A Layers Education, startup que desenvolveu um SuperApp com soluções e ferramentas digitais para instituições de ensino, acaba de dar seu primeiro passo fora do Brasil. Exclusivamente ao Startups, a edtech anunciou sua chegada ao México e o lançamento de seu primeiro projeto internacional, em parceria com a Lírica, empresa que se dedica à fusão da educação com a tecnologia para apoiar a transformação digital de escolas latino-americanas.
A aproximação entre as empresas começou há pouco mais de dois anos e se fortaleceu por meio de um investidor em comum, a SQUARE Knowledge Ventures. “Passamos a ter trocas constantes, porque um dos serviços que a Layers já oferecia no Brasil era exatamente o que a Lírica estava desenvolvendo no México”, afirma Danilo Yoneshige, CEO da Layers. “Com o tempo, a Lírica percebeu que criar uma solução do zero não faria sentido, devido ao alto custo de desenvolvimento e ao tempo necessário para entrar no mercado. Percebemos que poderíamos acelerar esse processo ao unir forças em um projeto conjunto”, explica.
Com a parceria, a Lírica passa a atuar como distribuidora da Layers fora do Brasil, disponibilizando uma equipe local para atendimento, comercialização e desenvolvimento de mercado, o que ajudará a edtech a se consolidar no México. “Montar uma nova operação do zero seria um grande desafio”, reconhece Danilo. “A Lírica já possui essa estrutura e expertise. Assim, conseguimos garantir que a qualidade do serviço que oferecemos no Brasil se mantenha nos demais países, aproveitando o know-how da Lírica para realizar uma expansão estratégica.”
Segundo Pablo Doberti, CEO da Lírica, empresas brasileiras costumam enfrentar desafios comuns ao tentar expandir para outros países da América Latina. “O Brasil, por si só, já é um país enorme, com muitas oportunidades a serem exploradas internamente. Além disso, existem diferenças culturais e de idioma em relação aos outros países, o que pode dificultar a entrada nas regiões vizinhas”, observa. “Depois de viver 11 anos no Brasil e passar a vida em diferentes países latinos, conheço bem essas duas realidades e acredito que posso ajudar a Layers a levar sua tecnologia educacional para o restante da região”, destaca Pablo.
Antes de fundar a Lírica, Pablo atuou no conselho de grandes grupos educacionais, como Arco, Santillana e Colégio Oswald de Andrade, além de ter criado a startup Vivadí, que, em 2022, se fundiu com a edtech Voa. Já Danilo Yoneshige, CEO da Layers, foi coordenador educacional do Zoom e professor de tecnologia educacional no Colégio Dante Alighieri, em São Paulo.
Mercado promissor
“Os mercados educacionais na América Latina são praticamente idênticos”, avalia Pablo Doberti, da Lírica. “Embora cada país se veja como único, as semelhanças são muitas: o nível de evolução tecnológica, o perfil dos alunos em escolas particulares, o papel das instituições, a atuação do governo e até mesmo as grades curriculares”, explica.
Fundada em 2021, a Lírica iniciou suas operações com 19 escolas em sua base e planeja expandir para mil instituições de ensino nos próximos três anos. Já a Layers, criada em 2018, atende atualmente mais de 1.600 instituições, 18 redes de ensino e 800 mil alunos. Ambas as empresas fazem parte do promissor mercado das edtechs, startups que desenvolvem soluções tecnológicas voltadas para o setor educacional.
Atualmente, a América Latina conta com cerca de 900 edtechs ativas, que juntas arrecadaram aproximadamente US$ 600 milhões desde 2015, segundo o Report EdTech 2024, realizado pelo Distrito. O levantamento aponta o Brasil como o principal mercado da região, concentrando quase 70% do total de edtechs e cerca de 80% do volume de investimentos. “É um mercado muito expressivo, com bastante espaço para que as tecnologias brasileiras avancem fronteiras”, afirma o CEO da Layers.
Segundo Danilo, a expectativa é conquistar 20 mil alunos no México ainda no primeiro ano de operação e avançar para o mercado argentino nos próximos meses. “Com isso, começamos a estruturar um crescimento bastante significativo para, em um segundo momento, avaliar novas possibilidades de entrada em outros países da região. Além disso, estamos explorando outras oportunidades, ainda que de forma embrionária, estudando uma parceria com um canal nos Estados Unidos para participar do ciclo de venda deles em 2025”, conclui.