Menos de um ano após levantar R$ 24 milhões em uma rodada seed, a foodtech Diferente está estendendo a sua captação, adicionando mais R$ 16 milhões ao caixa, em um aporte liderado pela Caravela Capital, acompanhado pelo Collaborative Fund, South South Ventures e o Valor Siren Ventures.
Para a startup, fundada pelos executivos Eduardo Petrelli (ex-James Delivery), Saulo Marti (ex-Olist) e Paulo Monçores (ex-VTEX), o novo cheque será instrumental para a estratégia da companhia em 2023, que envolve a expansão geográfica do negócio, assim como a otimização de seu modelo de ofertas.
“Foi uma rodada importante não apenas pela extensão do capital, mas também, por trazer fundos estratégicos, além dos que já estavam comprados conosco”, explica o CEO Eduardo Petrelli, em entrevista ao Startups. Um dos destes fundos estratégicos é o Valor Siren Ventures, fundo norte-americano focado em startups de impacto, e que viu na Diferente a oportunidade de fazer seu primeiro investimento no Brasil.
Na estimativa de Petrelli, o aporte (que foi um upround de valor não revelado) será fundamental para a Diferente buscar a sua meta de aumentar em mais de sete vezes o seu faturamento comparado a 2022, primeiro ano de atuação da companhia. “Em 2023, já vamos operar com margem de contribuição positiva e até o fim de 2024 a nossa meta é faturar mais de R$ 150 milhões”, pontua.
Personalização é o caminho
Como o próprio nome da startup sugere, a Diferente tem como missão oferecer uma alternativa às compras tradicionais de itens de feira para os consumidores. Em vez de seguir o padrão de mercados ou outros estabelecimentos, a foodtech traz como característica o resgate de frutas, verduras, legumes e temperos que seriam jogados fora por serem considerados “fora do padrão” – mas que ainda estão perfeitamente aptos para consumo.
Para isso, a empresa compra diretamente dos produtores e revende aos consumidores com preços até 40% mais baratos do que concorrentes online ou offline. A entrega é feita semanalmente, em cestas configuradas de acordo com as preferências deixadas pelo próprio usuário em suas contas.
Conforme explica o CMO Saulo Marti, no começo estas entregas eram mais “engessadas”, sem muita variação de cliente para cliente. Contudo, o foco da companhia tem sido aumentar o grau de personalização das caixas entregues. “No ano passado, sentimos que o principal motivo de cancelamentos era essa falta de personalização, e passamos a investir nisso”, explica o CMO.
Com o aporte que acabou de chegar, parte dos esforços da Diferente irá para tecnologia, aumentando ainda mais o grau de customização e predição dos pedidos. Atualmente com 75 colaboradores, a empresa tem a intenção de ampliar o time entre 20% e 30% em 2023. Já dentro de dois anos, os planos são dobrar o número de pessoas novas.
Atualmente, além da capital paulista, a Diferente já atua no Grande ABC e em municípios como Osasco, Barueri, Santana de Parnaíba, Carapicuíba, Itapevi e Jandira. Com uma logística própria, a empresa faz as entregas em cada região em dias pré-determinados, uma medida que otimiza os custos operacionais.
Segundo Eduardo Petrelli, o plano é dobrar a cobertura em 2023, aumentando o raio em torno de seu centro de distribuição. O centro que fica na região da Vila Leopoldina, perto do Ceagesp da capital paulistana, foi um dos investimentos realizados com a primeira parte do aporte, em julho do ano passado.
“Ainda não chegamos no momento de pensar em um novo centro. Com o que temos atualmente, temos mapeadas mais 36 cidades que podemos atender”, explica o CEO, que apostou na capital paulistana para validar o modelo da Diferente, depois de sair da sua cidade natal (Curitiba) após a venda da James Delivery para o grupo Pão de Açúcar em 2018.
Potencial no pós-pandemia
Para a Diferente, o retorno ao offline proporcionado pelo fim da pandemia não atrapalha os planos de crescimento da companhia. Para Eduardo, muitos consumidores que adotaram o online como fora de fazer suas compras se manterão neste modelo, e a startup vê um grande potencial aí.
“No Brasil, mesmo com o crescimento trazido pela pandemia, as compras online de varejo alimentar são de apenas 2% comparado ao mercado total. Nos EUA o percentual é de 9%. É uma tendência que acelerou nos últimos anos, e deverá continuar crescendo”, afirma o CEO.
Dados de uma pesquisa realizada pelo PayPal no ano passado vão de encontro à crença de Eduardo. O estudo constatou que 1 em cada 4 brasileiros pretende continuar fazendo compras online diariamente após a pandemia – ou seja, gostaram da experiência e se manterão fiéis ao digital.
Além disso, para Saulo, o apelo da Diferente não está apenas no seu modelo digital. “Apesar de nosso apelo sustentável, o que ainda chama maior atenção é a economia que trazemos para os consumidores. Tanto que a maior parte de nossos compradores são mulheres que cozinham diariamente para suas famílias. Estamos conquistando mercado com a combinação de duas coisas positivas”, revela.