Uma startup brasileira desenvolveu uma solução que pode representar uma economia de até R$ 385 milhões para a saúde no Brasil, ao evitar cirurgias desnecessárias. Trata-se da Onkos, fundada em 2015, que lançou, após três anos de desenvolvimento, o mir-THYpe, um exame baseado em inteligência artificial capaz de diagnosticar nódulos de tireoide com alta precisão.
A tecnologia é interna e não-comercializada, mas já é utilizada por parceiros do setor privado (hospitais e laboratórios de referência), como Albert Einstein, Sírio-Libanês, A.C.Camargo, Hospital do Câncer de Barretos, Rede D’Or, Fleury, Alta e Sabin. Neste ano, a deeptech planeja incluir sua tecnologia no SUS (Sistema Único de Saúde) e nos planos de saúde, expandindo sua atuação e ajudando mais médicos e pacientes com seus diagnósticos.
Segundo a Onkos, o exame analisa amostras coletadas, cruza os dados com um extenso banco de informações e entrega o laudo diretamente ao médico e ao paciente.
Saindo da parte de realização do exame, a companhia conta com uma equipe de logística que consegue trazer as amostras de qualquer lugar — até mesmo de outros países. Isso é possível porque a Onkos teve expansão internacional, atuando no México, Jamaica, Colômbia, Bolívia, Equador, Chile, Argentina, Uruguai, Peru, Paraguai, República Dominicana, Venezuela, Egito, Ilhas Maurício e outros países.
Para além da tireoide
Atualmente, a deep tech possui quatro produtos, sendo que o primeiro deles já está em uso (o próprio mir-THYpe). Os outros três continuam em desenvolvimento, mas serão exames para câncer de mama, câncer de próstata e tumores metastáticos.
“Todos esses exames que a gente oferece e vem desenvolvendo, são voltados para o que chamamos de incertezas diagnósticas, ou seja, pacientes que hoje passam por procedimentos, cirurgias, tratamentos desnecessários por conta, por falta de ter um diagnóstico mais preciso”, explica Marcos Santos, CEO e fundador da Onkos.
Na sua atuação com diagnóstico de câncer de mama, a Onkos conta com recursos do programa Mais Inovação Brasil promovido pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), no qual acaba de ser aprovada.
O projeto, que tem potencial de ser incorporado ao SUS, tem o objetivo de prever o risco de recorrência da doença no período de 5 a 10 anos com base em marcadores moleculares, e auxiliar os médicos na decisão sobre a necessidade ou não de quimioterapia preventiva.
Segundo o CEO, no Brasil, cerca de 22 mil mulheres com câncer de mama são tratadas todos os anos desnecessariamente com quimioterapia.
“Apesar de existirem testes similares nos Estados Unidos, o custo ultrapassa a casa dos R$ 15 mil, sendo proibitivo para a realidade brasileira. Nosso desafio na Onkos é também desenvolver este teste com custo acessível, permitindo que o sistema de saúde economize recursos ao evitar gastos com quimioterapia desnecessária”, explica.