A startup Layers Education firmou uma parceria com a norte-americana Clever para impulsionar o mercado educacional na América Latina. A colaboração entre as empresas busca oferecer uma infraestrutura tecnológica avançada para escolas e criar novas oportunidades para edtechs internacionais que desejam atuar no Brasil, garantindo segurança por meio de uma plataforma integrada e consolidada.
“Estamos adaptando a normalização de dados ao cenário brasileiro, garantindo que esses dados possam ser estruturados e consumidos por qualquer edtech americana. Com isso, criamos um ecossistema integrado com mais de 4 mil edtechs, que poderão ser contratadas por escolas no Brasil e na América Latina”, afirma Danilo Yoneshige, CEO da Layers, em entrevista exclusiva ao Startups.
Na prática, a colaboração acelera a integração dos dados escolares, além do desenvolvimento de novas tecnologias e da inclusão de outras edtechs locais no ecossistema do SuperApp da Educação, da Layers, ampliando a oferta na América Latina. A projeção é atender 3,5 milhões de estudantes e alcançar uma receita de R$ 1,3 milhão neste primeiro ano de parceria.
As escolas atendidas pelas empresas terão acesso a funcionalidades como o Single Sign-On (SSO), que possibilita o uso de um único login e senha para diferentes plataformas, eliminando a necessidade de múltiplos acessos. Além disso, poderão utilizar o inédito sistema de ensalamento automático (Rostering) da Layers, que automatiza o cadastro de estudantes, professores e turmas, sem a necessidade de intervenções manuais.
O projeto está em operação no Brasil desde setembro de 2024, em fase beta, atendendo mais de 50 escolas e 6 mil alunos do ensino fundamental II e médio. “Os resultados já indicam melhorias nos processos de normalização dos dados, maior celeridade nos acessos e simplicidade no uso das plataformas educacionais”, afirma Danilo.
Visão de futuro
Com mais de 100 mil escolas em seu ecossistema global, a Clever tem a missão de conectar todos os estudantes a um mundo de aprendizado. Para isso, a empresa norte-americana oferece soluções que criam experiências de aprendizado digital seguras, incluindo uma plataforma para escolas e uma rede de provedores de aplicativos líderes, comprometida em avançar a educação com tecnologia que funcione de forma segura para estudantes e instituições de ensino. A startup foi adquirida pela Kahoot, plataforma de aprendizado baseada em jogos, em 2021, por US$ 500 milhões.
Já a Layers foi fundada em 2018 em São Caetano do Sul (SP) e hoje atende mais de 1.600 instituições, 18 redes de ensino e mais de 800 mil estudantes. A edtech é responsável pela criação do Layers Education SuperApp, que unifica os recursos e soluções digitais utilizados por instituições educacionais, alunos e famílias em um único ambiente online, acessível com apenas um login, tanto no computador quanto no celular.
Desde o início, a startup brasileira mantém uma relação próxima com a Clever. “Trocamos experiências de mercado e, com o tempo, identificamos uma oportunidade. Enquanto a Layers poderia contribuir com sua expertise em tecnologia mobile, a Clever, que na época ainda era focada em desktop, poderia nos ajudar a acelerar nosso crescimento”, conta o CEO.
Segundo Danilo, a parceria com a Clever visa solidificar a relação da Layers com “a maior edtech global no maior mercado de educação”. “A prioridade para 2025 é fortalecer ainda mais a parceria, lançar a solução para todo o mercado e aproximar nosso ecossistema de outras edtechs que desejam integrar dados da área pública com a Layers. Além disso, queremos abrir portas para edtechs internacionais que ainda não conseguiram entrar no Brasil, e possibilitar que startups brasileiras se internacionalizem nos Estados Unidos, uma vez integradas à Layers e à Clever.”
No entanto, o executivo descarta a possibilidade de uma fusão ou aquisição com a empresa estadunidense. “O M&A está longe de ser uma discussão. Não é o objetivo da Layers, não faz parte dos planos da parceria — que é um acordo comercial — nem foi cogitado esse tipo de ação”, pontua.
Embora não seja interesse para a Layers, o executivo reconhece que a Clever possa ver a colaboração de outra forma. “De certa maneira, pode haver interesse por parte deles. Mas eu costumo brincar dizendo que meu sonho é, um dia, eu comprar a Clever”, diz.
Sem entrar em muitos detalhes, Danilo afirma que a Layers tem buscado oportunidades de investimentos, com foco na expansão para a América Latina, especialmente no México e na Colômbia. A proximidade com a Clever serve como um ponto de partida para uma expansão futura nos Estados Unidos, ainda que este seja um plano de longo prazo.
“O mercado está cada vez mais voltado para o uso de tecnologias digitais na educação, e nosso objetivo é normalizar os dados da educação pública no Brasil para que qualquer edtech possa consumi-los de maneira estruturada e estratégica”, conclui o CEO.