A Ease Labs, startup mineira que vem fazendo ondas no mercado nacional com seus produtos à base de cannabis, acabou de fazer um importante movimento para seu “ataque” ao mercado. A companhia comprou a Catedral, farmoquímica que é uma das sete empresas do país liberadas pela Anvisa para a produção de medicamentos fitoterápicos.
Com a aquisição, de valor não aberto, o plano da empresa é de não apenas ampliar a capacidade produtiva de sua linha à base de cannabis para o futuro, mas também expandir seu portfólio de produtos, criando uma receita diversificada na venda de outros insumos farmacêuticos, cosméticos e alimentícios, de diversas origens vegetais.
“Cannabis é o nosso principal produto, mas queremos ter uma presença mais abrangente”, explica o fundador e CEO da Ease Labs, Gustavo Palhares. Com a produção de outros insumos fitoterápicos, um dos planos é o de se tornar um dos principais fornecedores destas matérias primas para outras marcas, de olho no crescimento da demanda do mercado por estes produtos.
De acordo com o CEO, a compra é um movimento estratégico planejado há meses. “Ela permitirá maior controle na cadeia produtiva da cannabis, maior padronização, mais margem para a operação, além da geração de receita diversificada”, destacou o executivo em entrevista ao Startups.
Aliás, a aquisição já estava em finalização antes mesmo da recente captação divulgada pela Ease, em que levantou R$ 12 milhões em uma rodada liderada pelo fundo MadFish, criado pelo tenista mineiro Bruno Soares.
Em termos de receita, Gustavo revelou que a fusão já deve dar um impulso considerável nas metas da Ease Labs para 2022, incluindo multiplicar seus ganhos em 5 vezes em relação ao ano passado. Com uma operação superavitária, a Catedral já chega com uma expectativa de faturamento de R$ 9 milhões para este ano.
Próximos desafios
Com a chegada da Catedral, a Ease Labs pretende combinar esforços na área de P&D e otimização de processos. A empresa já possui um laboratório de inovação em Belo Horizonte, que deve coordenar projetos em sinergia com a planta da farmoquímica, em Vespasiano, município a 30 quilômetros da capital mineira.
“Mais do que aumento de produção, vamos investir em opções para aumento de margem, assim como melhorar a padronização do processo produtivo em toda a nossa cadeia, o que é bem visto pelos órgãos reguladores. Estamos saindo de um modelo de importação direta para produção própria e estas sinergias são importantes”, aponta Gustavo. Segundo ele, a empresa já contava com um controle de qualidade, mas que era aplicado em diferentes pontos e fornecedores, o que aumentava a complexidade.
Com os planos de capacidade produtiva já posicionados, Gustavo resume os próximos passos da Ease Labs em uma palavra: vender. “Queremos ganhar bastante escala no modelo de distribuição. Estamos em conversas para fechar em breve parcerias para acelerar rumo a este objetivo”, adianta.
Para o CEO, o mercado fitoterápico no Brasil está apenas arranhando a superfície em termos de potencial econômico. Segundo a empresa, estima-se um mercado que pode chegar a 60 milhões de pessoas interessadas, o que corresponde a mais de um quarto da população. “Na Alemanha, por exemplo, 70% das pessoas já preferem tratamentos com produtos naturais. Nos EUA, uma grande parte dos consumidores de opióides já migraram para o uso da cannabis”, afirma Gustavo, como comparativo.
As metas da Ease Labs são altas: a projeção é crescer mais de 10 vezes no próximo ano e faturar R$ 240 milhões até 2025, algo que pode se intensificar caso a legislação nacional sobre o uso de substâncias à base de cannabis venha a evoluir nos próximos anos.
“Com mais pessoas percebendo a presença destes produtos, aumentam também os resultados, o que pode ajudar a abrir mais [o mercado]. Independentemente de futuras leis, o mercado natural já tem abertura para uma variedade de outras substâncias naturais que já são comprovadamente seguras e legalizadas. Estamos prontos para qualquer um dos casos”, completa Gustavo.