Crowdfunding

EXCLUSIVO: Kria diversifica e entra no jogo dos "ativos do mundo real"

De renda fixa a SAF, plataforma pioneira no crowdfunding investiu em tecnologia para lançar outros modelos de investimentos

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Camila Nasser, CEO do Kria | Foto: divulgação
Camila Nasser, CEO do Kria | Foto: divulgação

O Kria foi um dos pioneiros do crowdfunding de startups do país. Lançada em 2013, desde então a plataforma abriu mais de 100 ofertas e movimentou cerca de R$ 136 milhões. Entretanto, em um momento “não tão quente” para os investimentos em startups, a plataforma resolveu diversificar, e prepara a entrada em novos tipos de investimentos.

O primeiro movimento nessa direção vem com o lançamento de um produto de renda fixa digital. Segundo o Kria e sua CEO Camila Nasser, a expansão marca uma nova fase para a empresa, passando a atuar de forma mais ampla na distribuição de “ativos do mundo real”.

Conforme explica a executiva, o Kria “testou as águas” com uma operação piloto de R$ 400 mil, que teve uma taxa de conversão de 35% entre os convidados da base da plataforma. Isso validou a nossa tesa, e com isso a plataforma deu sinal verde para sua oferta inicial, um CRI de R$ 3 milhões, com rentabilidade de 21% ao ano e investimento mínimo de R$ 5 mil.

“Enxergamos a renda fixa digital como uma extensão natural de nossa missão, democratizando o acesso a boas oportunidades financeiras antes restritas, assim como fizemos com os investimentos em startups”, pontua Camila, em conversa com o Startups.

Atualmente o Kria conta com mais de 60 mil investidores cadastrados, e o plano da plataforma é trabalhar essa base para vender o novo produto, apostando também na ponta de tecnologia para garantir a qualidade do portfólio. Sobre expectativas para o novo produto, Camila preferiu não falar sobre números, mas aponta a confiança dos usuários como um fator decisivo para crescer.

“No final, o que vai acontecer é o investidor vai olhar para a qualidade do ativo em si. E quando a gente fala de renda fixa, para a rentabilidade oferecida, a gente entende que é isso. Quanto mais sofisticado é o nosso produto, quanto maior a rentabilidade, quanto mais seguro, é assim que a gente consegue atrair os investidores”, destaca.

Equity segue importante

Apesar do foco atual em novos produtos, Camila afirma que o crowdfunding segue como estratégia central do Kria. Inclusive, de acordo com a CEO, a esteira de venture capital segue ativa e renderá novas rodadas públicas ainda este ano.

“Seguimos animados com o equity crowdfunding. Claro que vivemos um momento de altos e baixos, olhando para o cenário com juros e retração de VCs. Isso nos faz ser mais diligentes com equity e é o que a gente tem feito”, avalia a executiva.

No ano passado, o Kria anotou cerca de R$ 1 milhão em faturamento, em um ano que, segundo a CEO, a empresa diminuiu suas operações em equity e resolveu investir em novas frentes de expansão e tecnologia para ganhar eficiência e cortar intermediários – o que segundo Camila, ajuda a gerar investimentos mais atrativos na ponta do usuário.

Como parte desse processo, a companhia contratou em maio deste ano o executivo Caio Saad, que assumiu o cargo de Diretor de Novos Negócios. Além da renda fixa, outra oferta que o Kria quer abrir em breve é o de investimento em SAFs (Sociedade Anônima de Futebol), em que investidores podem comprar cotas em clubes de futebol.

“Seguimos comprometidos com o ecossistema de inovação, mas queremos ampliar nosso impacto conectando capital a negócios reais, com estruturas mais ágeis e acessível. Acreditamos que o futuro dos mercados de capitais passa por essa convergência entre tecnologia regulação e propósito”, afirma Flávio Monteiro, diretor de operações do Kria.

“Queremos ser o one stop shop do investidor interessado em ativos do mundo real, que aí pode ir desde a startup, a futebol, a imobiliário. Para os investidores, o mundo de oportunidades é grande”, finaliza a CEO.