Inovação

Biotech e agro puxam a frente das deep techs no Brasil, diz estudo

Relatorio Deep Techs Brasil 2024 mapeou 875 startups deste segmento no país - e apontou desafios e caminhos para seu desenvolvimento

Estudo mostra panorama das deep techs no Brasil. Foto: Canva
Estudo mostra panorama das deep techs no Brasil. Foto: Canva

Apesar de ainda estar um tanto distante do grau de maturidade visto em outros mercados internacionais, o Brasil já conta com um cenário amplo de deep techs – e segundo o relatório Deep Techs Brasil 2024, elas estão concentradas em duas áreas de destaque: agro e saúde.

Das 875 startups mapeadas pelo estudo – realizado pela Emerge, com parceria da American Chemical Society, Cubo Itaú e Suzano Ventures – 379 delas (42% do total) são biotechs. E dentro desse montante, 50% são de agronegócio e 42% são voltadas a aplicações na saúde.

No Top 3 de categorias mapeadas no levantamento, deep techs de inteligência para saúde (92 startups) e de computação em nuvem (96 empresas) fecham o pódio. Outros destaques são startups de inteligência artificial (63 empresas) e manufatura avançada (61 startups).

Quanto à rentabilidade destes negócios, o levantamento mostra uma tendência otimista. Se em 2023, apenas 55% das deep techs mapeadas registraram receita, 72% das deep techs esperam ter faturamento em 2024, com modelos de negócios concentrados no desenvolvimento de novas tecnologias para venda direta ou licenciamento para grandes indústrias.

O estudo também apontou empresas que têm se destacado no cenário nacionais. Entre elas estão duas que já chamaram a atenção de fundos, como a Nintx, que levantou US$ 3 milhões em uma série A liderada pela Pitanga, e a Cellva, deep tech de novos ingredientes alimentícios que captou US$ 1,5 milhão em rodada liderada pelos fundos ProVeg e Rumbo Ventures.

Os poréns

Apesar do cenário até amplo de deep techs demonstrado pelo estudo, existem os poréns. O principal deles é a falta de maturidade dos negócios, em comparação com as deep techs de nível global. Segundo o levantamento, 70% dessas startups ainda não passaram da fase de validação tecnológica, enquanto 30% se encontram na fase de escalar comercialmente suas soluções.

Por conta disso, o interesse dos fundos de venture capital ainda é pouco. De acordo com o relatório, Programas de subvenção & fomento público e investidores anjo representam 70% dos investimentos em deep techs no país – e segundo Paula Puzzi, Corporate Venture Capital Manager da Suzano Ventures, aí reside uma grande oportunidade para os CVCs.

“Os CVCs são fundamentais para alavancar deep techs, oferecendo Smart Money que vai além do capital, com expertise técnica, apoio em industrialização, escalabilidade e redes de parceiros globais. Ao enfrentar desafios complexos e de longo prazo, as deep techs são complementadas pelo conhecimento dos CVCs em cadeias produtivas e desafios regulatórios, facilitando o processo de mitigação de riscos”, destaca a executiva.

Apesar do potencial criativo e da notável produção científica do Brasil, o relatório destaca os desafios enfrentados na conversão desse conhecimento em inovação prática. O país ocupa apenas a 50ª posição no Global Innovation Index 2024, revelando a necessidade de maior integração entre a pesquisa acadêmica e a aplicação industrial. Entretanto, para os organizadores do levantamento, as informações podem trazer subsídios para uma “virada de chave” positiva para o setor.

“Acreditamos que as deep techs têm um papel crucial para resolver os grandes desafios globais, ao mesmo tempo em que impulsionam a competitividade das empresas e abrem novos mercados. O Brasil, com seu potencial criativo e científico, pode liderar essa transformação”, finaliza Gabriela Sant’Anna, Head de Startups & Parcerias do Cubo Itaú.