). Para Reinaldo Rabelo, a Abcripto “passou a promover pautas e empresas cujo modelo de negócios coloca em risco a segurança do mercado local”.
Entretanto, olhando para o mercado, uma outra razão se mostra plausível. Depois da eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, o Bitcoin está batendo recordes, tornando-se novamente um dos ativos mais quentes do mercado e acirrando a briga entre as corretoras para ver quem atrai mais clientes. Ah, e cá entre nós, quando a competição se acirra, todo tipo de prestígio conta.
“Nos seus posts antigos você dizia que ‘fundaram’. Quando começaram a ser questionados o verbo virou ‘refundaram’. De agora em diante, toda vez que eu vir alguém sequestrando minha história, vou fazer questão de ‘reapontar'”, finalizou Rodrigo em sua nota.
Procurada pela reportagem do Startups, a Mercado Bitcoin preferiu não se aprofundar no assunto, dizendo estar focada no atual bull run do mercado, que está rendendo para a companhia. “Quanto às críticas nas redes sociais, estamos tratando disso no ambiente e na forma adequados”, disse a empresa, em resposta ao Startups.
Apesar de institucionalmente a Mercado Bitcoin manter o low profile, Reinaldo foi às redes para um novo post, novamente ignorando o nome de Rodrigo.
“Em outubro de 2018, assumi a posição de CEO para reestruturar a empresa. Em 2019, após a saída de alguns sócios que venderam suas posições, Gustavo e Mauricio Chamati nos convidaram para adquirir participação relevante”, escreveu o CEO. “Sabíamos que precisaríamos fundar uma nova empresa. Obviamente, o passado importava. Mas, com o tempo, mostrou-se insignificante, dado o tamanho atingido pela ‘nova empresa'”, completou Reinaldo.