Não demorou mais do que seis meses. A Rock Content realizou esta semana uma nova rodada de demissões em massa na sua operação – 52 pessoas foram desligadas. Segundo a companhia, o enxugamento no quadro servirá para priorizar investimentos em áreas como soluções de inteligência artificial.
A notícia começou a circular nas últimas 24 horas nas redes sociais, e foi confirmada pela própria companhia em nota enviada ao Startups. “A Rock Content confirma a informação de que anunciou nesta quinta-feira, dia 6 de julho, a difícil decisão de se despedir de 52 Rockers, o que, infelizmente, impactou todas as áreas da empresa”, afirmou a empresa no comunicado.
Segundo a página da Rock Content no LinkedIn, atualmente a empresa possui cerca de 820 funcionários – ou seja, a atual leva de demissões corresponde a aproximadamente 6,5% do quadro, um percentual consideravelmente abaixo do passaralho realizado em janeiro.
No mesmo comunicado, a companhia afirmou que os cortes são resultado de um “profundo processo de revisão” pelo qual a empresa está passando. Segundo a Rock, é um “momento de simplificação do modelo de negócio para preservar a sustentabilidade da companhia diante de pressões macroeconômicas e para priorizar investimentos em pesquisa e desenvolvimento para evolução de suas soluções em inteligência artificial”.
Apesar de falar de inteligência artificial, a empresa não tocou no assunto do ChatGPT, o que segundo muitos analistas e “teóricos do fim do mundo” pode ser o fim para muitos redatores, e um empecilho para atual estratégia da Rock, que envolve uma larga base de 15 mil redatores freelancers.
No caso, o investimento em IA tem a ver com uma ferramenta recente lançada pela companhia, chamada WriterAccess, resultado da aquisição de uma startup norte-americana realizada no ano passado. Segundo a empresa, a novidade funciona como um marketplace, utilizando IA para otimizar a acesso dos clientes à base de redatores.
Difícil de engolir
Entretanto, de acordo com fontes ouvidas pela reportagem do Startups, a decisão de investir em automação não caiu bem para alguns funcionários. “Há algum tempo eles adotaram uma estratégia ‘low touch’ para clientes menores”, explicou um ex-funcionário afetado pelos cortes, apontando que a companhia estava cortando na qualidade de atendimento e entregas para melhorar as suas margens.
“Além disso, a empresa cortou a estratégia de descontos para atrair clientes, como também estabeleceu metas de venda impossíveis de alcançar”, completou a fonte.
Sobre o WriterAccess, a fonte também afirmou que a empresa estava passando por dificuldades para provar a solução. “Foi uma estratégia para aumentar a renda recorrente, cobrando pelo acesso aos freelancers e conteúdo, algo que outros players como Workana estavam fazendo por menos, então ninguém via valor em contratar”, explicou.
Voltando um pouco o filme, na época do primeiro corte, o próprio CEO da Rock Content, Diego Gomes, veio à publico para falar sobre as dificuldades enfrentadas pela companhia. Segundo ele, a empresa já tinha feito esforços ao longo de 2022 para tornar sua operação mais enxuta. O Startups apurou junto a ex-funcionários da empresa, que ela já estava passando por dificuldades no ano passado e fez cortes pontuais esporádicos, a fim de não se enquadrar na onda corrente de ondas maiores de layoffs vistas em outras startups.
Entretanto, os esforços não foram o bastante, e a empresa fechou 2022 abaixo do esperado. “Não que não trabalhamos muito, na verdade trabalhamos, mas perdemos eficiência operacional e nos tornamos mais complexos. Apesar de todo o nosso trabalho árduo, nossos esforços não foram suficientes para nos levar aonde precisávamos”, avaliou.
Por outro lado, segundo relatou a fonte ouvida pelo Startups, a companhia vai deixar os notebooks com os funcionários desligados, assim como vão manter benefícios, como plano de saúde, por “alguns meses”.