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De olho em emergentes, fundo americano Class 5 Global começa a buscar startups no Brasil

De olho em emergentes, fundo americano Class 5 Global começa a buscar startups no Brasil

Colocar dinheiro em países emergentes costuma ser uma alocação de nicho para grandes investidores globais. Uma abordagem oportunística tendo em vista as incertezas e instabilidades desses mercados.

Para Zach Finkelstein, isso significa deixar dinheiro na mesa. “São trilhões de dólares em gastos esperando as melhores soluções. Como investidores, o maior negócio é olhar para a frente, não para trás. E os mercados emergentes vão puxar o crescimento no consumo”, diz ele ao Startups.

Com essa proposta, ele e mais dois colegas – Joel Ayala e Jonathan Krause – deixaram o fundo Lumia Capital, e lançaram, em 2018, a Class 5 Global. A gestora sediada em San Francisco se concentra em mercados emergentes, já tem 10 companhias no portfólio e no fim do ano passado ganhou projeção ao anunciar que o jogador alemão Mesut Ozil, atualmente no Arsenal, da Inglaterra, tinha se juntado a ela como investidor e advisor. Agora, começa a buscar oportunidades no Brasil.

Caio Franco como venture partner local

A descoberta de possíveis novos negócios no país ficará a cargo de Caio Franco, diretor jurídico e de comunicação da Buser, que atuará como venture partner – sem deixar suas funções na startup de transporte. Ele vai atuar com uma rede de 50 olheiros, ou deal partners, que também vão nutrir o funil (e ser remunerados por isso, claro). A relação com Franco começou em 2018 quando ele estava na Yellow.

“Me juntei a eles, em adição às minhas funções na Buser, porque acredito que executivos de startups locais têm uma condição privilegiada para descobrir e avaliar investimentos promissores em mercados emergentes como a América Latina, que normalmente apresentam desafios peculiares”, diz.

Além dele, a Class 5 tem outro venture partner em Cingapura, Momo Ong, que é responsável pelo Sudeste Asiático. Para o Oriente Médio e Norte da África, o mais recente sócio da gestora, Youcef Oudjidane, faz o trabalho.

Finkelstein diz que a ideia de ter essa estrutura descentralizada é ampliar o alcance e multiplicar forças. “Venture partners são pessoas que estão trabalhando no ecossistema de tecnologia e têm relacionamentos e insigth únicos como consequência disso. Com isso, a Class 5 pode expandir seu acesso e conhecimento de forma diferenciada”, avalia.

Em sua tese de investimento, a Class 5 está em busca principalmente de fintechs e de negócios que sejam impulsionados pela adição de serviços financeiros às suas ofertas, como nas áreas de educação e do agronegócio. A preferência é por liderar as rodadas e ser o primeiro cheque das startups. Do atual portfólio, 6 empresas nunca tinham recebido recursos anteriormente. Mas os coinvestimentos e as séries mais avançadas também estão no cardápio. Ano passado a Class 5 coliderou com a Monashees uma série A de US$ 8,8 milhões na TrueHome, uma Loft mexicana. Os aportes subsequentes (follow ons) são uma parte importante da estratégia. “As companhias podem esperar múltiplas vezes o que receberam inicialmente da gente”, diz Finkelstein sem dar detalhes.

O Startups apurou que a Class 5 pretende fazer até 20 investimentos em seu primeiro fundo, de US$ 100 milhões, com uma parte significativa deste montante reservada para os follow ons. “Não estamos olhando nichos. Estamos buscando a próxima geração de gigantes de tecnologia”, diz Finkelstein.

Diferenciais

A busca por oportunidades em finanças em emergentes não é exatamente uma novidade. Ela já é explorada pelo fundo sueco Vostok Emerging Finance (VEF), que investiu na Creditas e no GuiaBolso, e pela Quona Capital, do Vale do Silício, que há duas semanas entrou na Monkey Exchange e já estava na Kovi, Neon e também na Creditas.

Segundo Finkelstein, a Class 5 traz como diferenciais a experiência e os contatos de seu time, seu tamanho – a avaliação dele é que os fundos estão ficando muito grandes e com mais escala tendem a dar retornos menores – e a proposta de criar uma comunidade entre fundadores e empresas. “As pessoas estão criando negócios interessantes e parecidos em vários lugares, mas não têm contato, conhecimento do que está acontecendo. Não é só no Vale [que elas acontecem]”, diz.