Começo de ano é época de ajustes em muitas empresas – e em alguns casos isso envolve demissões. No caso da Unico, parece que o ajuste veio pontual como um relógio. Em janeiro do ano passado, a idtech unicórnio demitiu cerca de 110 funcionários (10,5%) do quadro, sendo que já tinha demitido em outubro de 2022. Agora, exatamente um ano depois do último layoff, a empresa fez cortes de novo: desta vez, porém, parece que o impacto foi ainda maior, com 20% da força de trabalho sendo dispensada.
A informação sobre a demissão em massa começou a circular nas redes sociais na terça-feira (16), com diversos funcionários falando sobre sua experiência na idtech. “Despedidas nunca são fáceis, ainda mais quando temos que dar adeus a um lugar que tanto gostamos”, afirmou uma profissional afetada. “Me despeço com sensação de dever cumprido”, disse um outro ex-colaborador.
Em nota, a Unico confirmou os cortes e explicou que a decisão fez parte de “uma reestruturação interna para focar em seu core business”. O número exato de pessoas dispensadas não foi divulgado, mas ao observar o número de funcionários da empresa no LinkedIn (mil colaboradores), a estimativa é que a onda de cortes fique próxima de 200 demissões.
Conforme informações compiladas em uma lista do site Layoffs Brasil, os cortes atingiram áreas como produto, marketing, comercial e RH. Segundo informações da Unico, a reorganização interna também envolveu a realocação de profissionais para outras áreas, à parte dos desligamentos.
“Em agradecimento pelo trabalho realizado, foi oferecido um pacote de benefícios que inclui a extensão temporária do plano de saúde, pagamento extra do benefício de alimentação, aviso-prévio indenizado, carta de referência e apoio para recolocação no mercado, pagamento de PLR proporcional, além dos direitos previstos em Lei”, afirmou a empresa em comunicado.
O terceiro corte é mais fundo
A nova onda de demissões na Unico foi a mais significativa na história da idtech, que aumentou progressivamente a severidade de seus enxugamentos. Em outubro de 2022, a companhia afirmou que estava fazendo uma reorganização de seu setor de vendas e clientes, o que resultou na demissão de cerca de 4,4% (pouco menos de 50 pessoas) de sua força de trabalho.
Já em janeiro do ano passado, a demissão de 110 pessoas atingiu áreas variadas da companhia (produto, design, marketing, entre outras). Em nota ao Startups na época, a Unico confirmou os cortes, alegando que eles fazem parte de um movimento focado na eficiência operacional.
Os cortes na Unico mostram que a vida de unicórnio anda mais difícil do que se imagina – afinal de contas, a última captação da startup foi no começo de 2022, quando embolsou uma uma série D de US$ 100 milhões liderada pelo Goldman Sachs. Antes disso, em 2021, ela tinha captado US$ 120 milhões em sua rodada unicórnio com SoftBank e General Atlantic.
Com os cofres recheados, a startup adotou uma tese bem típica das Big Techs: comprar outras empresas. Foram 4 operações até agora. Três em 2021 – CredDefense, SkillHub e ViaNuvem, e seu maior negócio, a MakroSystems, empresa brasileira que desenvolve tecnologias de segurança para operações financeiras no mundo digital, comprada por R$ 150 milhões em 2022.
Entretanto, em 2023, sem novas rodadas, às voltas com uma competição cada vez mais acirrada (com nomes como idwall e CAF no cenário) e com a necessidade de aperfeiçoar sua eficiência operacional (o que incluiu os cortes), a empresa se manteve mais discreta, apostando no lançamento de novos produtos e entrada em novos mercados como o México, em uma busca de novas fontes de receita.
No começo do ano passado, ela lançou o UnicoIDPay, solução voltada a atender clientes de varejo, expandindo seu foco para além das instituições financeiras, ramo em que a empresa se destacou inicialmente. Já no final de 2023, ela colocou no mercado o IDUnico, tecnologia de biometria facial com 100% de precisão, uma solução para atrair clientes em áreas como telecom e companhias aéreas.