O unicórnio uruguaio de pagamentos dLocal fechou um acordo com a fintech de crédito para pequenas empresas brasileira Dinie e passará a oferecer no Brasil pagamentos em parcelas – buy now, pay later, ou BNPL.
Funciona assim: uma empresa que for, por exemplo, fazer anúncios no Facebook (que é cliente da dLocal) terá a opção de “Pagar com Dinie” para contratar sua campanha. Ao fazer essa escolha, ela acessa uma linha de crédito de até R$ 50 mil oferecida pela fintech, podendo dividir a conta em 3 a 9 parcelas, com juros a partir de 1,99% ao mês.
Pode parecer estranho, afinal, para fazer uma compra on-line parcelada é muito simples: basta usar o cartão de crédito. Fale por você que tem um cartão disponível. A realidade de muitas empresas de pequeno porte é não ter um cartão de crédito, ou ter um com limite baixo, que não atende a todas às suas necessidades. O que bancos digitais dedicados a empresas como Conta Simples e Cora têm feito é liberar um cartão de crédito com limite atrelado ao saldo da conta corrente – o que pode variar muito dependendo do perfil do negócio. Daí a concessão de um crédito para pagamento parcelado surge com uma alternativa interessante (mesmo que mais cara).
“A Dinie está complementando as soluções de pagamento hiper locais da dLocal com acesso a capital para pequenas empresas fazerem compras de valores mais altos e investir em seu crescimento por meio de melhores tecnologias e marketing digital. Permitimos que vendedores globais possam conquistar novas receitas e serem pagos adiantado, sem fricção e sem risco”, disse Rodrigo Sanchez Prandi, vice-presidente de produto da dLocal, em comunicado. De acordo com dados da companhia, 54% dos gastos no comércio eletrônico no Brasil em 2020 foram feitos com planos de parcelamento oferecidos pelos vendedores.
Ao buscar uma parceria e não desenvolver um sistema próprio, a dLocal acelera a oferta de uma modalidade de pagamentos importante para o mercado brasileiro, sem dar mais complexidade à sua operação, tendo que atuar na análise e concessão de crédito. Ela também evita se colocar como uma concorrente das bandeiras de cartão de crédito criando seu próprio meio de pagamento.
Segundo Suzy Ferreira, cofundadora da Dinie, a relação com a dLocal começou há dois anos, mais ou menos na época da criação da fintech, por conta da relação de alguns de seus investidores com os fundadores do unicórnio uruguaio. Sergio Fogel, um dos fundadores da companhia, inclusive, é investidor da Dinie. Também colocaram recursos no projeto Thiago Alvarez, cofundador do GuiaBolso e Brian Requarth, cofundador do VivaReal.
O acordo com a dLocal faz parte da estratégia de ampliar a capilaridade incluindo os serviços da Dinie em outras plataformas, de acordo com Suzy. “Os serviços bancários serão distribuídos no futuro. Eles vão existir dentro de hubs onde as empresas estão integradas. Por isso, ao invés de lutar para ser o dono do cliente, queremos embutir nossas capacidades nos marketplaces, SaaS, ERPs”, disse ela.
A opção de contratação da linha de crédito pelas empresas diretamente pelo site da companhia será mantida como uma espécie de laboratório. “Queremos estar nas duas pontas. De quem vende, financiando a cadeia, e de quem compra”, completou.
Para a fundadora, estar junto da companhia uruguaia também abre a possibilidade de a Dinie se internacionalizar ao ser oferecida nos 25 países que ela atua além do Brasil – com meta de chegar a 35 até o fim do ano. A atuação global faz parte dos planos desde o princípio já que a Dinie nasceu e está sediada na Alemanha, de olho na atuação no mercado europeu. A própria Suzy e o diretor de tecnologia e cofundador, Kris Lembke, moram na Inglaterra.
Ela não revelou quanto a fintech levantou de recursos para financiar sua operação, nem quanto originou de créditos até agora. Mas disse que está se preparando para uma nova rodada de investimento.