Ecossistema

Mais de 65% das startups no Brasil nunca receberam aportes

Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups 2024 mostra que 47,6% buscam por investimentos. Veja outros resultados do estudo

Estudo mapeou investimentos recebidos pelas startups. Foto: Canva
Estudo mapeou investimentos recebidos pelas startups. Foto: Canva

A captação de investimentos é um passo importante para o crescimento das startups. No entanto, mais de 65% dessas empresas no Brasil nunca recebeu um aporte, segundo dados do Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups 2024, divulgado nesta sexta-feira (29).

O levantamento é realizado pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups), em parceria com a Deloitte. Para este estudo, foram mapeadas 3.005 startups, com respostas de todos os estados brasileiros e 370 cidades.

Do total de empresas ouvidas, 65,1% nunca receberam investimentos. Entre as 34,9% que já conseguiram aportes, a maior parte (39,8%) captou com investidores anjo. Em seguida, estão programas de aceleração (13,9%), Family, Friends and Fools (10,2%) e fomento público (7,3%).

Fundos de venture capital correspondem a apenas 3,4% dos investimentos nessas startups, volume mais baixo que o de corporate venture capital (CVC), que corresponde a 7,2%. O restante vem de fundos de investimento Seed (3,4%), Series A (3,2%), private equity (3,2%), grupos de anjos (2,2%) e crowdfunding (2,2%).

De acordo com o Mapeamento, a média dos investimentos é de R$ 1,1 milhão. A faixa mais representativa (29,6%) é de aportes entre R$ 50.001 a R$ 250 mil, seguida pelos investimentos até R$ 500 mil (14,4%).

A faixa entre R$ 500.001 e R$ 1 milhão corresponde a 12,3% dos aportes recebidos pelas startups brasileiras, enquanto a faixa de R$ 1 milhão a R$ 2,5 milhões corresponde a 12,7%.

O número de startups que captaram acima desses valores cai nas faixas de R$ 2,5 milhões a R$ 5 milhões (7,3%) e acima de R$ 5 milhões (8,2%).

Segundo o estudo, a maior parte das startups consegue captar recursos com investidores do mesmo estado (35,1%) ou da mesma cidade (33%). Quase 30% captaram com investidores de outros estados, enquanto apenas 2,1% levantaram recursos fora do país.

Entre as startups ouvidas pelo Mapeamento, 32% estão com rodadas de investimentos abertas. Entre as que não estão, 36,1% estão se preparando para começar a buscar investimentos, 26,2% estão atuando de forma bootstrapping, 20,8% não buscam investimentos por estarem em fases muito iniciais, e 9,3% estão tentando, mas não conseguiram investidores. O levantamento aponta, porém, que 47,6% buscam por investimentos.

Perfil das Startups

A distribuição regional das startups brasileiras se concentra nas regiões Sudeste (57,6%) e Sul (21,2%), seguidas por Nordeste (11,5%), Centro-Oeste (5,1%) e Norte (4,6%).

Entre os estados, o mais representativo é São Paulo (8,9%), seguido por Minas Gerais (8,9%), Santa Catarina (8,5%), Rio de Janeiro e Paraná (6,4% cada).

Os principais segmentos são edtechs (10,1%), fintechs (9,7%), software (9,2%) e healthtechs (8,5%). O segmento Tech (de softwares) avançou, de 8,6% para 9,2%, em relação ao ano
de 2023, assumindo a 3ª posição do ranking, ocupada anteriormente por startups de Healthtech e Life Science.

Entre os modelos de negócio, o mais representativo é o de SaaS (39%), seguido por venda direta (15,2%), clube de assinatura recorrente (12,3%) e marketplace (10%). Hardware aparece com apenas 3%.

O segmento de B2B é o principal público-alvo das startups brasileiras (54,1%). B2B2C vem em seguida, com 28,6%, enquanto B2C aparece com 13%.

A falta de diversidade continua sendo um problema do ecossistema, onde 79,3% dos fundadores são homens cisgênero. Além disso, 70,5% são brancos e 91,6% são heterossexuais. A maior parte (40,6%) tem entre 35 e 44 anos.