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Destaxa planeja crescer com tecnologia para adquirentes

Fintech está realizando testes com uma empresa do segmento e negocia com uma segunda, diz o fundador Felipe Ayres

Destaxa planeja crescer com tecnologia para adquirentes

Com uma plataforma para gestão de vendas por meio de maquininhas de cartão que processa cerca de R$ 4 bilhões por ano, a Destaxa agora busca crescer como infraestrutura para as credenciadoras (adquirentes). Neste momento, a fintech está realizando testes com uma empresa do segmento e negocia com uma segunda, diz Felipe Ayres, CEO e cofundador da Destaxa, em conversa com o Finsiders Brasil

Na visão do empreendedor, existe um potencial “gigantesco” para avançar nessa estratégia. “Não muda em nada nosso produto. O que damos para as adquirentes é um software as a service (SaaS), que elas conseguem entregar uma solução inteligente com software de gestão para potenciais parceiros, como um produto white-label [com a marca da empresa parceira]”, explica o CEO.

O objetivo da Destaxa desde o início da companhia, em 2021, é fornecer uma plataforma tecnológica multiadquirente para pequenos e médios comerciantes em todo o Brasil, seguindo um modelo de orquestração de pagamentos. “Sempre nos propusemos a ser agnóstico, e sempre seremos. Nunca seremos um processador de pagamento, mas sim uma infraestrutura”, diz Felipe. 

Para chegar aos pontos de venda (PDVs), a fintech se conecta a sistemas de frente de caixa. “Atualmente estamos conectados com 130 automações comerciais que, juntos, têm perto de 150 mil clientes PDVs. Esse é nosso potencial, já que menos de 5 mil desses são clientes Destaxa”, conta o CEO. 

Tecnologia e capital

De acordo com Felipe, em 2022, a fintech crescia de 5 a 20 novos clientes por mês. No ano seguinte, a adição de clientes passou a ser de 50 a 100 por mês. Já em 2024, a empresa nota a chegada de 300 a 500 clientes novos mensalmente. “Estamos investindo muito nos últimos nove meses para automatizar os processos operacionais. Daqui a um ano, queremos ter 5 mil novos clientes por mês.”

A Destaxa vem testando algoritmos de inteligência artificial (IA) em partes de seus processos. A ideia é que o onboarding dos clientes ocorra cada vez mais sem fricção, de forma automatizada e segura. “Nosso foco é ser uma empresa de tecnologia enxuta e altamente eficiente e resiliente”, afirma o CEO.

Com um aporte de R$ 30 milhões, anunciado em novembro de 2023, a Destaxa está capitalizada, garante o fundador. Além dessa captação liderada pela Astella, a fintech havia recebido, em 2022, um seed money de US$ 5 milhões com fundos como Quona Capital, Caravela Capital e Norte Capital. “Nosso plano é fazer uma rodada Série A no primeiro trimestre do ano que vem. Agora o foco mesmo é crescer a base”, diz Felipe. 

Contexto

Felipe é alguém que podemos chamar de empreendedor de terceira viagem. Antes de fundar a Destaxa, ele havia montado a gestora F3 Capital e a subadquirente Nexu. Com essa segunda iniciativa, Felipe percebeu à época (meados de 2015) que a concorrência era muito grande, em meio ao avanço de players como Stone, PagSeguro (atual PagBank), Mercado Pago e outras. 

Anos mais tarde, numa viagem à Índia para conhecer o sistema de pagamento instantâneo local, o UPI, Felipe conheceu um empresário que também tivera uma subadquirente, mas desistiu do negócio em meio à dificuldade de convencer os lojistas que a sua taxa era menor do que a praticada pelos concorrentes, e passou a trabalhar com a orquestração de pagamentos. 

De volta ao Brasil, Felipe decidiu colocar em prática esse modelo, criando a Destaxa, em 2021. Hoje, a empresa não é a única a apostar na orquestração de pagamentos. Entre as fintechs que oferecem soluções do gênero no ambiente online estão nomes como Yuno, Malga e PoolPay. No comércio físico, um exemplo é a Shipay.