*por Charles Nisz, especial para o Startups
Empresas estão lidando com uma nova realidade da aferição de resultados por outras métricas além do resultado financeiro. Nesse sentido, dados podem ser poderosos aliados dos conselhos na gestão. É o que trouxe à tona o painel Dados, ESG e geração de valor: como os conselhos atuam neste novo mundo, parte do evento Data Driven Business, promovido pela Neoway e pela B3.
O painel aconteceu ontem (30) em São Paulo e contou com a ṕarticipação de alguns conselheiros: Márcio Mendes, do Fleury; Maurício Minas, do Bradesco; e Mônica Herrero, da Stefanini, e foi moderado por Gustavo Brigatto, fundador e editor-chefe do Startups.
O uso de dados para melhorar a tomada de decisão dos conselhos é uma estratégia que foi ressaltada no discurso de Mônica, da Stefanini. “Os conselhos estão incorporando perfis de profissionais de inovação, TI e humanidades. A tecnologia deve ser um suporte ao negócio”, comentou. Mônica acredita que incorporar a cultura das startups pode trazer a velocidade necessária para propiciar essas mudanças em empresas tradicionais.
No entanto, a executiva ainda vê a questão educacional como um desafio. “O Brasil precisa de mais de 800 mil profissionais de tecnologia e não há meios disso ser provido apenas pelas faculdades”, disse, acrescentando que a solução é investir na formação in company dos atuais funcionários.
Já Maurício, do Bradesco, acrescentou: “Decisão tem muito de feeling e experiência, mas elas ficam ainda melhores se apoiadas em dados”. Segundo o executivo, podemos chamar esse tipo de gestão de “capitalismo de stakeholders” – as empresas precisam atender clientes, funcionários, prestar contas à sociedade e preservar o meio ambiente.
No caso dos bancos, Maurício reforçou que a ideia é “oferecer ofertas personalizadas para cada cliente, incorporar inovação na empresa e aproximar o banco das universidade – onde está a mão de obra qualificada”.
De fato, cada vez mais as empresas usam dados para guiar políticas que vão além dos negócios, como destacou Márcio, do Fleury. Para ele, a digitalização do setor bancário será copiada por outros segmentos. “A maior ameaça seria não digitalizar nada”, afirmou.
O Fleury quer se firmar como um marketplace de saúde, vendendo outros produtos e serviços, além de exames. Um dos avanços trazidos pela tecnologia, segundo Márcio, é o uso de inteligência artificial para análise de exames, deixando a expertise humana para trabalhos mais sofisticados.