Crowdfunding

Positiv.a quebra recorde do crowdfunding no Brasil e capta R$ 8,3M pelo Kria

Startup de produtos de limpeza sustentáveis projeta alcançar o break even em 2024 e faturar R$ 100M em até cinco anos

Positiv.a
Positiv.a (Foto: Divulgação)

A positiv.a, marca ecológica de produtos de limpeza e autocuidado, acaba de concluir a maior rodada de equity crowdfunding do país. A captação de R$ 8,3 milhões foi feita em pouco mais de dois meses, por meio da plataforma Kria, para possibilitar que a comunidade  de clientes da marca se tornasse sócia do negócio.

“Captar via crowdfunding já era um sonho desde 2017, quando planejamos o crescimento da empresa. Sempre quisemos fazer com que nossos clientes se tornassem sócios-embaixadores do negócio, por acreditar no poder que as comunidades têm de transformar o mercado”, afirma Marcella Zambardino, diretora de impacto e cofundadora da positiv.a, em entrevista com o Startups.

Além dos consumidores, a rodada contou com a participação de family offices e pessoas engajadas com a causa ambiental, como Natalie Unterstell, presidente do grupo Talanoa e membro do Green Climate Fund. Ao todo, foram 187 investidores, dos quais 80% são clientes e outros 20% não, sendo 36,4% mulheres e 63,59% homens e aportes a partir de R$ 5 mil. Cerca de 4,3% dos investidores eram funcionários e ex-funcionários da positiv.a.

Os recursos captados serão utilizados para a integração e transformação da fábrica; investimento em vendas recorrentes; aquisição; comunidade; inovação; evolução do portfólio e capital de giro. “A diferença de preço entre os nossos produtos e os produtos convencionais é o principal atrito para o crescimento da empresa. Por isso, vamos alocar esforços para o investimento na fábrica, com relançamentos e lançamentos de novos itens, com foco nos preços adequados para o consumidor”, diz Leandro Menezes, CEO da positiv.a.

“Vamos investir em pesquisa e desenvolvimento para ter tecnologias próprias, expansão time para garantir uma operação mais eficiente e seguir aumentando o alcance da marca com campanhas, aquisição de cliente e conscientização do mercado por meio de conteúdos nas redes sociais. Além de tornar o portfólio mais acessível, vamos investir nos canais para que os produtos estejam ainda mais disponíveis para os consumidores, evoluindo nosso programa de assinatura e compra recorrente, a parceria com marketplaces e também no varejo físico, para estar na rotina dos vários públicos que utilizam diversos canais de compra”, acrescenta o executivo.

A expectativa é chegar a um faturamento de R$ 100 milhões nos próximos cinco anos. No mais curto prazo, a positiv.a projeta crescer entre 30% e 35% e alcançar o break even, ou seja, ponto de equilíbrio da operação, ainda em 2024. “A sustentabilidade financeira do negócio é uma meta que está na frente do crescimento e do faturamento. Ainda assim, o mercado de produtos de limpeza e higiene é gigantesco, e temos a oportunidade de crescer e nos tornar uma empresa geradora de caixa”, pontua Leandro.

Sócios da positiv.a
Fernando Guerreiro (sócio), Marcella Zambardino (CIO e sócia fundadora), Leandro Menezes (co-CEO e sócio), Alex Seibel (co-CEO e sócio fundador) e Rafael Seibel (sócio fundador)
Foto: Du Borsatto/Divulgação Positiv.a

Gerando impacto

A rodada supera os R$ 7,5 milhões captados pela EqSeed em agosto de 2023. De acordo com os fundadores da positiv.a, mais do que um simples recorde, a captação enfatiza o potencial de negócios de impacto e as oportunidades geradas a partir deles. “Essa conquista é gratificante por inspirar outros negócios de impacto, e mostrar que eles estão cada vez mais ganhando relevância no Brasil e em todo o mundo. A indústria convencional só muda quando os consumidores começam a exigir mudanças, e a rodada mostra que eles não apenas querem a transformação do mercado, como também estão investindo o próprio dinheiro para ver essa mudança acontecer”, avalia Marcella.

A executiva também considera o crowdfunding um método de investimento mais democrático. “Tenho conversado com vários empreendedores que não têm muito contato com o mercado financeiro ou não conseguem chegar aos fundos de venture capital. O financiamento coletivo é uma forma mais democrática e dá mais autonomia para o empreendedor mostrar seu negócio para o mundo”, pontua.

Segundo Camila Nasser, cofundadora e CEO do Kria, a proposta da positiv.a se destacou justamente pela geração de impacto. “O Kria tem o impacto em sua essência. Tanto nós quanto a positiv.a somos certificadas pelo Sistema B, movimento global de empresas que buscam aliar lucro com o desenvolvimento socioambiental. É muito importante para nós como plataforma de crowdfunding mostrar que existe um espaço grande para negócios que têm produtos de qualidade, trazem impacto e geram lucro. Além disso, não tem nada mais bonito do que trazer a comunidade para fazer parte da construção dessa história – e esse é um aspecto muito forte para a positiv.a”, afirma.

Prestes a completar 10 anos de existência no mercado, o Kria é pioneiro no equity crowdfunding no Brasil e atualmente tem um portfólio de 14 exits – ou retornos gerados aos investidores. Para Camila, ser a plataforma de financiamento coletivo com o novo recorde do crowdfunding é mais significativo do que uma simples questão de números. “O propósito do Kria não é comemorar que tem o recorde das rodadas, e sim celebrar a geração de retorno para os investidores. É muito mais sobre o valor que a gente gera do que o valor que é investido. Mas claro, não deixa de ser um marco de sucesso. É gratificante, estamos felizes e estamos ainda mais entusiasmados com o que está por vir”, afirma a executiva.

Analisando o mercado geral de crowdfunding no país, ela reconhece que houve desafios para o mercado se consolidar, mas considera que hoje o financiamento coletivo vive a sua primavera. “Estamos entrando na nossa primavera. As dificuldades no venture capital nos últimos dois anos significou a abertura de espaço para players um pouco mais alternativos. 2023 foi um ano difícil no mercado como um todo, mas há um gap que foi aberto pelos VCs que vai começar a ser preenchido pelas plataformas de crowdfunding, micro VCs e players de investimento menos tradicionais. Isso, somado às mudanças regulatórias que permitem que as plataformas tenham mercado secundário, fará com que na prática o investidor tenha muito mais liquidez do que o que está no venture capital. Estima-se que o crowdfunding no Brasil tenha um crescimento de pelo menos cinco vezes nos próximos anos”, finaliza.