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DPSP lança programa de inovação e promete ganhos para startups

O grupo vai explorar parcerias comerciais, investimentos e oportunidades de M&As com o Inova Viva Saúde

ecossistema de saude
Crédito: Canva

Em mais um movimento rumo à sua visão de ecossistema de serviços de saúde, o Grupo DPSP lançou o Inova Viva Saúde, um programa de inovação com foco na aceleração de startups. O lançamento da iniciativa, que promete geração de valor concreta para as empresas participantes, foi adiantado com exclusividade para o Startups.

Conduzido em parceria com a Liga Ventures sob um contrato de dois anos, a iniciativa prevê ao menos dois ciclos de cerca de quatro meses. A criação do programa é parte de uma estratégia da DPSP de entrar em novas frentes de negócio através de tecnologia, incluiu a criação da empresa Viva Saúde no final de 2021 e aquisição da startup TI Saúde em janeiro deste ano. O plano envolve um investimento de R$500 milhões nos próximos cinco anos.

O foco do programa é atrair empresas que desenvolvam propostas com sinergia com as áreas de supply chain, vendas, distribuição e relacionamento com o cliente. Desde que abriu as inscrições para o programa – que ficam abertas até 16/10 – há cerca de duas semanas, a empresa diz ter atraído mais de 50 startups. O início da aceleração está programado para janeiro de 2023, depois de uma avaliação e entrevistas de candidatos e um pitch day com as soluções, que deve acontecer em dezembro.

“Desde 2020, tomamos a decisão de investir muito fortemente na digitalização do negócio. Estamos muito focados em digitalizar e democratizar a relação dos brasileiros com a saúde, e agora vemos a necessidade de nos conectarmos mais com o ecossistema de startups para acelerar nossos temas prioritários”, diz Cristiano Hyppolito, diretor de TI e digital do Grupo DPSP, em entrevista ao Startups.

Vantagens para as startups

Em relação aos benefícios que a DPSP espera oferecer em seu programa de aceleração para as startups, um dos principais atrativos apontados pelo grupo é a possibilidade de participantes se conectarem com potenciais parceiros e investidores.

O ecossistema de serviços de saúde também traz oportunidades de geração de receita para as empresas, diz Cristiano. “Nossa proposta de valor é de uma plataforma aberta. Isso significa que startups, uma vez plugadas nesta plataforma, podem gerar valor como prestadora de serviço ou parceira, ser uma possível investida do grupo, ou mesmo [passar por] um possível M&A”, pontua.

O programa não tem restrições quanto ao nível de maturidade das startups selecionadas – apesar de preferir empresas que tenham ao menos um produto e tese já definidas e estejam aptas a receber investimento anjo. Metade das empresas que se candidataram até agora tem produtos em fase operacional e 25% estão em MVP, enquanto o restante está em fase de prototipação e conceito.

Segundo Cristiano, o programa vai adotar uma abordagem customizada para cada participante. “Vamos agir de forma diferente com as empresas de acordo com o estágio de desenvolvimento delas, trazendo valor de forma correspondente”, frisa.

Além disso, as startups terão o apoio direto de um squad de especialistas em inovação e consultores de aceleração do grupo. O time de mentores, que inclui o próprio Cristiano e outros executivos das áreas de dados, analytics, produtos digitais e logística, teve uma composição criteriosa.

“Escolhemos executivos que são profissionais muito reconhecidos em seus segmentos, mas que já tiveram alguma vivência no passado com mentorias junto a startups”, ressalta. O executivo pontua, ainda, que as participantes também terão acesso à rede de contatos da Liga Ventures.

“Não quisemos fazer isso sozinhos, pegar recursos internos para soltar um programa de aceleração, se tem alguém que conhece o que está fazendo”, diz o diretor em referência à parceira do programa, acrescentando que a expertise da Liga é um bom complemento para a sua própria experiência – antes da DPSP, Cristiano acumulou passagens por empresas tradicionais e startups, como a Dafiti, de onde saiu em 2020.

Segundo o executivo, outro diferencial que a empresa acredita ter é a autonomia da Viva Saúde, startup criada pela DPSP para avançar na agenda digital que lidera o programa. “Um grande ponto que definimos desde o começo é ter a Viva Saúde como empresa do grupo, e não uma empresa que consome os mesmos recursos do grupo, [com o entendimento de que] se ela não tiver a agilidade e flexibilidade necessárias, ela vai morrer”, explica.

Prioridades para o negócio

Quando se trata de ganhos esperados além de uma maior aproximação com o universo de startups, a DPSP quer trabalhar no programa de inovação em quatro pilares relacionados às suas metas estratégicas. As atividades envolverão inteligência de dados do paciente: isso deve levar em conta o desafio de integrar bases distintas, orquestrar dados internos e externos e entregar uma visualização única, de fácil consumo e com insights automatizados.

Há também uma expectativa de avançar em experiência do cliente: aqui, a ideia é avançar na automatização e padronização dos atendimentos digitais aos clientes. Outro objetivo nesta frente é facilitar e agilizar o pagamento na rede de mais de 1,4 mil lojas físicas das Drogarias São Paulo e Pacheco, a fim de reduzir filas.

O grupo também espera progredir em sua ambição de montar um marketplace de farmácias. Aqui, o desafio que a empresa precisa endereçar está relacionado ao desenvolvimento de uma plataforma de e-commerce unificada entre as farmácias de todo o Brasil. Como parte de seu “end game”, a DPSP quer capturar pedidos online de farmácias em todo o Brasil e garantir uma distribuição ágil dos produtos. Uma quarta frente é o abastecimento inteligente, em que startups poderão apresentar propostas para a alocação assertiva de produtos nas farmácias do grupo, com o intuito de evitar rupturas e otimizar os estoques.

Em relação aos resultados esperados para os próximos seis meses, Cristiano diz que a meta é que as startups estejam ajudando a dar forma ao ecossistema de saúde da empresa e também lucrando com esta evolução.

“Nosso objetivo não é acelerar por acelerar, mas que as startups também ganhem dinheiro – e a nossa plataforma vai estar aberta para elas, para que isso se concretize. Quanto mais sinergia elas tiverem com o nosso propósito e o que a gente tem a entregar de valor, mais elas devem crescer junto com a gente”, conclui.