Edtech

Layers capta R$ 21 milhões e busca expansão via M&As

Rodada avaliou a edtech em R$ 120 milhões e será utilizado para ampliar as operações no Brasil e na América Latina

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Danilo Yoneshige, CEO da Layers
Danilo Yoneshige, CEO da Layers (Foto: Divulgação)

A Layers, startup criadora do SuperApp da Educação, que centraliza as soluções digitais utilizadas por instituições de ensino, concluiu uma rodada pré-série A no valor de R$ 21 milhões. O investimento, liderado pela gigante canadense Constellation CSI, elevou o valuation da companhia para R$ 120 milhões e será utilizado para ampliar as operações no Brasil e na América Latina.

Segundo o CEO da Layers, Danilo Yoneshige, o aporte garante fôlego para a próxima fase de crescimento da startup, que terá como foco a estratégia de M&A . “Quando fundei a Layers, em 2018, identifiquei cerca de 70 soluções no setor, muitas das quais já deixaram de existir. Hoje, o mercado brasileiro conta com apenas três ou quatro grandes players, incluindo a Layers. O cenário atual, marcado por juros altos e pela dificuldade de muitas empresas em se manterem ativas, abre espaço para aquisições. É nesse movimento que vamos aplicar parte do capital, comprando players menores e ampliando nossa base”, destaca.

Para ele, o principal objetivo é escalar a operação sem abrir mão da filosofia da Layers de interoperabilidade e neutralidade – ou seja, a capacidade de atender qualquer escola ou grupo educacional e integrar outras startups do setor sem conflitos societários. “O ponto central na negociação da rodada foi buscar parceiros que nos apoiassem nos próximos passos e nos permitissem atender todas as grandes verticais da educação sem restrições específicas”, afirma.

Com presença em mais de 9 mil instituições públicas e privadas e impactando mais de 3,5 milhões de alunos, a Layers projeta dobrar de tamanho nos próximos dois anos e alcançar faturamento de R$ 40 milhões até o fim de 2026. A meta é atender pelo menos 20% da educação básica privada do Brasil, partindo do atual share de 10% de alunos, buscando dobrar também sua base de estudantes.

A proposta da startup é consolidar-se como um hub que conecta escolas, famílias e edtechs, garantindo liberdade de escolha e eficiência no ecossistema, além de transformar a tecnologia em aliada das instituições de ensino. Embora o foco continue sendo o Brasil, a empresa já opera no México e na Argentina e começa a explorar o mercado colombiano. “Nossa visão de longo prazo é ser o one-stop-shop das instituições de ensino. Elas poderão montar seu ecossistema digital com a segurança de respeitar suas particularidades pedagógicas, sabendo que encontrarão na Layers tudo o que precisam em um único lugar”, diz Danilo.

Parceiro sai, parceiro entra

A Layers atingiu o break-even em 2023 e, no ano seguinte, registrou geração de caixa e EBITDA acima de 30%, retomando as negociações com mais liberdade e sem pressão imediata por capital.

O novo aporte viabilizou a recompra das participações adquiridas pela Faber-Castell em 2022, quando a Layers levantou um seed de US$ 2 milhões junto ao Endurance, SQUARE Knowledge Ventures, Faber-Castell Ventures e investidores-anjo como Rodrigo Dantas (Vindi), Paulo Silveira (Alura) e Lincoln Ando (IdWall).

“A Faber-Castell entrou na operação nos primeiros anos e, desde então, crescemos quase dez vezes em faturamento e ampliamos em mais de 16 vezes o número de instituições atendidas. Foi uma parceria positiva para os dois lados e, em comum acordo, entendemos que recomprar esse equity seria importante”, afirma Danilo.

Segundo a edtech, a negociação foi feita “a um bom custo”, garantindo retorno para a Faber e fortalecendo a operação da Layers. “Com isso, conseguimos manter praticamente o mesmo percentual de participação, sem precisar de uma diluição significativa”, completa o CEO. Ele destaca que a rodada de R$ 21 milhões preserva a autonomia dos fundadores na condução da Layers.

A canadense Constellation, nova investidora da Layers, é especializada em adquirir, gerenciar e desenvolver softwares e serviços voltados a nichos específicos dos setores público e privado. Entre suas movimentações recentes, estão a compra da healthtech brasileira Pixeon, realizada por meio da subsidiária Vela Latam em setembro de 2025, e a aquisição da Sysopen, em julho do mesmo ano. No início de 2025, a empresa também concluiu a compra da Calpine, operação que a consolidou como uma das maiores produtoras de energia limpa dos Estados Unidos.

A Layers também tem entre os seus parceiros a norte-americana Clever, com quem anunciou uma parceria em março de 2025 para acelerar a expansão do mercado educacional na América Latina. A colaboração facilita a integração de dados escolares, o desenvolvimento de novas tecnologias e a inclusão de outras edtechs locais no ecossistema do SuperApp da Educação, ampliando a oferta na região.