Pela maior parte dos seus quase 20 anos de existência, a Atitus Educação se manteve dentro das fronteiras do Rio Grande do Sul, posicionada como uma empresa tradicional de ensino. Entretanto, nos últimos anos a companhia está se movimentando para mudar isso, com o plano de se posicionar nacionalmente como um ecossistema físico e digital de educação.
“Temos uma estratégia de médio prazo, de transformar essa instituição formal e presencial que temos, em uma âncora para outras escolas físicas e edtechs, abrangendo negócios em áreas diferentes”, revelou Eduardo Capellari, fundador e CEO da Atitus, em entrevista ao Startups durante o South Summit, em Porto Alegre.
Dinheiro para isso a Atitus já separou: a companhia quer investir R$ 100 milhões neste plano de expansão – metade dele em novos campus, atendendo verticais como saúde e agro, e a outra metade em um ecossistema de escolas digitais em diferentes segmentos.
O mais recente passo neste lado digital foi anunciado durante o South Summit. A Atitus anunciou o lançamento da Startup Academy, edtech que agora se integra ao ecossistema da Atitus e que chega ao mercado oferecendo o primeiro curso superior certificado pelo Ministério da Educação (MEC) com foco na formação de novos empreendedores e na criação de startups.
O anúncio da Startup Academy marca também o lançamento da nova Escola de Negócios e Tecnologia da Atitus Educação, que faz parte do projeto de expansão e está alinhada ao conceito de Employer University (Universidade Empregadora), formando profissionais para o mercado de trabalho. Inclusive, para compor o currículo da nova edtech, ela firmou uma parceria estratégica com a Coursera.
Para Eduardo Capellari, a Startup Academy é uma das principais novidades da nova Escola de Negócios e Tecnologia da instituição, que tem como proposta ser um hub de formação e qualificação de profissionais, executivos e empreendedores. Aliás, segundo o CEO, ela pode funcionar como um catalisador de oportunidades em outras verticais de ensino.
“A Startup Academy acaba sendo a mais abrangente de nossas iniciativas, porque ela tem a pretensão de formar empreendedor, não importa em qual segmento econômico ele vai atuar. Pode ser um empreendedor que vai montar uma startup na saúde, vai montar uma agtech, uma fintech”, pondera.
Formando founders
Com um currículo de dois anos focado no aprendizado ativo, mentorias e imersões em ecossistemas de inovação nacionais e internacionais, a Startup Academy quer mudar o jogo da formação de novos founders. Segundo Alsones Balestrin, cofundador da edtech e executivo de longa experiência no mercado gaúcho de tecnologia, faltam cursos que preparem administradores para seus planos de empreender.
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“Se você analisar as 100 startups mais relevantes no Brasil você verá que a grande maioria foi criada por empreendedores que possuem formação em nível superior. No entanto, precisamos ressignificar ainda mais a formação de empreendedores, a partir de metodologias modernas e orientadas à criação de startups desde o primeiro dia em que aluno ingressa em um curso superior”, afirma o executivo, que fundou a companhia ao lado da CEO Juliana Suzin e da ex-diretora do Tecnosinos (parque tecnológico da Unisinos), Susana Kakuta.
“Nos comprometemos a criar programas inclusivos e acessíveis, capacitando e apoiando uma gama diversificada de talentos, independentemente de origem socioeconômica”, completa Juliana. Segundo a executiva, 10% das vagas disponíveis na graduação – distribuídas em polos pelo Brasil – serão destinadas a bolsas de estudos para alunos de escolas públicas e comunidades periféricas.
As aulas são realizadas virtualmente, mas os estudantes podem acessar os polos da Startup Academy distribuídos em diferentes Estados brasileiros, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina (em parceria com a Acate), Espírito Santo (com a Base 27) e São Paulo. “Já estamos em tratativas para avançar no Nordeste e também no Norte”, completa Juliana.
Outra parceria feita pela Startup Academy está na parte de investimentos. Já preparando as startups que serão formadas para possíveis aportes, a Atitus está em conversas com a aceleradora gaúcha Ventiur para possíveis investimentos, assim que os alunos receberem o diploma. “Estamos ainda negociando os termos desse fundo, se ele será um fundo único para a Startup Academy, ou se também contemplará outras edtechs de agro ou saúde que venham a trabalhar conosco”, explica Eduardo.
Próximos passos
A Atitus completa 20 anos em dezembro deste ano, e atualmente ela conta com mais de 5 mil aunos em 18 cursos de graduação, cinco de mestrado e dois de doutorado. Por enquanto, a companhia possui campi em Porto Alegre, onde fica o hub de Negócios e Tecnologia, e em Passo Fundo, onde o foco é em agro. Entretanto, a organização conta com mais três escolas – saúde, politécnica e direito – e o plano do CEO é tornar sua estrutura cada vez mais horizontal.
“Agora, nós vamos passar também a olhar também pra saúde. Estamos de olho no mercado em busca de edtechs que tenham soluções técnicas pra formação em escala na área de saúde. No médio prazo, queremos transformar a Atitus num ecossistema vertebrado por 5 escolas físicas, mais edtechs, com soluções específicas pra cada uma das escolas”, explica o CEO.
Com o dinheiro (próprio) em caixa para investir, agora a Atitus está examinando oportunidades para acelerar sua expansão nacional. De acordo com o CEO, o mercado está fechado quando o assunto é crescimento físico – “ninguém está vendendo, nem comprando”, diz o executivo. Por isso, o foco da Atitus é de já engatilhar novos negócios com edtechs, no rastro da Startup Academy.
“Neste ano e em 2025, vamos focar em investimentos com o potencial de nos nacionalizar, sem precisar investir em presença física. Estamos procurando uma edtech voltada a cursos técnicos no agro. Temos um time de M&A que está olhando ativamente para esta demanda”, finaliza.
