Edtech

Lançada há 1 ano, Strides chega ao breakeven e prevê faturar R$ 10M em 2024

Edtech oferece modelo de aprendizagem contínua com foco em comunidades para mentorias, imersões de conteúdo e networking

Strides
Strides (Foto: Canva)

Criada com o objetivo de capacitar profissionais de tecnologia para cargos de liderança, a Strides Tech Community completou o seu primeiro ano de atuação com conquistas importantes que já preparam o negócio para a sua próxima fase de expansão. Segundo Cláudio Azevêdo, sócio fundador da companhia, a edtech já atingiu o break even e prevê superar os R$ 10 milhões em faturamento em 2024, mantendo a operação no bootstrap, ou seja, sem abrir captação para investidores neste momento.

“O grande avanço da Strides foi comprovar o modelo de educação continuada e em comunidade. Agora, temos um produto maduro e validado, que trouxe bons aprendizados sobre a forma como as pessoas podem aprender a partir da troca de experiências, discussão de casos e muita prática”, afirma o executivo, em conversa com o Startups. Cláudio fundou a Strides ao lado de Diego Alvarez, e juntos eles somam passagens por grandes empresas de tecnologia como Dotz, Zé Delivery, Cabify e Microsoft.

A proposta da Strides não é ser uma empresa de cursos. A startup opera no modelo B2B e B2C oferecendo ferramentas educacionais que ajudem líderes e novos líderes da área de tecnologia a seniorizar suas carreiras. Para isso, a companhia criou um método de aprendizagem contínua e 100% prática a partir de mentorias, cases reais, imersões de conteúdo, benchmarkings e networking, no qual os profissionais podem interagir, trocar experiências com a comunidade e, assim, aprender com altos executivos de empresas referência no mercado como Amazon, Nubank, Spotify, Meta e Mercado Livre.

A startup reúne líderes de mais de 300 empresas, com mais de 600 horas de encontros ao vivo e online, e mais de 80% dos membros ativos nas comunidades. “O aprendizado não acontece apenas nos encontros e imersões. Acontece muito mais no dia a dia, quando um executivo tem uma dúvida prática, envia para a comunidade e pessoas que já passaram por algo semelhante entram em contato para ajudar a solucionar essa questão. É um aprendizado diário com base na troca de experiências, que senioriza o nível dos profissionais para que eles se tornem lideranças mais qualificados nas empresas em que atuam”, destaca Cláudio.

Atualmente, a Strides tem três produtos no portfólio, incluindo as comunidades de Data Manager, Tech Manager e Head de Tecnologia. Recentemente, a startup lançou o Strides for Companies, serviço B2B para empresas que querem complementar a capacitação de seus líderes de tecnologia e evoluir seus Programas de Desenvolvimento de Lideranças (PDL). O produto já foi implementado em empresas como Unico, Leroy Merlin, Scale, V360 e 200DEV.

Diego Alvarez e Cláudio Azevêdo, fundadores da Strides
Diego Alvarez e Cláudio Azevêdo, fundadores da Strides (Foto: Divulgação)

Contexto de mercado

Em um cenário de incertezas macroeconômicas, 2023 foi um ano turbulento para diversas empresas em todo o mundo, com empresas de tecnologia passando por grandes ondas de demissão em massa para reduzir custos. O movimento, de certa forma, trouxe um impacto negativo para a Strides. Segundo o fundador da edtech, com a continuidade das demissões em massa e redução de custos, as empresas passaram a investir menos na capacitação da liderança. “As companhias tinham menos orçamento direcionado para isso. Embora a Stride tenha parceria com empresas, muitos líderes da comunidade investem do seu próprio bolso para que possam se qualificar”, conta Cláudio.

No entanto, o contexto de mercado também trouxe oportunidades que alavancaram ainda mais a proposta da startup.”O movimento de demissões em massa despertou um alerta e um maior interesse nos líderes das empresas, que perceberam que eles precisam se qualificar para serem profissionais mais competitivos e permanecerem nas empresas em que estão”, avalia. Houve também uma procura daqueles profissionais que foram demitidos e precisavam se profissionalizar e fortalecer o networking para conseguirem se recolocar no mercado. 

Inclusive, a Strides lançou uma bolsa de auxílio para as pessoas que foram impactadas por demissões em massa, permitindo que elas entrem na comunidade, mas realizem o investimento do valor da anuidade somente depois que se recolocarem (desde que respeitem um prazo máximo de tempo). Além disso, a rede de líderes de tech compartilha frequentemente oportunidades profissionais com as pessoas que fazem parte da rede, ajudando no processo de indicação.

“A gente não esperava crescer 10 vezes no ano passado, foi muito mais rápido do que a gente esperava. A educação é uma das poucas indústrias que ainda não passou por uma grande disrupção, embora tenha tido algumas inovações como o ensino à distância. No entanto, o EAD pega o modelo da sala de aula e leva para o online – não é uma forma totalmente diferente de educar”, analisa Cláudio. “Há um espaço gigantesco para a disrupção neste mercado, e nas próximas décadas haverá um avanço de edtechs trazendo modelos diferentes do que já conhecemos no industrial e tradicional do mercado”, pontua.

O que vem por aí

Nos próximos meses, a expectativa da Strides é lançar três novos produtos, abrindo novas comunidades com foco em outras áreas de atuação. “Queremos trabalhar com uma dor muito latente no mundo atual, criando uma comunidade de líderes de diversos segmentos – como marketing, RH, finanças, logística, etc – para que eles aprendam como podem aplicar inteligência artificial e outras tecnologias nas estratégias das empresas em que atuam”, afirma Cláudio.

A startup deve seguir crescendo com recursos próprios, sem buscar uma captação de recursos neste momento – uma escolha dos próprios fundadores. “Estamos muito tranquilos por construir um modelo de negócio voltado para a gestão sustentável. Já chegamos no breakeven, temos caixa e produto validado, que anda com as próprias pernas e não precisamos de dinheiro de investidores neste momento”, diz o executivo.

Ainda assim, Cláudio deixa as portas abertas para um futuro próximo, reconhecendo que o próximo movimento da Strides pode contar com um aporte financeiro. “Certamente, pode ser que depois a gente queira captar para dar um salto mais longo ou investir em um produto mais arriscado. Mas, por enquanto, o mercado ainda está um pouco lento, os investimentos não voltaram com tanta força. Talvez no próximo ano seja diferente, com uma melhora do mercado e uma visão da Strides ainda mais ambiciosa do que é hoje”, pontua.

A companhia pretende seguir investindo no modelo B2C e também no B2B, ajudando pessoas físicas a seniorizarem suas carreiras e as empresas que desejam complementar o seu Plano de Desenvolvimento de Lideranças. “Temos trabalhado com as organizações para mostrar que o aprendizado tradicional é importante, mas que ele precisa ser acompanhado do aprendizado contínuo para que os líderes alcancem os resultados que as empresas precisam”, finaliza Cláudio.