A AfroSaúde, plataforma que conecta pacientes a profissionais negros de saúde de todo o Brasil, vive um momento chave em sua trajetória. Com o objetivo de expandir sua atuação e impacto gerado no setor, a empresa está ampliando o portfólio de produtos com o lançamento do Clube Sankofa, serviço de assinaturas focado em promover o bem-estar de maneira contínua. A estratégia visa não apenas gerar receita recorrente, mas também oferecer uma série de benefícios exclusivos aos clientes, reforçando seu compromisso com a inclusão e promovendo maior acesso a profissionais especializados.
Segundo os fundadores Arthur Lima e Igor Leo Rocha, a novidade surge em resposta ao crescente interesse do mercado por serviços personalizados e acessíveis. “Estamos estudando esse modelo há algum tempo. Atualmente, vendemos tanto para o B2B quanto para o B2C. Embora as vendas para empresas proporcionem um faturamento maior, é com os clientes finais que aprendemos sobre as verdadeiras demandas dos usuários”, destaca Igor em entrevista ao Startups.
“O paciente que busca serviços de psicologia tende a gerar mais recorrência pelas sessões de terapia. Por isso, começamos a pensar em como facilitar o acesso, especialmente no aspecto financeiro, para que ele possa continuar o acompanhamento de forma mais acessível. Ao mesmo tempo, percebemos o crescimento do mercado de assinaturas em vários setores, com uma tendência de expansão. Foi daí que surgiu a ideia de apostar nesse modelo no setor de saúde”, explica.
Neste primeiro momento, os assinantes do Clube Sankofa terão acesso a 20% de desconto em consultas de Psicologia na AfroSaúde, com previsão de expansão para outras especialidades nos próximos meses. Além disso, o clube oferece descontos em medicamentos, cursos de pós-graduação e em uma ampla rede de parceiros para diversos serviços para quem busca mais saúde e qualidade de vida.
“Uma grande parte da população brasileira está desassistida pelos planos de saúde ou paga caro pelos serviços, e não consegue resolver todas as suas demandas no sistema público. Nossa estratégia é justamente atender esse público”, ressalta Arthur. Ele destaca que o diferencial da AfroSaúde é, como o próprio nome sugere, oferecer uma rede de profissionais que se autodeclaram pretos ou pardos, atendendo tanto pessoas negras quanto indivíduos de outros marcadores sociais de diferença.
Fundada em Salvador em 2020, a AfroSaúde já reúne mais de 8 mil pacientes e conta com mais de 2 mil profissionais de saúde em áreas como medicina, nutrição, psicologia e odontologia, atuando em todo o Brasil. Com essa expansão, a startup passa a oferecer um portfólio mais completo de serviços, incluindo o plano de assinaturas Sankofa, que permite acompanhamento por R$ 32,90 ao mês, além das consultas avulsas com atendimentos online e presenciais.
Hora de escalar
A healthtech pretende, ainda neste ano, ofertar o mesmo modelo do Clube Sankofa para empresas de todos os portes e segmentos, atendendo à crescente demanda por programas de saúde corporativa. A ideia é oferecer aos colaboradores das empresas parceiras benefícios exclusivos em saúde e bem-estar, reforçando o compromisso com o cuidado contínuo.
A AfroSaúde lançou oficialmente sua frente B2B em 2022, oferecendo benefícios de saúde para grandes clientes como Nubank, Google for Startups, Amil e 99Jobs.com. Embora não revele números específicos, Igor destaca que a maior parte do faturamento da empresa vem desse modelo. “O faturamento vindo do B2B é maior. A ideia de lançar um produto como o Clube Sankofa, que aumenta a recorrência no B2C, é justamente equilibrar as fontes de receita, atraindo mais clientes finais para continuarmos atuando nas duas frentes”, afirma o CEO.
O momento atual da AfroSaúde é de escala. De acordo com Igor, a startup já está financeiramente estável, com lucro e fluxo de caixa positivo, e está avaliando novos produtos para acelerar seu crescimento. Entre as iniciativas, destaca-se um chatbot voltado à saúde, que está sendo testado como parte da estratégia para atrair mais clientes, tanto B2C quanto B2B.
O crescimento também será impulsionado por uma rodada de investimentos. “Ainda não abrimos a rodada, mas já estamos em conversas com alguns fundos, inclusive internacionais, e a ideia é estruturar a captação para o ano que vem”, revela. A healthtech já faz parte do portfólio do Black Founders Fund, programa de aceleração e investimento do Google, e do Semente Preta, fundo early stage do Nubank destinado startups brasileiras fundadas ou lideradas por pessoas negras.
Segundo o cofundador Arthur Lima, a expansão dos negócios tem um propósito que vai além da questão financeira: gerar mais impacto tanto para os clientes quanto para os profissionais de saúde. “Hoje, conseguimos gerar, em média, R$ 9 mil por ano para cada profissional. Nosso objetivo é ampliar essa renda, alcançando cerca de R$ 35 mil anuais para quem atender regularmente pela AfroSaúde. Ao aumentar nossa base de clientes, teremos mais consultas e assinantes, o que nos permitirá redirecionar parte dessa receita para a geração de renda dos especialistas”, explica.
A maioria dos especialistas na plataforma é composta por mulheres, com aproximadamente 80% da base de profissionais sendo psicólogos. “A recorrência nas consultas de terapia e psiquiatria é um indicador importante do quanto a AfroSaúde contribui para aumentar o acesso à saúde em grupos sub-representados. Portanto, continuaremos a investir fortemente nas consultas de saúde mental, sem, é claro, deixar de lado as outras áreas da saúde”, conclui Arthur.