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Depois de um ano na Sapore, Lucco Fit muda nome para Pratí e quer dobrar receita em 2021

Depois de um ano na Sapore, Lucco Fit muda nome para Pratí e quer dobrar receita em 2021

Quando passaram a fazer parte do grupo Sapore após a venda da operação no começo do ano passado, a Lucco Fit, de comida saudável ultracongelada, e seus fundadores se sentiram um corpo estranho. “Quem são esses garotos? É um choque cultural muito intenso”, lembra Fábio Canina, cofundador e presidente da companhia.

Na foto: Daniel Lucco (à esq.), Gustavo Brunello, Leonardo Paiva e Fábio Canina (Divulgação)

Segundo ele, a autonomia e a liberdade da operação foram itens previstos no contrato de venda assinado com a Sapore para o período de earn out dos sócios, e vêm sendo mantidas pelo apoio dado pelo fundador e presidente do grupo, Daniel Mendes. Junto com a Lucco Fit, a Sapore também comprou a Shipp e a Zaitt, dentro de um movimento de ampliar sua relação com o mundo das startups.

Mas o dia a dia trouxe vários choques com áreas e pessoas. “A gente mandava e-mail falando que estava vendendo muito e a resposta era “tá, mas e o lucro”? O diálogo é muito difícil nas outras camadas [abaixo do presidente]. Nosso modelo de gestão é muito diferente. Várias vezes tivemos que envolver o Mendes para resolver as coisas”, conta Canina.

Ele diz que em janeiro a operação atingiu o ponto de equilíbrio, o que considera um marco para mostrar aos executivos mais céticos que o jogo pode virar. A proposta, no entanto, é manter um ritmo de expansão ainda no perfil startupeiro, com um pouco de queima de caixa.

Boa parte do investimento previsto para 2021 será feito na mudança de marca da companhia, que começou a acontecer em fevereiro. O novo nome, Pratí, vem da proposta de praticidade que a companhia quer imprimir a partir de agora. “Lucco Fit gera resistência, uma ideia de restrição, de ser comida fit. E queremos ser práticos, saudáveis e convenientes, abranger um público maior”, diz Canina. De acordo com ele, o processo de transição levará cerca de 6 meses para ser concluído.

Em 2021, a agora Pratí pretende investir praticamente o dobro do que aplicou ao longo do ano passado – um total que pode ficar na casa de R$ 6 milhões. Em termos de vendas, o objetivo é também dobrar, chegando perto de R$ 13 milhões. O crescimento virá da ampliação do portfólio de produtos e também da presença geográfica. Hoje ela atende São Paulo, Campinas e região, o Rio e Porto Alegre. Até o fim do ano, serão adicionadas à lista Belo Horizonte, Brasília e Florianópolis.

Assim como sua concorrente Liv Up, a Pratí viu a procura por sua comida aumentar com a pandemia e as medidas de isolamento. “A demanda triplicou no início da pandemia e vem crescendo mês a mês”, diz Canina.

O atendimento aos consumidores não era a principal vertente de crescimento da companhia. Ao se juntar à Sapore, ela queria avançar no mundo das empresas, aproveitando os clientes atendidos pelo grupo. Mas com os escritórios fechados, ficou difícil seguir essa rota. E sem perspectivas de uma normalização nesse front – além da tendência do trabalho híbrido – a venda direta aos consumidores continua sendo a principal frente de expansão.

Nessa expansão, a companhia fez contratações em diversas áreas – incluindo de profissionais da concorrência – e tem investido muito no relacionamento com os clientes. “A palavra-chave é retenção. Se você coloca um caminhão de dinheiro, mas não pratica a retenção, é um balde furado”, diz Canino, dando como exemplo a opção de fazer compra pelo WhatsApp, sem precisar entrar no carrinho no site. Atualmente, a Pratí vende 70 produtos próprios e 130 de terceiros.

Perguntado se os choques com a gestão em algum momento trouxeram um arrependimento sobre a decisão de venda da companhia, Daniel Lucco, cofundador e responsável por expansão e novos negócios, diz que não. “Foi uma decisão em conjunto dos fundadores. Mas o empreendedor é um eterno arrependido. Se cresce, poderia ter vendido por mais. Se não cresce, poderia ter vendido para outro. Nosso desafio é encontrar as sinergias”, diz ele, citando como exemplo o uso da infraestrutura de logística e de produção da Sapore no Rio, que a Lucco Fit começou a usar em outubro. Hoje, a cidade já responde por 15% da receita. “E a gente sabe o custo que seria montar uma estrutura por lá sozinhos”, diz.